“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Exibição de meus curtas!


Neste sábado (28) a partir das 19h no CENA ABERTA, serão exibidos os meus curtas:
O FORASTEIRO
A CASA
CINEMA OLYMPIA - 100 ANOS DE MAGIA (documentário em animação)

15º CENA ABERTA

Com extenssa programação cultural (teatro, dança, música, instalações)
Prestigiem!

LOCAL: Escola de Teatro e Dança da UFPA
Rua Jeronimo Pimentel, esq. com Dom Romualdo de Seixas.
(sala de interpretação - Teatro Universitário Claudio Barradas).
ENTRADA FRANCA!

Confira a programação completa do 15º CENA ABERTA:

~PROGRAMAÇÃO~

TEATRO UNIVERSITÁRIO CLÁUDIO BARRADAS – duas apresentações - 18:00h e 20:00h

The Dream – Dança (1h) – em comemoração ao DIA INTERNACIONAL DA DANÇA
Coreógrafas: Ana Cristina e Rosana Rosário
Intérpretes: Alunos dos Cursos Livres de Dança, Técnico em Dança

HALL DE INTERNO – 20:30h

1. Eu, a solidão e o veneno – Teatro (8’)
Intérpretes: Melck Sedek Gaia Sá, Alessandra Azevedo.
2. Alcunha – Performance (8’)
Intérpretes: Josué Castilho

PALCO CENTRAL - Estacionamento - 19:00h

1 . Palhaçadas de Bailarinas – Academia Ollympica - Dança (2’)
Intérpretes: Daniele, Giovana, Yasmin, Larissa, Aimeé, Cecília, Denise Nogueira (coreografia)

2. O Corsário - Pas de Deux – Alunos do 1º ano da Graduação em Dança (3’)
Intérpretes: Lilian Raiol e Willame Diniz

3 . Carimbó “Paixão Marajoára” e Lundu “A sedução da Amazônia” – Grupo de Danças da Escola Maria Gabriela - Dança (10’)
Intérpretes: Karolayne Vilhena, Karine Vilhena, Márcia Letícia, Brienda Gomes, Jefferson dos Santos, Rodrigo Saraiva, Joyce Andreza, Mônica Araújo

4. Dance Mosqueiro – Grupo de Hip Hop do Instituto Ampliar – Dança (15’)
Intérpretes: Fabrício Martins, Flávio Martins, Aldair Nascimento, Adriano Oliveira, Aline Paulino, André Martins, Ney Josival, Maikon Lira Lima, José Cláudio Junior

5. Beija que passa – Grupo “Circo Teatro Imaginário” de Igarapé-Açu – Teatro (15’)
Intérpretes: Eliton Melo, Lais Eglezias, Zezinho Aguiar (Diretor)

6. Hindú A riqueza que vem do Oriente “Dola Re Dola” – Grupo de Danças Experimental da Escola Dilma de Sousa Cattete - Dança (8’)
Intérpretes: Ana Larrissa, Samily Silva, Ariadny Cristina, Raynnara Ribeiro, Débora Souza, Suelen Santos, Thamires da Luz Souza, Zaila Amaral, Nathália Kuhn, Raíssa Santos, Roney Matheus, Lewry William Carla Ferreira (Coordenação), Alex Wendell (Coreógrafo)

7. Manifestação Carnavalesca – Resultado da disciplina Manifestações Espetaculares Brasileiras - Alunos do 2º ano da Licenciatura em Dança - Dança (5’)
Professora: MSc Lúcia Uchôa
Intérpretes: Aline Cordeiro, Ana Carolina Malcher, Angélica Rodrigues, Bárbara Correa, Elen Rocha, Elma Guimarães, Evelin Silva, Heline Santos, Leidiana Ribeiro, Lorena Dantas, Marina Cruz, Nanssy Brandão, Raquel Rocha, Renata Macias, Roberta Castro, Thalita Aires

8 . Androginia - Companhia de Dança Ribalta - Dança (6’)
Intérpretes: Thiago Góes, Lilian Raiol

