“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Operário das Letras



Eu não tenho uma história... tenho várias. Em todas elas sou apenas um espectro. Um escritor não vive... é prisioneiro de seu próprio Tempo, um Tempo liberto de qualquer perspectiva. Está solto... está ‘entre’, é um Lugar onde só um escritor pode habitar... e por isso é pessoa solitária pela Terra. Está fadado a sofrer de angústias que necessitam escrever-se. Toques do invisível sensível sentimento de sensação. Não tem cura ou outro caminho, senão ceder... conceder-se essa pena da escrita de vozes que não têm expressão, a não ser pela mente imaginativa e vidente que só o escritor possui. Se foi prêmio, se foi sina... não sei dizer. Apenas cabe ao operário das letras fazer o que lhe foi confiado: escrever...

[Katiuscia de Sá – 25/12/2013, 20:31h]



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A Música de Deus



“De onde vem essa revolucionária associação entre a matemática e o divino? Uma das primeiras descobertas dos pitagóricos, em geral atribuída ao próprio Pitágoras, foi a relação entre intervalos musicais e proporções numéricas simples. Os intervalos básicos da música grega podem ser expressos como razões entre os números inteiros 1, 2, 3 e 4. O tom de uma lira (ou, para nós, de um violão), quando ferimos uma corda apertando-a na metade de seu comprimento, é uma oitava mais alto do que o tom da corda soando livremente; se ferimos a corda apertando-a a 2/3 do seu comprimento, o tom é uma quinta mais alto; a 3/4, uma quarta mais alto. Com isso, os pitagóricos mostraram que era possível construir toda a escala musical com base em razões simples entre números inteiros; números, e razões simples entre eles, explicavam por que certos sons eram agradáveis aos ouvidos, enquanto outros eram desagradáveis.13 A matemática passa a ser associada à estética, os números, à beleza. Essa descoberta tem uma enorme importância histórica: pela primeira vez a matemática é usada para descrever uma experiência sensorial, ou seja, como veículo de estudo da mente humana. Em inúmeros rituais do passado e do presente, a música sempre foi utilizada para induzir estados de transe capazes de abrir as portas da percepção espiritual. Para os pitagóricos, a explicação para esse poder mágico da música estava nos números. A sensação de harmonia não se devia simplesmente a sons agradáveis aos ouvidos, e sim a números dançando de acordo com relações matemáticas. Os números também eram representados por formas geométricas. Por exemplo, o número 4 era um quadrado (imagine os quatro vértices de um quadrado), enquanto o número 6 era associado a um triângulo (imagine os três vértices de um triângulo e adicione um ponto no meio da linha que une os três vértices). A adição de números quadrados produz números quadrados ou retangulares, como em 4 + 4 = 8, e a série de números quadrados é obtida adicionando números ímpares sucessivamente, 1 + 3 = 4 + 5 = 9 + 7=16 + 9 = 25, e assim por diante. Essas relações entre números e formas geométricas levaram à descoberta do famoso teorema de Pitagoras: a soma dos quadrados dos catetos de um triângulo retângulo é igual ao quadrado da hipotenusa. Curiosamente, parece que Pitagoras não foi o responsável pela invenção desse teorema. Para os pitagóricos o número 10 era considerado mágico. Eles o chamavam de tetraktys (nome derivado do número 4), já que podia ser obtido ao somarmos os quatro primeiros números, 1 + 2 + 3 + 4=10. Note que esses são precisamente os números envolvidos nas escalas musicais, o que, para os pitagóricos, não era nenhuma coincidência; apenas o número sacro é capaz de descrever a verdadeira natureza da harmonia. E aqui os pitagóricos dão um passo gigantesco em direção ao desenvolvimento das ideias que podemos chamar de precursoras da ciência moderna: eles estenderam sua noção abstrata da harmonia dos fenômenos que ocorrem na escala humana aos fenômenos na. Escala celeste. Segundo os pitagóricos, o Sol e os planetas, com sua beleza majestosa, devem satisfazer às mesmas leis harmônicas que induzem a comunhão dos humanos com o divino através da música. Eles acreditavam que as distâncias entre os planetas devem obedecer às mesmas razões entre números inteiros satisfeitas pelas notas da escala musical. Ao girar em torno da Terra em suas órbitas, o Sol e os planetas gerariam uma melodia cósmica, o sistema solar se transformando em um gigantesco instrumento que ressonaria a música divina, a harmonia das esferas celestes. Aparentemente, apenas o Mestre era capaz de ouvir a música celeste. Isso, no entanto, não representava um problema para os pitagóricos, que respondiam orgulhosos que “o que acontece com os homens é o que acontece com o ferreiro, tão acostumado com o constante bater de seu martelo que nem é mais capaz de ouvi-lo”. Como nascemos ouvindo a música das esferas, somos incapazes de ouvi-la. Sejamos ou não surdos para as harmonias celestes, o que é crucial aqui é que os pitagóricos iniciaram uma nova tradição no pensamento ocidental, a busca de relações matemáticas que descrevem fenômenos naturais. Essa busca representa a essência das ciências físicas”. 

