“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CUIA D'ÁGUA - capitulo Um

Este foi o primeiro livro que escrevi na vida. Finalizei a estória em 2005. A trama acontece na Belém de 1930, com alguns momentos focados na feira do Ver-O-Peso. Em Cuia D'Água, mesclo ficção e fatos reais acontecidos em épocas remotas, na Belém do Pará dos meados da década de 30.



CUIA D’ÁGUA (romance)

Autor: Katiuscia de Sá

Belém/Pa, 2005.

CAPÍTULO UM: Das Pessoas.

NEGRA BALBINA era vendedora de ervas. Mantinha uma banca na movimentada feira do Ver-O-Peso. Esta senhora era bastante requisitada para curar problemas relacionados a paixões de toda sorte, maus olhados e toques do malefício... mulher vivida, bastante experiente. Possuía muitos anos de acurados estudos e aprendizagens dos cânticos e feituras de banhos de ervas, defumarias outras e misturas cotidianas; estudos esses transmitidos oralmente pela sua bisavó – filha legitima da mãe África. “Nhêga” Balbina, como era carinhosa (e respeitosamente) conhecida em toda região da vendaria do Ver-O-Peso, dizia que ainda muito menina fora escolhida por sua bisavó para as aprendizagens, “porque veio pré-destinada pelos orixás e guias deste povo”, como mencionava sua bisavó Ambrósia do Chaco.

Até os vinte anos de idade Balbina não conseguia assegurar-se em sono noturno. Era perseguida pelas “sombras”. Copiosas e densas aparições queriam impedir que se perpetuasse a tradição mística deste povo negro em terras distantes de sua origem. Mas nhêga Balbina resistiu a essas tentações escarlates de escaravelhos, pois seu destino seria passar a vida levando Luz a todos que dela buscassem.

Certa vez sua bisavó dissera-lhe que não importava como era o candeeiro seguro pelo passante, importava somente se a Luz que carregava, brilhava o suficiente para ajudar na difícil travessia, a noite profunda das incertezas humanas. “Quase todas as pessoas são como pequenos barcos jogados à correnteza, eles necessitam de um farol para guiá-los até um porto seguro: os seus próprios corações...” – dizia a velha acorcundada Ambrósia, à sua netinha.

Os pesadelos da jovem Balbina cessaram de uma vez por todas quando em uma madrugada frienta de um sonho, apareceu-lhe um negrão Banto. Sua pele lustrosa de um celestial negrume continha uma luz fenomenal que enchia todos os aposentos da casa. Ele era musculosamente bem dotado, muito atraente. Transmitia segurança e serenidade em seu olhar. Carregava nas faces delicadas uma altivez guerreira, uma Paz e Força dignas de um rei. Seus grandes olhos eram caprichosamente pintados de brancura sem igual, deixavam-se enegrecer nos centros pelas íris – densas pérolas brilhantes e envolventes. Era um típico africano legítimo e sábio. Seria um rei encantado dos Bantos? Balbina não saberia dizer... mas o conhecia.

O magnífico homem estava-lhe velando os sonhos, e a jovem nele confiava. O negro contou à moça sonâmbula, que ele era feito da chama do fogo sagrado que Balbina carregava no coração. O guardião de todos os ensinamentos que a velha Ambrósia do Chaco guardava para desabrochar à sua escolhida. E o Banto também estava sempre por perto devido outro motivo, que anos depois Balbina viria saber. O guerreiro a protegia de ANÔNIMO...

“Quem é Anônimo?” – perguntava ela inocentemente ao Banto. “É o demônio que habita em todos nós. Anônimo nos espreita a todos. Ele reside nos descuidos dos detalhes, aguardando sempre uma aresta para nos arremessar ao erro das escolhas”, contava o homem sobrenatural à moça que dormitava amedrontada.

A partir dessa noite, Balbina nunca mais irrompeu madrugada adentro fugindo ao sonhos alucinantes, embora não se lembrasse do sonho com o negro, sabia que havia algo que a protegia desde então.

(...)

BENTINHO era o mulatinho mais bem quisto em toda feira do Ver-O-Peso. Começou a trabalhar ali ainda molecote. Vendia sacolas aos transeuntes desprovidos; depois passou a vender limões galegos fresquinhos. Quando rapazola, mantinha uma banca de tabaco. Ganhava bem porque a caboclada não passava um dia sequer sem que tragasse a fumaça daquele vicio dos pulmões.

Em sua banca podiam-se encontrar cigarros de todas as marcas, cigarretes para as “madamas”, charutos para os comerciantes bem-sucedidos das cercanias, e ervas soltas para que o próprio freguês montasse à vontade o seu cigarrinho de palha. Vendia também a retalho e pendurava contas no seu livrinho de notas. Talvez por isso que todos gostavam de Bentinho.