9 . Inspiração - Grupo de Dança Intelecto – Dança (10’)
Intérpretes: Beatriz Maciel, Brenda Sousa, Gabrieli Pinto, Giovana Souza, Livian Silva, Maria Pedroso, Sara da Costa, Stefani Oliveira, Taissa Santa Brígida, Yasmin da Silva, Direção: Silvana Farias, Alex Wendell e Elias Cordeiro da Silva

10. Hip Hop – Montagem Humana – C.G.C. Conexão Gangster City – Dança (10’)
Intérpretes: Smok, Rody, Pelezinho, Iory, Nego Brama, Brady, Gangster

11. Prelúdio – Dança (10’)
Intérpretes: Pedro Lucas, Taty Costa, Crysmy, Laura, Michelly, Karen, Greyson (violoncelista)

12. Sedução – Dança (3’)
Intérpretes: Pedro Lucas e Priscila

13. A Flor de Lótus – Dança (7’)
Intérprete: Alex Wendell

14 . Periféricos Performance (15’)
Intérpretes: Rafael Couto, Elise Vasconcelos, Ícaro Gaya, Andrea Apolinário, Mateus Moura, Eduardo Canto, Márcio Monteiro, Maurício Franco, Luiza Cabral

15. Fênix – Dança (4’)
Intérprete: Kellen Melo

16. Você e Eu - Dança (4’)
Intérpretes: Kellen Melo e Mauro Santos

17. Mantramazônia – Dança (10’)
Intérpretes: Bia Carneiro (dançarina e coreógrafa), Patrícia Vital (violoncello), Nazaco Gomes (percussão), Leo Chermont (arranjos eletrônicos)

18. Música para todos – Banda É essa que eu sei - Música (10’)
Intérpretes: Wilder Pandemônio (guitarra), Cassio Lopes (bateria), Anderson Macaxeira (baixo), Paulo Monteiro (vocal)

SALA 05 – 1º ANDAR - 20:00h

1 . Tarde demais – Dança (4’)
Intérpretes: Jéssica Silva e Letícia Cunha

2 . Poemas de João de Jesus Paes Loureiro – Leitura Dramatizada (15’)
Intérpretes: Gleydson Lima

3. Ameno: Fúria em dores explosivas – Performance (8’)
Intérpretes: Rafael Ferreira

4 . Sarau Contemporâneo - Música Falada - (15’)
Intérpretes: Antônio Mouro, Patrícia Vital, Leandra Vital

5. Os sonhos de Helena – Teatro (11’)
Intérpretes: Thainá Cardoso, Sofia Lobato, Gabriel Cunha, Uriel Pinho, Andrea Girard, Mariluza Barata, khaled Chedid , Karimme Silva, Diogo Arero, Sttefane Trindade.

6. O espelho do palhaço - Grupo Radio Vinil – Teatro (10’)
Intérpretes: Magno Neto, Miguel Morette, Maurício Dellaroche, Paula Nayara.

7. Hoxivana – Teatro (10’)
Intérpretes: Creuza Castilho.

8. Aborto? Dê uma chance à vida - Grupo Dramáticos em Cena – Teatro (13’)
Intérpretes: Cilmara Nahamias, Cely Borges, Carolyne Alves, Alexandre da Silva, Lu Rocha, Jaci Barros, Carlos Azevedo, Paulo Jaime, Marcelsom Martins, Shislene Pereira.
9. Regougo Africano – Performance Poética (12’)
Intérpretes: Apolo da Caratateua, Rande Franr, Vanessa Delgado


SALA DE INTERPRETAÇÃO – 2º ANDAR – 19:30h

1. Falando de mim - Resultado da disciplina Jogo Cênico - 2º ano do Curso Técnico em Cenografia – Teatro (30’)
Professora: Marluce Oliveira
Intérpretes: Ângela Carvalho, Apolo da Caratateua, Charlene Souza, Daniel Fernandes, Edu Blues, Jane Sombra, Magno, Maurício Dellaroche, Miguel Morette, Rosiane Prata, Starlone Souza, Vinicius Raposo, Walter Filho, Wilker Oliveira.