['A Dança do Universo: dos mitos da Criação ao Big Bang' – Marcelo Gleiser, pg. 55 – 57]



MINHA ORAÇÃO DE NATAL

*Para M: Feliz Natal meu amorzinho... Feliz Natal, minha vida.




A minha oração de Natal
Vai para meu amor
Que está longe de mim.
Peço a Jesus-Menino
Para levá-lo esses versinhos
E que Meia-Noite
Passe no céu
Uma estrela cadente,
Riscando no escuro
Das estrelas, o meu pedido:
Que minhas lágrimas de saudade
Transformem-se em folia
No momento quando nossos olhares
Cruzarem a nossa estrela-guia!
A minha oração de Natal
Vai para meu amor
Que está longe de mim.
Peço a Jesus-Menino
Para abençoar-nos
Com uma musica de harpa
Uma melodia infinitamente bela,
Unindo de vez nossos corações
Feito luzinhas brilhantes
Em cima de todas as árvores de Natal.
E cada cor piscando
Se transforme nos beijos
Que cobrirei meu amado
Quando ele chegar.
A minha oração de Natal
Vai para meu amor
Que está aqui...
Bem dentro de mim
Na lembrança de seu rosto
Branco de sorriso brando...
A minha oração de Natal
Vai para meu amor
Que levou meu coração
Para não chorar também
Tão distante de mim...


[Katiuscia de Sá – 24/12/2013, às 21:09h]





domingo, 15 de dezembro de 2013

UM SOL DESGOVERNADO



Quem foi tolo o suficiente para deixar-se carregar pelo vento?
Foi aquele, que por tortura do Tempo,
Ergueu os olhos para o Além
E de seu corpo fez transporte de poesias:
Escreveu em sua própria pele
Estava nela toda sua existência.
Passados mil anos e não mais que isso...
Decidiu ler todas as paginas.
Arrancou pele sobre pele, para ler o final da estória
Queria ele conhecer o segredo da vida.
Quando na última página chegou,
Estava mais do que nu,
Brilhava feito um sol desgovernado
Resplandecente e selvagem como no inicio do dia
Escondida, lá uma pergunta havia:
Quem foi tolo o suficiente para deixar-se carregar pelo vento?
Aquele página rasgada deixava escapar umas letras
– Feridas abertas que não cicatrizavam
E delas saiam suas raízes a se alastrarem pelo mundo
E estas, felizes, subiam em direção aos céus.
Não sabiam ser pessoas, lembranças, ou desejos
Sabiam sim, ser o que eram.
Queriam elas conhecer o segredo da vida.
Então de seu corpo fez transporte para as coisas:
E numa bela noite solitária
Encontrou outra estória entrelaçada
Escrita sobre a pele de alguém,
Alguém que também sabia quem era,
Que tinha suas páginas rasgadas
Pois escrevera em sua própria pele
Passados mil anos e não mais que isso,
Fez de seu corpo transporte de poesias.
Queria conhecer o segredo da vida.
E quando na última página chegou,
Estava mais do que nua,
Brilhava feito um sol desgovernado
Resplandecente e selvagem como no inicio do dia.


Katiuscia de Sá
12 de Dezembro de 2013, às 10:59h.