“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

domingo, 27 de março de 2011

Glorioso São Cristóvão!

*Pavaúna

Ninguém me intimida...

Escrevo porque eu gosto.

Escrevo pra mim.

A escrita é minha comunicação, nada além disso.

Escrever pra mim é minha solidão.

O abissal dentro de mim pedindo Luz.

Mantra invisível.

Escadas para meu Céu.

Meu corredor de aflições.

Flagelo, E dor.

Cantiga da memória...

Meu sorrir.

Meu chorar.

Meu Amor.

Meus olhos sorrindo.

Então, eu escrevo.

Não escrevo porque alguém me pede.

Escrevo porque me permito escrever atravessando meu universo de incompreensão; atravessando uma era glacial interminável dentro de mim, (que muitas vezes me faz chorar). Escrever é penoso demais para mim. Traz-me angústia, tristeza. Um exercício que dilata meus sentidos. Meu máximo da expressão enigmática e sentimental. Beiro o limiar da sanidade. Fico tão sensível e ao mesmo tempo inacessível. Conectada “Aqui” e “Lá” dentro de mim.


Sofro muito quando escrevo. Mas ao terminar, e ler o que escrevo, fico tão maravilhada com aquele pedacinho de mim, que esqueço as lágrimas e o sofrimento que me apertaram o peito. Adoeço quando escrevo. Pequenos espaços de letras soltam-se de mim.


Não, *Pavaúna...


Só escrevo quando estou amando.


Enquanto estiver amando a Vida numa entrega total e absoluta, continuarei escrevendo. Não me importo se irão entender o que escrevo.


A palavra escrita é apenas meu meio de comunicação, nada mais.


Se vão ler... É outra história.


Responsabilidade de quem decidir ler...


Me ler...


Me ler?


Vais me ler,


*Pavaúna?

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Katiuscia de Sá

21 de março de 2011

Salvador/BA.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pensamento Estático




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O
Distanciamento
serve para enxergar
Melhor.

A
Pausa
serve para fortalecer
O
Movimento.
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Katiuscia de Sá
22 de março de 2011

Salvador/BA

Nossos Passos

*Para meu amigo, H.


Ele abriu caminhos para mim.

Pisou no chão ainda em brasas.

Queimou seus dedos e seus pés

Ejaculando até os ossos.

Seus olhos ardiam ao pavor do cheiro de sua própria carne

Sustentou tantas misérias ao final dos dias,

Perdeu-se e encontrou-se nos horizontes

E no meu amanhecer,

Meus pés seguem tranqüilos nas pegadas rochosas

Sobre o gesso do sacrifício que ele me deixou.

Apenas sigo sobre a pedra aberta especialmente para mim.

Meu coração vai suspenso,

Flutua no verso de tuas mãos

Não tocas nele, ó invisível taça!

Mas bebes de meu saboroso mel e meu amor.

Minha maré incontida

Evapora para não te afogar,

Inaugurando no céu as almofadas do nosso sonhar,

Tão alva, neblina da noite.

Teus pés e pernas vencidos nas chamas do transportar,

Agora são os meus esquadrilhados

– Frio mármore imaculado.

Meus pés e pernas juntaram-se ao teu corpo de árvore

Nossos vasos floriram juntos,

E eu os rego todos os dias

Com as próprias lágrimas de meus olhos.

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Katiuscia de Sá

23 de março de 2011.

Salvador/BA.

Aflição d' Amor


"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Que retém e não te desespera.
(a noite como fera se adivinha).

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel
E a um só tempo multipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra".
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[HILDA HILST]

terça-feira, 22 de março de 2011

SEGUNDA INFÂNCIA




Quando eu era criança eu sentia e desejava um lugar que eu não conhecia. Hoje, exatamente hoje, descobri que lugar se trata... sensações de minha vida verdadeira, que estavam a minha espera.
Minha vida: a de dentro.
A “minha” vida, apenas.
Única e intransferível.

Desde ontem tive um encontro comigo. Estou exatamente feliz! As duas partes que faltavam... as minhas infâncias se encontraram. Um silêncio-desejo dentro, e uma agitação fora. Ambas se abraçaram desde as últimas horas e ontem.