Morava longe dali, tinha um modesto casebre, caprichosamente decorado e arrumado por sua mãe, orgulhosa do filho sustentar a casa por força de seu próprio trabalho, suor digno adquirido no esforço diário na maior feira a céu aberto da America Latina.

Bentinho era moço alto; esguio; de olhos vivos, amêndoas atentas e joviais. Bastante sério, quase não arreganhava os dentes para calcular sorrisos. Falava pouco, somente o necessário que seu trabalho como vendedor exigia. Não gesticulava muito, sempre econômico e eficaz no comunicar. Aprendera com sua mãe a arte de escutar e observar contrapondo-se à tagarelice, fazendo disso seu forte escudo contra intrigas e fofocas...

Não era vaidoso, porém, cuidava de sua aparência com estimo, zelo e asseio. Vivia metido numas calças de linho, religiosamente passadas e engomadas por sua mãe. As camisas em botão sempre para dentro das calças, combinando com as finas meias enfiadas nuns sapatos mimosamente envernizados.

Gostava dos cabelos bem aparados, ensopados de vaselina. Mantinha um bigodinho ralo no rosto oval, o que deixava as moçoilas irrequietas. Devido aos pelos do buço, Bentinho carregava uma face algo misto de menino e homem feito, que as fascinava. Entretanto, o rapaz nunca se agradara de nenhuma das adolescentes do bairro onde morava, e nem de lugar nenhum!

Não lhe atraiam as moças de porcelana, com rostos congelados em cachos loiros; nem gostava de mulatinhas ou negrinhas de sensual balanço nas ancas, de olhares provocantes nas faces com sorrisos molhados e carnudos; muito menos as moças que trabalhavam na feira do Ver-O-Peso. Parecia que o coração do bonito rapaz estava imune aos cânticos do amor.

Certa vez uma moça de dezoito anos deslumbrara-se do jovem feirante, indo declarar-se a ele, e Bentinho, meio sem jeito, não sabia o quê dizer. Pediu desculpas à senhorita, pois não poderia namorar-lhe, nada sentia a não ser admiração e respeito pelo ato corajoso da declaração amorosa. E diante disso não é que a moça apelou para feitiçaria! Encomendou um trabalho para “amarrar” o jovem junto a ela. Não deu em nada. Após o dinheiro gasto, a mandinga apresentou-se tortuosa, pois Bentinho era pré-destinado à outra. Mas a rapariga cega de capricho, não queria saber das mãos silenciosas do destino fiando o tecido tênue aos olhos mortais...

O feitiço não deu certo para ela, e o “espírito” executor veio-lhe cobrar o favor. Dizem que essa senhorita ficou casada com o dito “espírito” que a tinha ajudado nessa empreitada. Ficou velha e solteirona até o dia de sua morte, aos setenta e oito anos de idade, em meados de 1990. A solteirice funesta e solitária fora o seu castigo por querer interferir no destino de outras pessoas.

(...)

CESÁRIO era descuidista. Ziguezaveava por entre a feira, sempre em busca de fregueses distraídos com o troco da compra – momento quando a mão-leve do homem entrava em ação. Sua (má) fama já era conhecida pelos feirantes que sempre o olhavam com raivosa desaprovação. Não era bem-vindo nas cercanias das bancas e barracas, porque sua cara branquela e mal apessoada afastava os fregueses de posses e mais atentos, que vinham fazer suas compras na tradicional feira do Ver-O-Peso.

Cesário era larápio por natureza, contam que desde pequeno já tinha essa má índole de enganar e cobiçar o alheio. Seu primeiro furto foi aos oito anos de idade quando da visita de uma tia. Cesário deparou-se com o camafeu que sua parenta usava no colarinho. O garoto a um canto da sala, retorcia suas mãos, estalando vagarosamente seus compridos e ágeis dedos, meditando como executaria o furto. Sua maior qualidade psíquica era observar...

Desde muito criança cultivava uma atenção a tudo, nada lhe escapava aos olhos profundos e nervosamente discretos. Na ocasião, quando sua mãe Olívia servia café à tia do menino, derramou-lhe sem querer o líquido na blusa da visita. Cesário – contemplando a cena – sorriu malignamente... Aguardou a ida das duas ao toalete, momento em que abandonaram o camafeu à mercê. Em cima da mesinha da sala, jazia a jóia que nunca mais fora vista pela família. Apenas Cesário sabia onde “empenhar” o fruto do roubo. Peça de ouro 18, era valioso pelas delicadas ornamentações.

O menino havia vendido o artefato para comprar bilhetes a fim de brincar no arraial de Nazaré, à época das festividades. Numa noite nazarena divertiu-se tanto... além da mesada entregue por sua mãe, havia também o dinheiro da venda do furto. O moleque comeu tantos doces, maçãs do amor, balas e algodão doce; participou das brincadeiras de pescaria, arremessos, e outros mimos do parque. Torrou toda grana sem o menor remorso.