2. EXIBIÇÕES DE CURTA-METRAGENS – 20:30h

1. Ação e Reação – Curta-metragem ( 5’)
Autores: Mário Fernando, Júlio Cesar, Junior Ribeiro e Pedro Batista
2. Reverie - Curta-metragem (9’)
Autores: Cristian Farias Beijamin, Edir Costa.
3. Chamada perdida - Curta-metragem (3’)
Autores: Cristian Farias Beijamin, Edir Costa.
4. Nem tudo que reluz é ouro - Curta-metragem (3’)
Autores: Cristian Farias Beijamin, Edir Costa.
5. Vadião - Curta metragem (15’)
Autores: Cristian Farias Beijamin, Edir Costa.
6. Cinema Olímpia - 100 anos de magia - Curta-animação (11’)
Autor: Katiuscia de Sá
7. O forasteiro-curta-ficção - Curta-metragem (15’)
Autores: Katiuscia de Sá
8. A casa-curta-ficção- curta-metragem (5’)
Autores: Katiuscia de Sá

SALA DE CORPO – 20:00h

1. Descoberta do ouro – Alunos do Curso de Teatro Infantil - Teatro (3’)
Intérpretes: Yasmin Pantoja, Marcos Almeida, Perola Barbosa, Gustavo Barros, Caio, Yasmin Almeida, Gabriel Rodrigues, Yasmin Morais, Kaylanne Marques
2. A Santa Ceia – Alunos do Curso de Teatro Infantil - Teatro (3’)
Intérpretes: Vitória Novaes, Gabriel Santana, Lourdes Braga, Sofia Rocha, Ana Maria Lima, Gian Penariol, Yuis Alves
3. Os Operários - Alunos do Curso de Teatro Infantil – Teatro (3’)
Intérpretes: Perola Barbosa, Carlos Lima, Giovana Oliveira, Giovanna Costa, Cristal Rodrigues, Inâe Sena. Gabriela, Manuela Soares
4. Eu já não moro mais aqui – Teatro (7’)
Intérprete: Kauan Amoras
5. Fragmentos de nós – Teatro (15’)
Intérpretes: Diego Rocha, Adriene Carvalho, Jennifer Galdino, Nuely Borges, Allison Lugo
6. Descoberta – Teatro (15’)
Intérprete: Richard Callefa
7. Laje – Teatro (7’)
Intérpretes: Michel Amorim.
8. Tênis, acasos e memórias - Grupo Aquário – Teatro (5’)
Intérpretes: Ackson Fender, Diogo Arero, João Paiva, Larissa Leite, Caled Garcês.
9. Fragmentos de nossas vidas – Teatro (20’)
Intérpretes: Leonardo Bahia, Juliana Nogueira, Leonardo Andrade, Adriano Oliveira, Aryadne Rangel, Brenda Carvalho, Luana Coelho, Dayane Ferreira, Kelly Silva, Erik Carvalho, Marcela Pinheiro, Flavio Campos, Rodrigo Dolzone, Gabriela de Paula, Richard Callefa, João Ferreira, Sara Carriço, Jorge Paixão, Stephanie Lobato

