“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sim... a resposta, com toda minha felicidade e força de Vida, sempre foi "SIM"!!!!




“Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse Amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse Amor, eu não seria nada. Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse Amor, isso não me adiantaria de nada.

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Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém faz o que é errado, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém, suporta tudo com fé, esperança e paciência.”

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CORÍNTIOS 13.1-8

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"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo".


[Alberto Caeiro]


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SEUS VERDES OLHOS - II



Esses verdes olhos
em marés salgadas
Alguas doces...

Eu;
Meu destino
Salgado
Alto mar

verdes mares-olhos
Algas ressacadas

Teus verdes olhos chuva de rio
Apertam meu pesar...

O "estranho" foi um vento bondoso
Nas pedras a me guiar

Ciúmes são pequenos Exús
Divertindo-se nas pedras

Entendes?

Meu coração não me pertence
Pertence àquele que o conseguir tocar...



Katiuscia de Sá
26 de fevereiro de 2011
Salvador/BA

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dzi Croquettes




Ahhhhhhhhhhhh!
Assisti o documentário ontem!

\o/ A-do-re-i!
Impressionantes!

A maquagem, as performances, a coragem, a loucura...
Nossa! Artistas corajosos que marcaram muitas gerações de artistas nacionais.
Quem ainda não conhece, deve conhecê-los...


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

SEUS VERDES OLHOS



Meu coração ontem pulou um abismo,
um estranho me ajudou.
Agora, este coração, eu afirmo,
é daqueles verdes olhos silenciosos
Que meu coração contentou...

Katiuscia de Sá
18/02/11
Salvador/BA

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

nova morada... (*fotos: Google)





Gostei!
Povo bastante comunicativo.
Muito positivismo cotidiano.
Bastante "AXÉ"...
Cidade colorida...
Praias de água salgada.
Muita ladeira e escadas...
Eita fôlego!
^^
O engraçado é que minha adaptação foi literalmente estantanea... Sai de Belém de madrugada, cheguei de manhã bem cedo em Salvador, já totalmente exposta à rua... observando as pessoas e assimilando o ambiente.

Algumas ruas do centro me lembram muito a Av. Nazaré, algumas ruasinhas do Reduto, e outras da Cidade Velha... e o sol, é realmente potente por aqui! Tal qual em Belém, sendo amenizado pela brisa oceânica que percorre toda cidade.

Quando caminho pelas ruas de Salvador, sinto-me como se estivesse praticando um exercicio básico de Teatro, um em que se caminha olhando nos olhos dos demais (isso para perdermos a timidez e melhorarmos nossa autoconfiança e estima). Aqui na Bahia os transeuntes olham a gente diretamente nos olhos... com um ar de cumplicidade e reconhecimento. Adorei isso! Outra coisa que estou achando fantástica, é que as pessoas são altamente verbalizadas, expressam-se claramente através da fala e são espontâneas.

Desde segunda-feira ultima, venho passado por diversas experiencias que estão sendo benéficas e importantes para meu desenvolvimento pessoal e espiritual.


Katiuscia de Sá
São Salvador/BA
15 e 18 de fevereiro de 2011.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Belém – Relatório Final


Nesta última terça-feira, estive me revisitando... Foi emocionante reencontrar objetos, cartas e fotos que representam recortes de minha vida. Reencontrei cartas que trocava com minha ‘irmanzinha’ Lanita, cartinhas que trocava com minha priminha Jennifer, na época de minha infância. Épocas delicadas, mas cheias de magia pessoal.

Na verdade eu sempre fui muito ‘solta’ em relação aos meus familiares e amigos, não sou em nenhum grau possessiva...; encaro minhas relações interpessoais algo como uma quase distração, e mesmo assim, amo cada um de maneira distinta e única.




Nesta quarta-feira (09), curti minhas ultimas horas de recreio com meu melhor amigo (Rogério) e também visitando outra pessoa que tive o privilegio de conhecer aqui em Belém (d. Dulce Rosa de Bacelar Rocque), pessoa boníssima, divertida, com senso crítico, de extremada cultura, fantástica persona! Rogério e eu desfrutamos de sua amável companhia, naquela pitoresca e chuvosa tarde.

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Essa semana está sendo a mais intensa de todas já vividas em Belém, pois estou dispensando atenções especificas e intransferíveis, despedindo-me de meus amigos. Entretanto, mesmo celebrando, as lágrimas nos olhos são inevitáveis. Conversando com d. Dulce, perguntei-lhe se quando ela esteve em exílio na Europa, ela pensava em Belém; sua resposta foi contundente: “fiquei exilada durante trinta e cinco anos, e eu chorava todos os dias...” Naquele momento comunguei da mesma dor de d. Dulce, pois ela não podia retornar quando quisesse, eu sim, porém sei que não retorno a Belém tão cedo...