Seu corpo adulto tinha a maleabilidade de uma serpente. Magro e esguio, sustentado por fortes e longas pernas. Sua cabeça e ombros pendiam um pouco para o lado esquerdo para observar as coisas, tratava-se mais de um cacoete antigo.

Enterrados no rosto magro, seus grandes olhos acompanhavam toda movimentação da feira, não perdia uma chance sequer para roubar. Era rápido nas corridas. Conhecia buracos e esconderijos em toda região do comércio. E seus convivas eram da mais alta malandragem jamais vista.

Possuidor de uma anatomia que muito o ajudava na sua qualidade de punguista. As mãos de Cesário nasciam de dedos longos, fortes, finos, e leves, coreograficamente precisos na ação de roubar! Um sucesso inigualável na natureza, as suas mãos! Entretanto, o que assustava mesmo os transeuntes, era seu sorriso... além de sua boca abrigar dentes disformes e amarelados por conta do vício do fumo, o riso de Cesário era de fatal pisica!

(...)

NATIVIDADE era rendeira do Ceará. Diziam que viera com os pais para Belém, ainda mocinha. Que era de família pobre e nordestina, e que aprendeu o oficio na infância, a arte da rendaria e bordado.

A velha ganhava a vida com a venda das delicadas fazendas que tecia pacientemente. Ela mantinha uma banquinha bem no centro da feira do Ver-O-Peso. Todas as tradicionais damas da sociedade paraense da década de 30, do século passado, mantinham em suas casas as famosas rendinhas de dona Natividade. Eram realmente lindas toalhinhas de estantes; belas rendas para as meninas em primeira comunhão; anáguas; véus de noiva; além de outras delicadezas.

A artesã já estava próxima dos arredondados setenta anos de idade. Era solitária. Morava em companhia de Rogério – seu gato de estimação. Ela preferiu a reclusão após a morte de seus pais, porque sabia que ninguém poderia dividir a vida a dois com ela... muito religiosa, era devota de São Benedito da Praia. Natividade juntamente com dona “Beloca”, (como era mais conhecida dona Isabel), encarregavam-se da organização da festa em homenagem ao santo negro. Abraçaram esta causa no inicio dos anos 20.

Tudo começou porque tia “Beloca” resolvera fazer uma promessa ao santo. Seu filho recém nascido fora desenganado pelos médicos, entretanto, por intermédio milagroso de São Benedito, o menino cresceu forte e sadio. Natividade conheceu tia “Beloca” logo que chegara a Belém, tornaram-se comadres e irmãs em devoção pelo santo praieiro.

A velha rendeira, era simpática com os feirantes, fregueses e transeuntes em geral, e esses a tratavam como uma avó bondosa e acolhedora. Natividade sempre dava conselhos e conversava com os mais jovens que a procuravam em sua casa ou mesmo na feira. Nunca se intrometera na vida alheia, a menos que pedissem... E no meio dessa rotina, as pessoas comuns nunca perceberam que Natividade sustentava um olhar longe, melancólico e misterioso. A verdade era que esta senhora carregava consigo um enorme segredo, e arrastava seus dias tentando escondê-lo, às vezes, de si própria...

(...)

STÉLIO era de boa alma, mas sofria de idiotice crônica. A família muito dolorosamente contrariada, após inúmeras tentativas de segurá-lo em casa, o abandonara de vez, porque Stélio no auge de seus ataques enfrentava ferozmente seus parentes, objetivando morar ao léu. Vivia como andarilho pelas ruas de Belém. A força de sua loucura o obrigava andar rigorosamente a pé dias e dias sem eira nem beira, numa interminável procissão solitária. A natureza do moço, porém, não era violenta.

Stélio descendia de uma abastada família, tradicional estirpe belenense. Entretanto, nenhum dinheiro foi capaz de curar sua moléstia. Quando menino, queixava-se cotidianamente à mãe sobre umas dores de cabeça. O médico da família receitava-lhe leves analgésicos. O rapaz já vinha agindo estranho, desde então... Até que um dia – um extremo colapso! Stélio acordara completamente transtornado. Não reconhecia onde estava, não reconhecia sua família e irmãos... correu pela casa, “tenho que ir”, gritava ao atravessar a porta da rua.

Na ocasião tentaram de tudo. Internaram Stélio na Santa Casa de Misericórdia, cercaram-no de todo conforto e remédios revolucionários da época. E nada...

O pai do rapaz, o dr. Francisco Ferreira da Costa Prado não queria transferir o menino para a Capela do Hospício, também conhecido como Hospital Juliano Moreira. O capelão de lá, nos anos de 1930, era o padre Leandro Pinheiro; o religioso sabia deste caso na família Costa Prado, já tinha ofertado leito a Stélio, porém a família não queria admitir um “Costa Prado” num hospital para loucos da cidade. Seria demais vergonhoso... Então, dr. Francisco decidiu transferir o garoto da Santa Casa para a capital do País. Lá haveria médico que salvasse o primogênito da linhagem Costa Prado.