A chuva de minha cidade lava onde meus pés estão agora.
Alguns pablos passam... e o pequeno anjo que eu brincava na primeira infância sorri pra mim... e eu sorrio de volta, em lágrimas incontidas.
Felicidade intensa.
Tão intensa que transborda com lágrimas-chuva

Hoje estou verdadeiramente feliz e solitariamente acompanhada de meu Amor. Compreendo agora. Felicidade é algo tão simples. Esconde-se no cotidiano ordinário das coisas. Um varrer e arrumar de casa; no fazer do almoço; ao encontrá-lo pela manhã ao acordar; ao ver seus olhos nos meus; do cheiro do detergente...

Segunda infância. Esta mais lúcida, mais adulta, mais completamente eu. Hoje iniciou minha Vida hoje estou feliz. Descobri que sou de Outono, não da Primavera, nem do Verão, nem de Inverno... hoje estou feliz como o céu cinzento e chuvoso entranhado em mim e de Tua Presença.

Hoje sou Felicidade...
[que essa Felicidade também esteja no coração de meu irmão – único ser de meu sangue].



Katiuscia de Sá
21 de março de 2011.
Salvador/BA.

O Planeta Terra pede socorro!


*Em 1855, o cacique Seattle, enviou esta carta ao presidente Franklin Pierce, em resposta a uma oferta para compra do território indígena.


CARTA:
"Minha palavra é como as estrelas: não perdem o brilho.
Mas como é possível comprar ou vender o céu, o calor da terra?
É uma idéia estranha. Não somos donos da pureza do ar e do brilho da água.

Como alguém pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo.

Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada floco de neblina nas florestas escuras, cada clareira, todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver.

Para ele um torrão de terra é o mesmo que outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita.

A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de esgotá-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem nenhum sentimento.

Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos.

Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim porque o homem vermelho seria um selvagem que nada compreende.

Não há paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o som do desabrochar da folhagem na primavera, o zumbir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos.

E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite?

Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com perfume de pinho.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira.

Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro. Se eu me decidir a aceitar a venda, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros.

Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens.

Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra. Nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Nossos guerreiros vergam sob o peso da vergonha.

E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos doces e bebidas ardentes. Não importa muito onde passaremos nossos últimos dias. Eles não são muitos.

Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso povo.

Sabemos de uma coisa que o homem branco talvez venha um dia a descobrir:

nosso Deus é o mesmo Deus.

Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos.

E quer bem da mesma maneira do homem vermelho como do branco.

A terra é amada por Ele.

Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador.

O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa que as outras raças.

Continua sujando sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos.

Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado.

E as águias? Terão ido embora.

Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça.

É o fim da vida e o começo da sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos que esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, que visões do futuro oferece para que possam tomar forma os desejos do dia de amanhã.

Mas nós somos selvagens.
Os sonhos do homem branco são desconhecidos para nós.
E por serem desconhecidos, temos que escolher nosso próprio caminho.

Se concordarmos com a venda é para garantir as reservas que foram prometidas.

Lá talvez possamos viver nossos últimos dias.
Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem sobre as pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.

Se vendermos nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos.
Nunca se esqueçam de como era a terra quando tomaram posse dela.

E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos e ama-a como Deus ama a todos nós.
Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus.

Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino".


OS ANJOS




Efetivamente não é afetivamente
O mar quando se revolta com o horizonte
divide uma pontinha de branco
refletindo nas retinas.

O mar o Rio Vermelho

Chuvoso
Uivante
Girando pela casa
O vento!
O sopro!
Molhado...

Vazia Presença

O vento fala comigo
O cinza do céu também
Estamos felizes
Nas asas um do outro,
Amor...


Katiuscia de Sá
21 de março de 2011
Salvador/BA

FORTALEZA

*Para meu amigo H.


Todo ar gemia. Havia uma fumaça bege recôncava. Sentia-se alguma angustia, todavia, a Natureza sabiamente compreendia que para algo novo nascer, deveria acontecer a Morte. Uma semente sacrifica-se abrindo seu ventre, deitando-se ao chão, lentamente devorada pelos galhos em nascimento. Morre a semente, nasce a árvore. Assim acontecia com Plutarco. Alguns pablos o tinham avistado vagando pelos terremotos oferecendo seu tecido fresquinho, recém tirado do corpo. Seu esqueleto cheirava carniça; com isso atraia apenas abutres a devorá-lo ainda mais.

Plutarco queria morrer às beiras das águas... conheceu o pior desespero da via: a desilusão, o desamor, a mentira, a trapaça, os chifres... e vários eles Plutarco arrancava e colhia poesia; poesia não uniforme: alguns pedaços tinham determinada cor, cheiro e tecido. Usava esse cobertor quando o sol enrijecia. Queria permanecer aquecido mesmo após sentenciado.