SALA 04 - EXPOSIÇÕES - 1º ANDAR - 19:00h

• Tutus – Resultado da disciplina Figurinos Específicos - Alunos do 2º ano do Curso Técnico em Figurino – Profª Cláudia Palheta e Prof. Jorge Azevedo
Autores: Maria de Nazaré Passos, Marluce Jares, Rogério Neves, Izabel Cristina de Andrade Souza, Pamela Bentes, Mariléia Aguiar, Maria Betania, Natalia Dutra, Lucilene Carvalho, Rejane Lima, Rafaela Goulart, Fabio Purificação
• Máscaras em couro (pintadas a mão)
Autora: Mariléia Aguiar
• Mantos baseados na obra de Bispo do Rosário - Resultado da Semana Acadêmica do Curso Técnico em Figurino
Autores: Alunos do 1º e 2º ano do Curso Técnico em Figurino
• Pássaro Junino - Figurinos em miniatura - 29 peças
Autora: Betania Simões
• Figurinos para Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues e A Tempestade de William Shakespeare – Resultado da disciplina Figurino I – Alunos do 2º ano do Curso Técnico em Figurino – Prof. Anibal Pacha
Autores: Maria de Nazaré Passos, Rogério Neves, Izabel Cristina de Andrade Souza, Pamela Bentes, Mariléia Aguiar, Maria Betania, Lucilene Carvalho, Rejane Lima, Rafaela Goulart, Fabio Purificação

SALA DE ADEREÇOS – 1º ANDAR - 19:00h

• Máscaras Africanas em Miriti e Esculturas em barro - Resultado da disciplina Elementos da Plástica – Aluno do 1º ano do Curso Técnico em Cenografia. Prof. Bruce Macêdo
Autores: Zelio Bezerra, Yuri, Sandro, Silmara Vale, Márcia Almeida, Claúdio Tayko, Renato Soares, Rosilene Santos, Tiago Silva, Gleidson Carrera, Cássio Torres, Ìtalo Trindade, Mariana Galvão, Maiara Esquerdo, Marco Alcântara, Durval Soeiro, Nilth Pinheiro, Gil Ganesh, Dina Mamede, Manuel Pacheco (Kiko), Cássio Lobato, Letícia Borges, Liuzeli Caripuna, Rodolfo Gomes, Tânia Moraes, Lorena, Daniel Moura

ÁREA DE VENDAS – 1º ANDAR - 19:00h

• Rejane Mendes – Artesanato

• Comissão de Formatura da Turma de Licenciatura Plena em Teatro 2009 – Bazar Cultural Barradas no Baile – Roupas, bijouterias e comidas

• Marina Melo - Comidas e bebidas

• Suely Castro – Lanchonete Cantinho dos Artistas - Comidas e bebidas

• Marluce Jares - Madame Brécho - roupas, sapatos e acessórios


Ficha Técnica:
Coordenação: Profª Drª Ézia Neves, Prof. Bruce Macedo e Prof. Tarik Coelho Bolsista do projeto: Rosilene Santos
Apoio: Profª. MSc Inês Ribeiro (Direção ETDUFPA), Profª Drª. Ana Flávia Mendes, Rosiane Soares Prata, Manoel Pacheco, Fernando Penafort, Priscila Oliveira, Débora Chagas, Zoraide Lima, Érica Sousa, Marcos Alcântara, Silmara Valles da Silva, Renato de Abreu Soares, Erika Costa, Rogério Jacenir, Luciano Ferreira, Tiago Silva, Silvia Leticia Borges Brito, Marcia Almeida, Cássio Lobato, Claudio Tayko, Margarida Souza, Marenices Moraeis, Sr. Guilherme Souza, Sr. Raimundo (apoio), Sr. Cláudio (apoio), Edinely Pessoa, Erisvaldo Araújo Júnior.
Designer Gráfico: Davi Almeida

segunda-feira, 23 de abril de 2012

UMA NOITE ALUCINANTE

Então o ônibus de carcaça amarelada e meio gasta ia seguindo por uma estradinha também muito apagada confundindo-se com a própria cor enferrujada do chão. O solo por vezes, estava negro e com resquícios de carvão, pois havia sido incendiado; aliás, estava em constante incêndio... a atmosfera era igualmente alaranjada e repleta de neblina, devido aos constantes pontos de fogo...o céu era de um escarlate desbotado e não havia nuvens, e sim uma neblina morna por todos os lados. Era ali que tínhamos de descer para encontrar os sobreviventes! No ônibus havia cinco pessoas, dentre elas eu estava a observar tudo atentamente e sem medo, era apenas mais uma experiência.