No dia da mudança, Stélio aproveitou-se de uma aresta, breve instante de descuido. Escapou! Passos frenéticos, braços abertos ao ar, sorriso no peito. Ganhou a rua tão rapidamente que ninguém conseguiu alcançá-lo. Ficando apenas nas paredes da Santa Casa a figura de d. Regina, a chorar e lamentar-se pelo destino do filho.

Rostos estranhos foram testemunhas da difícil decisão que o patriarca Costa Prado tomara. Em meio ao desespero perante a fuga de Stélio, o pai dele ainda pôde ver seus olhos sorrindo, como nunca vira antes. Dr. Francisco compreendeu que seu primogênito seria mais feliz caso seguisse a liberdade de sua insanidade, do que enclausurado numa suposta cura que ninguém sabia se um dia alcançaria a alma do amado filho do dr. Francisco e dona Regina.

Então, o jovem Stélio vagaria a vida inteira por todas as ruas e vielas da cidade de Belém do Grão Pará. Seu lugar favorito era a feira do Ver-O-Peso. Stélio era seduzido pelas cores, pelos cheiros e balburdia que ali se via todos os dias. Os feirantes já o conheciam e o tratavam com amabilidade.

Stélio dependia da bondade deles para alimentar-se e conversar diariamente. O “rapaz doidinho”, como o chamavam, era prestativo levando recados e pequenas coisas de troca entre os trabalhadores da feira e comerciantes do local. Todos tinham uma convivência pacifica e fraterna com o jovem.

Dizem que até os últimos dias de sua vidas, os pais de Stélio iam escondidos ao Ver-O-Peso entregar dinheiro e agasalhos para a velha Natividade, que era responsável por repassá-los a Stélio. Natividade fazia esse favor com o maior zelo e sigilo possível.

(...)

POTIGUAR era mestre em capoeira e também pai de santo. Mantinha o mais respeitado terreiro de Candomblé que havia em Belém, na década de 30. Potiguar era conhecido por fazer (somente) o bem sobre o solo sagrado de seu terreiro. Sua fama de pai de santo conseguiu atravessar o gueto dessa religião afro-brasileira. As noites de cânticos e danças seduziam muita “gente de outra cor”, que vez por outra estacionava nos domínios de mestre Potiguar em busca de “reza”. Como explicar esse chamado musical dentro dos brancos? Seria o som do batuque requebrado ou os pés ululantes em rodopios dos negros e mestiços que enfeitiçavam de beleza e encanto àqueles olhos azuis-ingleses ou verdes-patrícios?

Ou seria o animo místico e indecifrável que há certas horas baixava nos corpos buliçosos e suados dos filhos de santo, materializando-se em quadris frenéticos e sensuais bailados enlouquecidamente felizes, terreiro adentro?

Tal espetáculo fabuloso dos espíritos guerreiros dos Bantos, dos batuques de Mina, das tradições Afro, assombravam de prazer testemunhal os olhos dos arianos, que empalideciam as faces frente ao maravilhoso milagre corpóreo.

Ninguém sabe ao certo dizer o motivo de tal fascínio. O que importa é saber que muitos brancos católicos freqüentavam àqueles batuques buliçosos promovidos no terreiro de mestre Potiguar, e todos buscavam benza, desfeitos para quebrantos, febres de mal-querenças, maus olhados, proteção espiritual, conselhos dos Pretos velhos, enfim... pois como dizia velha Ambrosina à sua neta Balbina, “não importa o candeeiro, e sim sua Luz a iluminar as Noites profundas da Alma...”

E por esse motivo mestre Potiguar recebia com igual atenção todos que ali acompanhassem as rodas de batuques, incorporações e defumações acharutadas.

Potiguar freqüentava constantemente a Feira do Ver-O-Peso para comprar ervas, matos verdes, cipós odorantes da floresta Amazônica, matos diversos, catinga-de-mulata, patichouli, cobras secas, azougues, paninhos e outros ingredientes para fazer banhos, oferendas e encantarias nos rituais que presidia. Recorria sempre à banca de Nhêga Balbina, para fazer a feira diária de suas necessidades. E também ali todos o conheciam.

O mestre em capoeira mantinha uma agregada na família – a formosa indígena Jandiara, que lhe veio como presente das regiões do Baixo Amazonas, caindo-lhe nas mãos sobre a promessa de educá-la aos costumes dos brancos e depois enviá-la de volta à sua tribo.

(...)

JANDIARA descendia da tribo Kaiapó. A família dela há muito deixara a região de Altamira, e resolvera rumar para alguma cidade, tudo para atender ao pedido da pequena. A jovem índia queria alfabetizar-se aos costumes dos brancos, para depois retornar à sua tribo consciente e poderosa de argumentar com àqueles que lá iam a fim de roubar-lhes os territórios.