Mesmo na certeza de conhecer novos amigos, conhecer nova cultura... as pessoas de lá não falam “ali no canto...”, como as daqui. As pessoas de lá não me dirão “ei mana, deixa de pavulagem...”, com as daqui; não bebem açaí. Meu Deus, o açaí nosso de cada dia! Não saboreiam bombons de cupuaçu..., não me exclamarão: “égua, menina!”

Meu Deus... como eu amo minha cidade, minha cultura parauara, meu corredor de mangueiras da Presidente Vargas; como adoro as matinês do Líbero, do Olympia... e as mangas que a gente topa em pleno meio das ruas, tão saborosas... adoro até ficar igual a um pinto molhado por causa dos torós da tarde.




Ficarei com saudades dos anjos e lápides do Soledad, do Santa Izabel... com saudades da maresia da Baia do Guajará, dos pô-pô-pôs nas beiras do rio que rodeia a cidade. Ficarei com saudade do Ver-O-Peso, do Theatro da Paz, do Waldemar Henrique... Mas não fecho meus olhos frente aos problemas sociais e também de depredação do patrimônio publico. Não ignoro que a população deveria zelar mais pela cidade de Belém, reeducando-se em relação ao lixo jogado no chão... enfim, problemas que (acredito) com o passar das gerações, ir moldando-se, com a conscientização coletiva rumo a uma evolução comportamental.

Meu Deus querido, essa está sendo o rito de passagem mais penoso pelo qual estou passando. Sinto-me como a garotinha que fui outrora, agarrada ao abraço aconchegante de minha querida vózinha...



Agradeço aos meus amigos pelos bons momentos; pelos conselhos; pelos abraços; pelos votos de ‘boa sorte’; pelos sorrisos; pelos recortes de vida compartilhados; pelas brigas; pelas reconciliações. Agradeço aos professores e funcionários da ETDUFPA (que me aturaram...rs); agradeço principalmente ao carinho, amizade, aprendizados e conselhos valiosos de dona Nilza (Maria); agradeço ao povo de Belém; agradeço ao sol escaldante de Belém; ao toró maciço de Belém... sim, sou dramática... afinal, sou atriz! Está no meu âmago, não adianta...



Mesmo em tom de brincadeira séria, não virarei estátua de sal. Que tudo esteja em seu lugar quando eu voltar (que vai demorar um tempo...), mas irei voltar para continuar minha missão nesta cidade mitológica cravada em meio aos rios amazônicos. Voltarei preparada para o que me aguarda...

Adeus, minha amada Belém do Grão Pará.

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Katiuscia de Sá (09 de fevereiro de 2011).


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Arte de amar (auto-relato)

(Katiuscia de Sá)



Por viver freneticamente incontida em mim, minha dificuldade atual, e desespero talvez..., é estar apaixonada por um rapaz abstrato ao ponto dele quase não existir como na realidade em que conhecemos tangível... um dia li ou ouvi algo de algum pensador, cujo sentido era mais ou menos este: “o mais difícil é reconhecer o seu reflexo no espelho”. Pois bem, a principio não te reconhecia, pois tu me passava as mesmas sensações e dificuldades de relacionamento que eu passei para os outros, antes de ti, e eles também não entendiam... “piravam” e se irritavam comigo e por fim, desistiam. Um castelo de seda é bonito de se ver, mas quando se toca ele perde a forma.

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Convenhamos, acredito que a maioria dos meus amigos mais íntimos já percebeu que eu realmente não reajo a estímulos negativos. Acredito e sinto, que minha persona/essência/espírito... o que queiram denominar, está desvinculada de toda forma de aprendizado através da opressão ou algo similar. Então, por favor, modere...

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Outra coisa, compreendo a importancia de se estar em "sintonia" um com o outro, porém, isso é algo praticamente impossível para alguem fazer em relação a mim, devido meu próprio estado de "inatenção frequente". Como todos meus amigos e pessoas próximas sabem, sou do tipo de gente que "vive no mundo da Lua...". Constantemente estou áerea, com o corpo em um lugar e a mente em vários outros... ou seja, é mais coerente (e eficaz) conseguir algo comigo, verbalizando. Esse é o caminho perfeito e sadio para se construir uma relação harmônica comigo.

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Para mim está sendo insanamente inebriante entrar em contato com esse aspecto sentimental das entranhas, sem necessariamente viver o que se sente. É deveras estranho, pois meus sentidos amam alguém que necessariamente não toquei, ou senti pelas vias normais. Na literatura filosófica, isto se chama “amor platônico”, tu melhor do que eu, sabe do que falo.

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Sinceramente acho-me demasiadamente madura demais para ter que passar por esse tipo de “amor”, na altura de meus trinta e cinco anos incompletos... ainda mais ter que suportar esses pequenos ataques de mudez por parte “do outro”. Está muito claro, compreendo que meu comportamento audaz, às vezes (aliás, normalmente) espanta os rapazes... entretanto, nesse caso especifico, estou caminhando passo-a-passo, como sugere o individuo abstrato que a vida encarregou-se de por no meu caminho.