O complicado de realizar esses resgates era o tempo que tínhamos para permanecer fora do ônibus. Normalmente apenas dois desciam, os demais continuavam dentro do ônibus olhando ao redor e prestando auxilio a quem saia à procura de sobreviventes. Em geral quem saia era eu e Joseph. Ele tinha um aspecto de velho, mas não era velho, apenas se parecia com um velho, pois com esse visual ele confundia a quem devíamos resgatar, e sua força era revelada apenas quando conseguíamos pegar os que nos pediam ajuda.

Minha tarefa era caminhar com passos firmes e com bastante convicção naquela escuridão miserável... eu não tinha medo e minha energia era tão forte que não necessitávamos carregar nenhuma lanterna, a Luz partia de mim, e por isso eu ia na frente para visualizar aqueles que deveríamos resgatar. Nesse dia, tivemos sorte, conseguimos resgatar uns seis ou sete, todos ainda em condições de nos ouvir e nos seguir para dentro do ônibus sem termos que nos esforçar para levá-los conosco.

O problema era o tempo que tínhamos para fazer isso sem que os maus nos detectassem fora do ônibus e se aproximassem para nos perseguir e nos aterrorizar... essa tarefa também ficava comigo, pois minha sensibilidade era maior, e quando os maus se aproximavam eu me comunicava dentro da cabeça de meus companheiros, e em total sintonia retornávamos para dentro do veiculo, e partíamos. Na equipe éramos dois do lado daqui e três do lado de lá... estes, permaneciam no ônibus reverberando ao nosso favor.


Depois que saíamos daquele lugar queimado eu retornava para meu corpo que dormia, a equipe de resgate nunca me deixava acompanhá-los para o pavilhão onde cuidavam desses que trazíamos daquele lugar horrível. Normalmente eu acordava depois, em geral bastante esgotada... eu saia do ônibus e caminhava para o meio de uma nuvenzinha branca e luminosa e fechava os olhos e então eu já estava dentro de mim novamente.

O que eu gostava desses sonhos era recordar daquelas paisagens diferentes, que com toda certeza, nunca poderia imaginá-las aqui no mundo real... esse foi apenas um dos muitos, muitos, muitos sonhos que eu tive durante meu período de infância até meus exatos 21 anos, quando esses pesadelos terminaram.

Às vezes eu sonhava com enredos de livros inteiros, eu vivenciando a trama junto com as personagens. Era uma brincadeira que eu adorava fazer, nos sonhos... Várias vezes eu sonhei que tinha aulas de desenho com Leonardo Da Vinci. Uma vez ele me levou a um museu enorme todo feito de mármore luminoso, eu era infinitamente pequenininha comparada à grandiosidade do lugar, lá estavam todas as pinturas dos mestres de todos os tempos, mas esse lugar não era no planeta Terra, e professor Da Vinci me disse que eram poucos os que dormiam que podiam ir naquele museu, era um privilégio eu poder estar ali; esse é um de meus sonhos favoritos, mais lindos e generosos! Às vezes eu sonhava que tinha aulas de pajelança numa tribo extinta... às vezes eu sonhava que tinha aulas de Física Quântica com Deus... haja imaginação! Era tanta coisa que eu sonhava... realmente minha imaginação sempre fora bastante fértil. Uma vez sonhei que eu voava sobre mim mesma deitada na cama, esse foi pauleira... eu ia completar 16 anos. Foi de tardinha, uns minutinhos antes das 17h, eu me vi dormindo sobre minha cama, meu corpo de verdade queria que meu corpo voador mergulhasse sobre mim, mas a sensação do voo e de liberdade era tão boa, que realmente eu lá em cima não queria voltar... fiz um esforço enorme, pois travava luta comigo mesma para retornar ao corpo que dormia sobre a cama.Fiquei esgotada o resto da noite e durante os dois dias subsequentes por causa disso. Desse sonho eu acordei muito, muito, muito cansada mesmo! Então decidi que quando eu estivesse dormindo eu não me deixaria seduzir pelas sensações, poi selas nos aprisionam.