A família de Jandiara escolhera a cidade de Abaetetuba para fincar morada provisória. A mocinha Kaiapó era a caçula de seis irmãos. Muito delicada e de bons gestos. Fora prometida à custódia de mestre Potiguar indo para a capital.

A indiazinha aprendia as letras da civilização branca e também tinha aulas de economia doméstica com professora particular mantida pelo próprio Potiguar. Além dessa atividade, Jandiara aprendia a coser roupar e cozinhar. Nos altos de seus quinze anos ainda mantinha posturas infantis como ter ao colo bonecas e tomar banhos de chuva. Adorava brincar com um papagaio que mestre Potiguar tinha em casa. De alma doce e virgem, natural a todo gentio que ainda não se corrompera com as ilusões sociais dos homens brancos.

TENÓRIO DA CUNHA, comerciante com descendência patrícia. Carregava uma cara branca e macilenta, alegremente enfeitada e envolvida por uns fios gritando para o grisalho, pareciam compor uma pequena vassoura a escovar-lhe as faces. Seus grandes olhos felizes adoravam afogar-se no vinho após o almoço, costume freqüentemente reprimido pela sua vigilante (e zelosa) esposa, a mexicana Maria Gonzalez.

Após o ano de seu casamento, em 1925, Deus os presenteara com o nascimento de duas meninas: Maria Lúcia e Maria Inês. Tenório da Cunha mantinha o bem afamado botequim Águia de Ouro, que era fortemente freqüentado pelo povo do Ver-O-Peso: pracinhas; marinheiros; feirantes; passantes de toda ordem social; fregueses diversos; pescadores; caboclos; e por quem mais ali estivesse em busca de molhar a garganta com a ardente água arquivada nos alambiques da vida.

Vinte anos mais tarde lembro-me que seu Tenório vendera o Águia de Ouro ao senhor Manoel Sarmanho, devoto fervoroso de São Benedito da Praia, existe até um “causo” sobre como o seu Manuel conseguiu a estátua do santo. Dizia-se à boca pequena que Sarmanho nascera em Salinópolis (município da região do salgado, no estado do Pará), e que era de família muito religiosa. Pôs ele um altar dentro do bar, suspirando a imagem do “santo preto”.

Seu Manoel conseguira a estátua por intermédio de um de seus fregueses, na mais verdade – um atravessador! Soube-se depois que a escultura de madeira fora encontrada por um mestiço, e depois entregue ao atravessador. Este sujeito tinha uma dívida antiga no “pendura” do bar, então ofereceu a imagem ao seu Manoel, como pagamento.

Dizem que o santo fora achado por acaso mesmo! O tal caboclo viajava despreocupado, cortava a região do Marajó, quando avistou algo boiando, achou que fosse uma pessoa, e mergulhou. Ao chegar próximo viu uma mala, carregou-a a bordo e dentro havia um embrulho. Era o santo! As pinturas muito gastas por causa da água salgada eternizavam mais ainda o sofrimento golpeado no rosto negro a carregar um menino-Jesus...

Após a entrada do santo no bar, ninguém mais se atrevia a proferir palavrões ou discussões de baixo calão. Respeitavam a presença sacra. Durante anos, o Águia de Outro era ponto de reza durante as festividades de São Benedito, até que pela força do tempo, o costume da procissão foi se apagando na memória do povo belenense.

(...)

Voltando ao seu Tenório da Cunha, o proprietário do Águia de Ouro, na década de 30. Ele também conhecia muitas histórias extraordinárias. Em seus anos desengordurando o balcão, viu e ouviu muita coisa: bêbadas lamentações; brigas; episódios de amores não correspondidos; histórias de bravura de pracinhas e marinheiros; estórias de visagens, contadas pelas bocas ressacadas de álcool a vagarem pelos paralelepípedos das estreitinhas ruas da Cidade Velha; causos madrugueiros saídos da fantástica imaginação dos feirantes... Muitas alegrias e tristezas coloriram a fábula de vida daquela gente ouriçada, que pela convivência periódica, já eram todos praticamente uma grande família.

Uma dessas narrativas será contada aqui. É uma história de amor... um amor tão forte que superou até mesmo as barreiras de todas as crenças e credos em todos os santos. Quase uma lenda esquecida envolta pela poeira dos anos, tendo seu desfecho ainda vagando na memória coletiva de um povo moreno. Uma história que ninguém poderia imaginar... nem mesmo o protagonista, que hoje jaz em Paz na serenidade alcançada por todos aqueles que enfrentam seus destinos pavorosos... e que mesmo assim, seguiram a Canção das Águas.


(continua...)

