Desceu as escadas do céu e foi o espermatozóide mais fecundo daquela manhã.
E esse espermatozóide correu na maior velocidade possível por dentro dela; virou um pequeno cometa no espaço interior e encontrou morada provisória no óvulo de sua futura mãe.
E quando a união sagrada formalizou-se, houve música.
Algo de divino se processava no interior daquele pequeno corpo. Aí eu nasci, num pôr-de-sol qualquer. Tive medo desse novo mundo e à medida que os anos passavam, meu medo de infância justificava-se.
Nasceu mais um pedacinho de Amor e o mundo simplesmente o desprezava...
Quando cresceu, tentou buscar fora tudo aquilo que havia dentro de si. Simplesmente não encontrou.
E as asas que, geneticamente, eram suas de direito, foram-lhe arrancadas... restando-lhe somente uma forma de voar: as Artes.
Hellen Katiuscia de Sá
30 de março de 2006