Comecei a desenvolver a razão e meu controle emocional, e quando as coisas pioravam nos pesadelos eu sempre sabia voltar... acordava, e pronto! Minha mãe biológica nunca acreditou em mim, quando eu lhe contava estas coisas. Contei-lhe uma vez de meus sonhos, ela me ralhou... então percebi que não podia confiar nela. Eu tinha cinco anos quando pedi ajuda de minha mãe quando eu tive o primeiro pesadelo do qual consigo lembrar, e ela me deu uma resposta tão rude e de má-vontade que me fez chorar bastante, pela falta de amor que ela demonstrou por mim. Eu precisava apenas que ela me abraçasse e me fizesse dormir; mas ela me abandonou no escuro e me forçou a deitar, eu não consegui dormir nessa noite. Mas minha avózinha acreditava em mim, então ela medisse que todos nós temos um anjo da guarda, e ela me ensinou a orar para meu anjo da guarda antes de dormir. Nessa idade eu aprendi uma oraçãozinha tão bonitinha, que minha avó me ensinou.

Mas no geral eu me sentava na cama para não adormecer, pois eu tinha medo de sonhar e não conseguir voltar dos sonhos. Só dormia quando eu ouvia o acorde dos passarinhos saudando o sol. Isso já era por volta das cinco da manhã... eu olhava pela janela e via o céu clareando, então resignadamente eu me deitava e adormecia. Talvez por isso, até hoje, eu acho o momento mais lírico de todas as horas do dia, e a pintura mais linda do mundo que é o nascer do sol. Com o passar do tempo eu comecei a me acostumar com esses sonhos. O medo foi passando e a curiosidade imperando minhas ações no mundo onírico,então comecei a explorar aqueles lugares fantásticos e ver até onde eu podia ir.

Muitas visões de meus sonhos malucos eu recordo perfeitamente, e eles me servem bastante como inspiração para escrever meus contos fantásticos, meus roteiros e para minhas pinturas. Percebo que cada um de nós carrega um universo criativo bem dentro da gente, mas ainda não sei exatamente como o acessamos; no meu caso, isso acontecia desde criança e naturalmente. Com o tempo, aprendi a dominar esse mecanismo e sonhar acordada sem precisar fechar os olhos... o poder de imaginação que ajuda a linkar várias informações acelerando a compreensão do invisível inerente à criação artística.É realmente fantástico, acho que eu tenho um acervo ilimitado de invenção e inspiração para escrever contos, e essa “magia” ilusionista é característica principalmente da linguagem do audiovisual ficcionista. Eu acho isso muito interessante. Só essa breve lembrança já dá um roteiro... não é à toa que meu filme favorito é “Waking Life – O Despertar da Vida”, que por coincidência é um longa-metragem em animação.


Katiuscia de Sá
22 de abril de 2012
00h09

sexta-feira, 20 de abril de 2012

OUTROS EU’s

Ao longo de minha vida, compreendi que existem várias camadas de conhecimento, e aprendi a respeitá-las todas. Há o conhecimento Natural (aquele que nascemos instintivamente sabendo); o conhecimento empírico (adquirido através das experiências individuais); e o mais comum ao mundo civilizado e ocidental – o acadêmico, com suas normas estabelecidas.
 
De todos eles o que funciona comigo, sem duvida, é o que me faz sentir livre para experimentar à vontade os diversos caminhos do Saber: o caminho empírico. Compreendi em minha trajetória de vida e estudos, que esse é quase o único viés que funciona e instiga minha curiosidade de querer estudar, e desenvolver as coisas. Mediante isso, aprendi a me respeitar primeiramente, e a travar um nível de aprendizado totalmente pessoal; por isso prefiro ser autodidata em muitas coisas que instigam minha curiosidade.
Perceber minhas necessidades individuais é mais importante até, do que necessariamente, aprender algo. A meta não é o mais importante, e sim o caminho que se percorre até chegar a essa meta, pois é nesse caminhar e experimentar que o conhecimento genuíno vai se construindo. Lembro-me como sofri durante minha vida acadêmica mais intensa (do Maternal à Universidade).