Katiuscia de Sá
Belém/Pa, 2005.
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CUIA D'ÁGUA capitulo Dois:

CUIA D'ÁGUA capitulo Três:

CUIA D'ÁGUA capitulo Quatro:

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O DIÁRIO DE MAGAHLLI (01)


O DIÁRIO DE MAGAHLLI
(ficção)

Hoje é o dia de meu nascimento. De acordo com o combinado, serei masculino, não pela força física, mas pelos ensinamentos. Como mulher eu não poderia acumular os conhecimentos que vim buscar. Não conheço o lugar para onde irei. Apenas sei que se trata de uma terra bastante atrasada, sem grandes tecnologias. O que deverei desenvolver são habilidades manuais e meus sentidos. Viverei pouco, devido a expectativa de vida ser deficiente. Não há medicina avançada, apenas ervas, rezas e curandeiras. Algumas mulheres sabem ler a Natureza e fazer adivinhações. Durante todas as gerações em que nascerei neste lugar, serei sempre desta raça. “Os Filhos das Estrelas”, como nos chamarão.
(...)
Quando eu abri meus olhos, já estava como nascido, envolvido por um tecido quente, grosso; sob os olhos atentos de minha mãe mortal. Era noite. Todos cantavam e dançavam em minha homenagem. Deram-me três nomes: um secreto (soprado ao meu ouvido pela minha mãe Yordana, no momento de meu nascimento); outro pelo qual eu seria conhecido e o nome de Meu clã. Então eu me chamava: Hanniel Azã. Pertencia à Tribo Média. A geografia para meu povo de nascimento não importava muito, vivíamos de um lado a outro. O céu era nosso teto, a terra nossa pátria e a Liberdade nossa religião.

Quando alcancei a idade de dez anos, já tinha percorrido mais de vinte localidades. Já nesta minha primeira vida desenvolvi ao máximo minhas capacidades corporais e junto a ela, minha autoconfiança – traço fortíssimo que atravessaria séculos e séculos amadurecendo cada vez mais em mim.

Tive três irmãos antes de minha chegada. Um deles foi capturado pelos bárbaros do ocidente. Minha mãe Yordana nunca o chorou... restaram-me Sindel e András. Aprendi muito com Sindel, ele era bastante sorridente e paciente comigo. Ensinou-me a dançar, a caminhar elegantemente, consertar as carroças e a montar a cavalo. András era namorador..., com ele apenas aprendi a perder-me nos mistérios da moças da nossa tribo. Não vivi o suficiente para conhecer a fundo o coração de uma mulher (embora viesse a ser uma da segunda vez em que nasci).

No dia da minha morte meu povo todo estava junto de mim. Não senti medo, apenas saudade de deixar meus queridos irmãos e minha mãe. Meu pai falava pouco. Educou-me apenas com o olhar. Com ele aprendi a importância e o respeito que deveríamos ter com os mais velhos da tribo. Sabia que qualquer decisão importante eu deveria pedir a opinião de minhas tias mais velhas. Antes de meu último suspiro, adentrei nos olhos de minha mãe Yordana, naquele momento soube que nas minhas demais vindas, nunca mais nos encontraríamos. Yordana era única! Bela e silenciosa. Uma mulher da Terra: rígida e sóbria. Eu nasceria bastante sob o signo das Candeias ou algo equivalente. Nesta vida eu pertencia às Águas. Em muitas outras ao Ar. Minha eterna busca seria a emoção: como compreendê-la, expressá-la e falar através dela. Ser-me-ia uma caminhada extensa e difícil, porque somente uma estrela conhece o brilho de outra irmã. E eu passaria muitos séculos só, nesta terra até encontrar outras estrelas.

Pedi para Sindel, no dia de minha primeira morte, para que ele estivesse sempre próximo de mim. Encontramo-nos em várias outras vidas: ele na forma de algum parente ou mesmo como meu fraterno novamente. Caminhávamos juntos. Minha primeira morte aconteceu devido à picada de cobra. O veneno era forte e sem cura. Todos estavam resignados e presentes. A fogueira estava linda, as estrelas no céu sorriam para mim enquanto me aguardavam a chegada. E junto com o sopro da noite, fechei os olhos abrindo-os para uma neblina morna, onde muitos braços me acolhiam e muitos rostos reluziam felicidade ao me reencontrar. Fui com Eles sem olhar para trás.

Depois de muito tempo passado, aceitei minha segunda descida. Seria feminina desta vez. Explicaram-me que minha natureza errante e mambembe proveniente de meu primeiro nascimento, estaria grafado em mim para sempre. Nasci novamente. Também era noite, como da primeira vez. A carroça estava em movimento. Meu povo fugia de uma perseguição. Atravessávamos fronteiras e não nos importávamos com os olhares assustados e desconfiados sobre nós.