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O que fazer? Não é a primeira vez que tenho de frear-me... na verdade nunca quis me (re)configurar pelo outro... Talvez seja necessário contigo, pois apenas contigo permito que me faças isso. Outro homem, não! Já sinto a delicadeza de apenas contemplar seus olhos, de entrar pela sua pede e pêlos apenas pelo manifesto de meu olhar em sua pessoa. Já consigo através do pensamento, da lembrança tua mantê-lo vivo em meu peito. Seu rosto ilumina-se quando te vejo sorrir. Sim... conseguiste.

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Do seu jeito distraído e quase indefeso, conseguiste. O medo do primeiro instante desvencilhou-se. Passado o primeiro susto, consigo enxergar-te tão etéreo e ao mesmo tempo presente. És lindo... lindo na concepção máxima da palavra.

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Gostaria de juntar a esse relato um pequeno trecho de um livro fantástico que explana acerca do teatro antropológico: “eu não me sinto ligado a um lugar físico, nem a uma nação como entidade geográfica ou como receptáculo de determinadas tradições. Sinto-me ligado a um país particular: o país da velocidade. Uma condição que não se identifica com a paisagem que estou atravessando, nem com as pessoas que me rodeiam. Esta velocidade não tem nada haver com o espaço, nem com os lugares físicos (...). Se vivo no país da velocidade, se este país existe de verdade, se não é só uma frase sugestiva, onde se encontra? Está perto de mim, em meu centro, à minha volta, em meu corpo. Meu corpo é meu país. O único lugar no qual Eu Sou sempre.” (BARBA, Eugênio. Além das Ilhas Flutuantes. Tradução: Luís Otávio Burnier. HUCITEC: São Paulo, 1991 – pg.92)

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Se terminastes de ler isso aqui, deves estar agora sorrindo vitorioso, aquele sorriso que gosto de ver iluminado em teu rosto. Sim és vitorioso. Somos ambos vitoriosos.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ENTROPIA - O MANIFESTO



Os momentos de escuridão estão por terminar. A movimentação no subsolo há muito já iniciou, e não cessará enquanto a ultima erva daninha não for arrancada e jogada ao fogo! As mãos dos lavradores também não cansarão até que a ultima maçã podre seja retirada do cesto e jogada fora.

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A revolução já iniciou; minha *geração, mesmo após a diáspora, continua o trabalho nos campos. Os que vão à frente arrancam pelas raízes os troncos velhos das arvores infrutíferas, lançando ao fogo toda podridão de idéias antigas. Atrás caminham bem dispostos, os homens e mulheres com suas pás de renovações e enxadas de ações para assentarem as terras. Em seguida desses, os que trazem no coração, a semente da esperança e Arte, que no tempo certo e previsto, suas flores belas e adultas sorrirão para os bons tempos que minha *geração e eu partilhamos.

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E na quebrada do mar em fúria, todas as mentiras serão descobertas, e nossas vozes decantarão toda a escuridão numa única voz: Evolução!


Se hoje o trabalho é árduo e difícil, ontem o foi ainda mais. Entretanto, todas as sementes da minha *geração germinarão frutos e muita sombra. Os primeiros lavradores lançam-se pelos campos com sorriso farto e disposição inabalável. Em vários pontos, simultaneamente, a Vida vai se movimentando...

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Os primeiros jardineiros reconhecem-se pelo verde perfume contido na Palavra segura em suas mãos. E desse modo, cada um concluirá seu trabalho. Todos estaremos presentes naquele banquete, e a fome de Cultura não terá mais tempo.

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Katiuscia de Sá

04 de fevereiro de 2011



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eros e Psique


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.


~Fernando Pessoa~

*Votos Partidos








"Era tarde a noite passada
o cão falava de ti,
o pássaro cantava no pântano,
falava de ti.
Tu és o pássaro solitário na floresta
talvez estivesses sem companhia
até me encontrares

Tu me prometeste, e mentiste
disse que estaria junto de mim
quando os carneiros fossem arrebanhados.
Eu assoviei e gritei cem vezes,
e não achei nada...
a não ser uma ovelha balindo.

Tu me prometeste algo difícil,
um navio de ouro sob um mastro prateado,
doze cidades e um mercado em todas elas
e uma branca e bela praça à beira-mar.

Tu me prometeste algo impossível,
que me daria luvas de pele de peixe
e sapatos de pele de ave
e roupa da melhor seda da Irlanda.

Minha mãe me disse para não falar contigo
nem hoje,
nem amanhã,
nem domingo...
Foi um mau momento para dizer-me isso...
Foi como trancar a porta após a casa arrombada...

Tu tiraste o Leste de mim
Tu tiraste o Oeste de mim
Tiraste-me o que existe em minha frente
Tiraste-me o que há atrás...
Tiraste-me a Lua
Tiraste o Sol de mim

E o que mais eu tenho medo...
Tu tiraste Deus de mim..."



*Poema recitado no filme "Os Vivos e os Mortos” - 1987
De John Huston, baseado no conto “The Dead” de Os Dublinenses de James Joyce
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