Lembro-me de que até a Quarta Serie do Ensino Fundamental eu chorava exatamente todos os dias (sem trégua) ao chegar à porta da escola... essa depressão estendeu-se até a Quarta Serie Primária, mas no Maternal e na Primeira Serie eu fazia um circo (chorava, me agarrava às grades do portão, recusava-me a entrar na escola...), minha mãe, coitada (...)! Eu realmente tinha vontade de fugir da escola. Hoje em dia eu me lembro disso e até eu fico horrorizada com meu comportamento, pois eu adoro estudar, conhecer, aprender, etc... levei um tempo até perceber que o que me desmotivava era a forma com que as informações eram repassadas aos alunos (aluno que em Latim significa “sem Luz”...).

Eu achava tão deprimente aquele lugar (a escola...), e não deveria ser desse modo. Ao crescer mais um pouquinho em maturidade, percebi que a criatividade e meios mais lúdicos de repassar as informações eram o que me motivava a prestar atenção nas aulas (mas isso acontecia tão raramente). Aquele método repetitivo e sem graça de apenas despejar as informações sem debatê-las, sem explicação e exemplos práticos para mim, de nada serviam...

Era uma tortura ir para a escola... o desinteresse era total! Entretanto, meu avô sempre me motivava ir ao encontro do conhecimento, e através dele e de suas leituras diárias para mim e meu irmão durante a infância, ajudaram-me a continuar.  É engraçado como o mundo dá voltas. Ao longo de minha vida já tive algumas experiências como arte-educadora, e minhas aulas sempre foram diferenciadas. Eu sempre primei (e ainda primo) pelo ensino individualizado. Graças a Deus, desenvolvi a sensibilidade de “escutar” meus alunos, no sentido de perceber se o canal deles para absorverem o conhecimento é sinestésico, auditivo ou visual (isso falando de maneira bastante rasa).

A mesma motivação que tenho para desenvolver alternativas para o repasse das informações em sala de aula é o mesmo caminho para meu próprio aprimoramento como profissional, pois essa motivação me remete a outras informações acerca do conteúdo programático que devo executar ao longo do ano letivo. Realmente adoro esse viés. Aprendo com meus alunos e eles comigo. Disso vem meu respeito e escuta dos diversos tipos de Saberes.
 
Atualmente a profissão de Educador é bastante desvalorizada, deturpada e o que mais me entristece, é saber que o professor também chega a ser tolhido em sua própria ferramenta de execução: o lecionar! Existem poucas escolas (a maioria particular) que promove aos seus educandos uma forma de aprendizado dinâmica, envolvente e acima de tudo reflexiva. É triste perceber que uma das bases para o crescimento de uma Nação ainda é vista como uma ameaça... é melhor desenvolver cidadãos em série do que cidadãos criativos que farão toda diferença na grande engrenagem chamada Sociedade.
 
Não sou utópica às outras questões que envolvem a melhoria do Sistema Público Educacional do País, entretanto, acredito ainda que um educador, aonde quer que esteja, pode ao longo de seus vinte, trinta, quarenta anos de profissão como educador,  conseguir desenvolver pelo menos umas dez sementinhas no decorrer de sua carreira, pelo fato de tornarem suas aulas prazerosas, divertidas e acima de tudo interessantes aos seus alunos.

Fico muito feliz em receber da maioria de meus ex-alunos demonstrações de carinho e gratidão quando me encontram. Em geral emocionados, me falam algo como “obrigada professora, eu aprendi muito com a senhora... nunca esqueci da senhora... o que eu sou hoje eu devo muito à senhora...”, etc... eu também fico igualmente emocionada com essas demonstrações espontâneas. Eu nunca abandonei nenhum deles por achar que não tinham aptidão para o aprendizado (coisa que aconteceu comigo diversas vezes quando criança... raramente me interessava pelas aulas e as professoras também vieram de um sistema de ensino padronizado de séculos e séculos, e não foram treinadas para abraçar aquele aluno “diferente”).