Chegamos à região da Gália. Eu era pequenina e de olhos brilhantes. Tinha cabelos cor de cobre. Meu pai era corpulento e usava umas costeletas, ele e minha mãe tinham cabelos de sol poente iguais aos meus. Eu era uma criança sorridente; e com isso encantava a todos. Aos seis anos eu já sabia a arte da quiromancia, somente as cartas que eu tinha preguiça... gostava de dançar e tocar castanholas. Não cheguei a conhecer homens nessa minha existência, morri ainda mocinha. Perseguiam ferozmente meu povo, quando atravessávamos uma região. Chamavam-nos de bruxos e ladrões. Foi um período tão triste, perdurando ainda alguns séculos. Eu e outras mulheres de meu povo fomos queimadas vivas.

Foi aterrorizante sentir o ardume em meus pés, subindo pelas minhas pernas. Senti quentura tão intensa, a ponto de amortecer a própria dor. E os pulmões esquentando com a fumaça respirada. Como milhares de espinhos espetados ao mesmo tempo, meu corpo ia pertencendo ao fogo, até eu não sentir mais nada, senão a nobreza do espírito partindo. Antes de fechar meus olhos ainda pude contemplar os olhares endemoniados das pessoas que vibravam de alegria em me ver queimar na fogueira... essa foi minha segunda morte. Ao abrir meus olhos , toda aquela dor promovida pelo fogo foi substituída por uma leveza inexplicável. Flutuava. Estava eu um pouquinho em cada lugar e em cada individuo que se encontrava ali presente, à espera de minha chegada.

Foi a partir de minha primeira morte na fogueira que meu sinal etéreo localizado em meu antebraço se permaneceria. Através dele eu receberia, em vidas posteriores, toda a informação estelar-genético-psiquíca e implantes necessários para minha evolução. A marca nesse local de meu invólucro terrestre, serviria como uma espécie de “aviso” para que eu sempre lembrasse do que eu vinha fazer.

(...)
Quando eu nasci pela terceira vez, essa loucura de queimar gente viva em fogueiras nas praças públicas, ainda era vigente. A este costume bizarro atrelou-se outro: líderes religiosos impregnaram a mente da população sobre a idéia de que tomar banho era uma atitude impura diante do deus deles. Só podiam banhar-se vestidos, e poucas vezes durante a semana, pois tocar no corpo nu era pecado gravíssimo. Isso atraiu tanta sujeira e doenças em massa na população das aldeias e cidadelas, ocasionando uma grande peste que assolava regiões. Houve muita morte e paranóia durante esse período. Ainda perseguiam meu povo, e sem piedade nos matavam enforcados ou queimados em fogueiras. Foi assim que eu morri pela terceira vez, entretanto, não senti o ardume do fogo em meu corpo, não ouvia nada, não senti dor. Apenas completei minha Travessia, e estavam novamente à minha espera. Então pedi para não retornar tão cedo. Sendo assim, eu deveria ser levada para outra Nave, e desse modo aconteceu.

No novo lugar onde fiquei, eu deveria estudar. Freqüentava várias turmas. Estudava e era instruída sobre diversas coisas, dentre elas Desenho; Pintura; Escultura; Linguagens; Ética; Filosofia; E(x)oterismo; Física Quântica. A finalidade disto tudo era fortalecer o espírito para retornar. Nas diversas vidas todos nós que estudávamos poríamos o que aprendemos à prova. E do aluno que mais aprendia, simplesmente era mais exigido... eram muitas turmas, e muitíssimos alunos. Poucos chegavam à turma especial. Eu consegui chegar, nesse tempo em que deixei de nascer. Antes, freqüentei uma turma onde os professores nos ensinavam sobre diversas artes místicas e naturais. Em uma delas eu soube que meu Xamã era um falcão. Meu mestre era másculo e tinha a pele avermelhada, com olhos firmes e com a mente absolutamente segura, instruía-nos.

Durante o período em que fiquei em minha última turma de estudos, éramos apenas Pensamento. Cada um de nós era uma luz. Rodeávamos a Luz Suprema que nos transmitia conhecimento. A linguagem comum naquele estado era a serenidade. Assim nos comunicávamos. Não tínhamos aparência de nada, éramos apenas luz. Após essa etapa, não tínhamos desculpas. Teríamos que nascer novamente. Partiram primeiro, dois de nós. Eu e mais dois permanecíamos na Nave, orientando os que tinham ido a nossa frente. Era uma jornada difícil, mas todos tínhamos de retomá-la novamente, sendo nossa única chave e lembrança vaga, as cicatrizes no antebraço.

Deste meu nascimento não me recordo muito, não foi registrado muita coisa, pois eu somente nasci para poder receber os implantes e não interessava o que eu deixava de fazer em estado de nascido. Eu me lembro que era feminina e que fazia trabalhos braçais, e que um dia vaguei pelas ruas, escoltadas pelas luzes amarelas a gás que iluminavam as ruas. Era noite alta e chovia bastante. Em meu peito havia alguma lembrança de quem eu era, mas nada definitivo. Apenas sentia toda uma civilização viver dentro de mim. Nessa época era comum eu mudar de lugar freqüentemente. Nunca entendi esse nomadismo num período histórico que não comportava mais tal comportamento. Ainda assim, mudava-me repetidas vezes, e no meu rosto sempre aqueles olhos de coelho.

