
De onde eles vêm?
São tantos para tão pouco espaço.
Dos secos a cada instante de festa organizam-se em pares,
São tantos para tão pouco espaço.
Dos secos a cada instante de festa organizam-se em pares,
em trios,
em grupos,
em gritos velozes pelo tronco,
feio facas afiadas ao alvo giratório.
Não paravam enquanto todos não estivessem sobre-cabeças.
Desviavam-se...
E eu ali,
Não paravam enquanto todos não estivessem sobre-cabeças.
Desviavam-se...
E eu ali,
permanentemente impermanentemente
Cada vôo, imperceptível
À boca do abismo celeste
Cada vôo, imperceptível
À boca do abismo celeste
ao som de uma gritaria de felicidade.
Várias medalhinhas verde-escuro
Várias medalhinhas verde-escuro
verde-claro saltitavam sobre mim
e ao redor de mim numa fúria de vida.
Não resistia à música-celebração.
Não resistia à música-celebração.
O rei não estava mais e ninguém percebeu.
Seu castelo havia despedaçado.
Cada parte tinha seu herdeiro no mundo.
Passávamos à Rua das Cobras
onde as luzes levantavam-se vagarosamente,
perturbando o bradoemudecido.
E o rei cortejava a felicidade imanente,
E o rei cortejava a felicidade imanente,
“a vitória hoje de ambos, animou-me.
Orgulhei-me de minha ausência...
Mas, ninguém anotou o acontecido
– vida constante pulsando,
inspecionada a cada monumento adormecido”.
Cheirava sabonete doce-de-rosas,
Cheirava sabonete doce-de-rosas,
o doce que nos acompanhava...
a música para fora do ouvido
enchia tudo de flores rotativas ao longo da espinha,
estavam em ti,
estavam em mim...
A escuridão avançava no escrevedor-do-campo,
A escuridão avançava no escrevedor-do-campo,
enobrecia as horas curvadas ao linho do papel amarrotado,
deixava passar-se e ficar,
permanecer,
eternizar-se fugazmente.
O capim esculpido devorava o resto do dia,
num assombro de fome de viver.
O mármore sobreveio,
olhou-me,
sorriu,
virou pó...
poeira em narinas alheias.
Continuavam chegando,
Continuavam chegando,
em pares,
em trios,
em grupos,
em bandos.
Ao barulho da festa
Ele se punha em movimento regressivo-progressivo.
Voltara o Verbo,
feliz no perfume do sabonete doce-de-rosas.
O anjo da Anunciação pôs o rosto fora do esgoto,
O anjo da Anunciação pôs o rosto fora do esgoto,
escorreu céu acima com tamanha facilidade,
não sobrou nem o bagaço da laranja!
Grafia imutavelmente colorida e absoluta!
Passados vinte e quatro daquele momento,
Passados vinte e quatro daquele momento,
o Tempo perdido da esfera-irmã quis aguardar,
mas todo mundo já havia empuleirado-se,
Foram embora
Foram embora...
Foram embora...
Menos tu,
Menos eu...
Outro dia,
Outro dia.
Katiuscia de Sá
Belém, 04 de maio de 2009.
Foram embora...
Foram embora...
Menos tu,
Menos eu...
Outro dia,
Outro dia.
Katiuscia de Sá
Belém, 04 de maio de 2009.
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