E pelas falas desses jovens ex-alunos, compreendo que se referem ao conhecimento que eles ganharam para suas vidas e não apenas para sala de aula. Isso é gratificante. Realmente amo abrir caminhos para essas mentes em formação que estão na fase de arado, de fomentar, de instigar... é emocionante para mim. E meus ex-alunos foram também meus mestres.

Ao longo de minha carreira acadêmica, alguns professores fizeram essa diferença, e realmente eles estão comigo, pois o conhecimento é para sempre, as informações são momentâneas, e as citações decoradas compõem apenas um tempo perdido. Acredito que na atualidade há esse “tempo perdido” como também há um tempo que está sendo construído para abarcar as particularidades inerentes às formas de Saberes e desenvolvimento das Sociedades. Existem muitas profissões bonitas no mundo: médico, engenheiro, pediatra, etc... mas por trás de todas elas há uma profissão imprescindível, diria a mais belas de todas: a de Professor.

 
Katiuscia de Sá
19 de abril de 2012
23h53

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Desenrolar do Sono...


Então o jardim adormecia e aos poucos os diversos galhos iniciavam uma travessia para que as folhas pudessem deslocar-se de galho para galho em diferentes direções, ora escorregavam, ora rolavam-se e torciam-se. Ao descobrirem o enigma, tudo ficava para dentro de si apenas. Entretanto, em outro momento da viagem, as folhas dos galhos puderam-se tocar e reconhecerem-se através de outras cores. Respiravam no outro e pelo outro, estavam uns nos outros agora; e a serpente caminhava pela diagonal, própria aos invertebrados...

Quando a semente ainda dormia no subsolo, o aquecimento frontal fervilhava nas ancas das terras. E o vento marinho começava a aproximar-se dos pulmões da terra pela superfície: precipitou-se um esboço de redemoinho e este veio a formar-se precisamente muitas horas depois. A poeira eriçava-se! A tempestade desabava ferozmente derramando sobre o chão, inúmeros raios de eletricidade. Todo o lugar ficou em alerta físico, e os pensamentos fluíam com aquelas descargas frenéticas da tempestade de raios.

Duas raças diferentes estavam por se comunicarem. E isso aconteceria através dos olhos e das mãos umas nas outras – um eclipse. E o céu inundou-se de lentidão, e eu pude caminhar pausadamente e ver coisas que a velocidade nunca me deixava ver antes. Mergulhei nos oceanos... meu corpo feito de eletricidade dos céus e das tempestades secava os mares. Mas meu corpo continuava cada vez mais quente e velozmente eletrocutado. E ninguém conseguia tocar em mim...

Quando silenciou lá fora, com o céu em negrito, a luz que sobrevinha de minhas flores eram tão radiantes que cegavam todos e ninguém nem me via ou saberia que uma árvore estivesse nascendo sobre as terras aventureiras daquelas nações erguidas sobre o mundo. Mas seria aquela energia que estabeleceria a comunicação através de uma única palavra e sentimento: LIBERDADE. Não havia mais hemisférios. O que antes era mundo conhecido, agora estava sendo remodelado, como um catarro viscoso descolando-se dos pulmões antes doentes, agora em chamas.

Seu liquido evaporava-se pelo calor interno, desse modo o que era folha escorregando-se de galho para galho, tornava-se um enigmático vaga-lume a voar pelo nevoeiro. Quem via, via... quem não via, achava que fosse uma miragem apenas. Essa foi a passagem secreta que atravessei rastejando; crescendo e encolhendo; escorregando de mãos em mãos. No fim desta permaneci diversos dias em eletricidade, a serpente subia e descia vagarosamente pelo meu tronco, despejando o líquido em minhas raízes, fertilizando meu Todo.


Katiuscia de Sá
09 de abril de 2012
23:08h