Nesta vida eu me lembrava de algumas sensações, e aos poucos intuía coisas sobre mim. Ainda havia nascido uma terra atrasada. Existiam indivíduos que temiam gente com olhos de coelho, eu mesma ainda não percebia que carregava olhos de coelho na minha face... os homens da cidade sabiam que as mulheres com olhos de coelho conheciam a alma das pessoas. Achavam eles que tais mulheres engendravam feitiços que as impediam de serem enganadas.

Eu tinha nascido com olhos de coelho e estava longe de meu povo, contudo, minhas raízes permaneciam latentes dentro de mim. Há esse tempo na Terra havia certos avanços tecnológicos, mas nada comparado às outras Naves. A Terra ainda era orgânica, comparado as demais Naves etéreas com seus moradores também neste estado de vida. Nestas Naves muitos outros indivíduos se dirigiam para completarem seu aprendizado. Uma vez cai numa Nave dessas, e lá estudávamos Alquimia, ficávamos tão antigos por dentro, carregando um fogo de três cores, era essa nostalgia que conferia-nos os olhos de coellho...

Ainda me lembro do dia de minha morte: estava abaixada regando meu jardim, quando se aproximaram três guardas. Era atardinha. Corujas começavam a piar. Minha casa ficava afastada da vila, e os guardas pediram para eu levantar meu rosto e olhar para eles. De repente pararam de sorrir e um deles disse que eu tinha olhos de coelho, sacou uma lança atravessando-a pelo meu ventre. Ali mesmo fiquei. Fiz novamente a travessia, esta foi de forma brusca. Do outro lado sempre havia quem me aguardasse de braços abertos. Fui com Eles para um local onde pudesse recuperar-me da lança atravessada. Permaneci algum tempo restabelecendo minhas energias antes de nascer outra vez.

(...)
“Michael Kodosh” seria meu nome de batismo. Nasci forte e com saúde. O país era frio, repleto de construções coloridas. A população era sólida de olhos avançados e cabelos escuros, uns poucos tinham cabelos de cobre, mas grande parcela da população era maciça como o aço. Meus dentes eram miúdos e todos certinhos. Tinha mãos fortes condizentes com meu oficio de sapateiro, que aprendi com meu pai. Tive muitos primos, dentre eles meu querido irmão da primeira vida (Sindel). Nessa estadia fui razoavelmente feliz. Morri com idade avançada. Tive três esposas, fiquei viúvo duas vezes, e minha terceira mulher enterrou-me num cemitério próximo ao castelo do Czar, onde minhas duas primeiras esposas jaziam. Era intrigante, mesmo desligado de meu “Povo das Estrelas”, de algum modo sabia reconhecê-los, caso encontrasse um. Não era pelo seu traje, nem por algum outro tipo de sinal. Sentíamos no tórax um filamento quente de emoção sem igual. Como uma União com o Cosmos. Era desse modo que nos reconhecíamos.

(continua...)

Katiuscia de Sá
Belém/Pa, Novembro de 2010
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O DIÁRIO DE MAGAHLLI - parte 02

http://hellenkatiuscia.blogspot.com/2010/12/o-diario-de-magahlli-parte-02.html

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ENTREVISTAS

Eu e a Renata - apresentadora do Sem Censura Pará
(11/11/2010)

Eu em entrevista no Sem Censura Pará
(11/11/2010)

Eu em entrevista no Sem Censura Pará
(11/11/2010)
Minha entrevista acontecceu no último bloco do programa.
Para ver na íntegra o programa, basta ir aqui:

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Eu, dois alunos e o repórter Carlos Amorim
Espaço Notáveis do Palco (11/11/2010)


Hoje aconteceram duas entrevistas a respeito do curso que estou ministrando: "Tecnicas para Radioatores". A primeira aconteceu ao vivo no programa Sem Censura Pará, da TV CULTURA do Pará, e a outra foi para o programa da radio virtual Tabajara.

Quem quiser saber mais sobre a radio virtual e o programa CINE TV NEWS, onde essa entrevista vai rolar. Você poderá escutar os programas, ao vivo, nos seguintes endereços: http://www.blogger.com/www.radiotabajara.%20com.br, http://www.blogger.com/www.r%C3%83%C2%A1dios.com.%20br/radiosbrasileiras.

Acesse, também, o blog do Cinetvnews, cinetvnewsvirtual. blogspot. com. e veja matérias exclusivas, fotos e ouça os programas anteriores, além de todo o conteúdo do programa.

Sempre aos sabados das 19:30 as 21:30 horas e as quartas-feiras das 08:00 as 10:00 horas, horário local, no site: http://www.blogger.com/www.radiotabajara.%20com.br


visite: http://cinetvnewsvirtual.blogspot.com/