Tinha um amigo que se vestia de preto. Normalmente não falava, embora sempre presente. Apoio moral nas horas delirantes. Cores de chita soltavam-se de Plutarco. Um dia, porém, Plutarco abriu o olho que tinha bem no centro de si, este chorava quietinho porque havia um cisco. Como as peles tivessem sido arrancadas, devia deixar ver melhor, mas o cisco cobriu-lhe a vista.

Arrancando tecido mais e mais e mais... Plutarco pegou seu olho com os dedos, lavando-o à beira a praia, recolocando-o no lugar. Dançava castelhano, e uns pablos que passavam ouviram a musica e deixaram de contrariar Plutarco, ele já sentia uma pontinha de sorriso.

Após tantos escuro e berros no curral, Plutarco encontrara companhia – uma florzinha que nascia no meio de suas peles repuxadas. Ele a batizou de Mouana, a florzinha que se escondia da chuva. Plutarco a alimentava com seu próprio sangue. Mouana de tão doce, vivia cercada por abelhas; estas ferravam a carne-viva de Plutarco, causando-lhe inchaços; mas nada que um amor verdadeiro não pudesse suportar.

Quando as raízes de Mouana chegaram às faces de Plutarco, causou-lhe um novo visual: mais maduro, mais viril! Ambos se tocaram pela primeira vez num interminável declive.


Katiuscia de Sá
16 de março e 2011
Salvador/BA

quinta-feira, 17 de março de 2011

Aos amigos...




"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

~Fernando Pessoa~

quarta-feira, 16 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

(Re)encontro!

Hilda Hilst


Sempre me interesso por biografias de artistas, em especial de atores e escritores. Atualmente estou adentrando no universo de uma das mais maravilhosas escritoras (na minha opinião), juntamente ao lado da inconfundível Clarice Lispector. Estou debutando na obra de Hilda Hilst por intermédio de meu muito querido amigo e ator H., que após aproximadamente quatro longos e tristes anos de separação, voltamos a comungar o mesmo amor pela vida, pelas Artes e pela singela companhia um do outro. Companhia produtiva em todos os sentidos, aliás.

Essa comapanhia-parte-de-mim ficou em Salvador (e eu igualmente em Belém) desenvolvendo-se moral, espiritual e intelectualmente. No nosso reencontro, lembro do assombro ao avistar H., disse a ele: “H. tu estás tão esquisito!”. Após mais ou menos uma hora de lavação de roupa de seda suja, percebemos que na verdade estávamos nos vendo um na face do outro, mas de quatro anos atrás... coisas de H. ficaram em meu comportamento e vice-versa, era estranho estarmos revisitando isso agora.

Compreendo minha vinda para Salvador como algo realmente inusitado e nem tanto assim planejado, disse a H. logo quando cheguei na Bahia: “tu deve ser um amigo muito especial, a ponto de eu ter que abandonar, momentaneamente, meus demais amigos de Belém. Acho que atualmente tu precisa mais de mim do que meus outros amigos... eu não compreendo muito bem isso agora, mas entendo dessa forma”. Disse-lhe ainda que reconheço sua delicadeza e atenção, como ele vem me tratando. Em resposta H. mencionou: “essas coisas não são para ser compreendidas, Katiuscia... elas são assim mesmo”. E ao carinho de suas sábias palavras, compreendo-me mais sóbria, calma, delicada, doce e meiga. Emergiu uma Katiuscia totalmente impensável. Entrei em contato com meu lado mais doce. Fiquei surpresa.

Estou muito feliz em conhecer um pouco mais do universo de H., e também de Hilda Hilst, meu encantamento e admiração por essa mulher munida de tremenda capacidade de observação da realidade aumenta à medida que eu devoro a coleção completa que meu amigo tem dessa escritora a frente de seu tempo. Já tenho leitura para o ano todo de 2011!



Katiuscia de Sá
13 de março de 2011
Salvador/BA



Eu e meu amigo H.

Comportamento

Imagem: "O SONHO", de Henri Rosseau


Ontem a noite chegou-me às mãos uma revista especializada intitulada “Mente, Cérebro e Filosofia, nº6 FOUCAULT/DELEUZE: a dissolução do sujeito”; para ser franca, a revista não me chegou às mãos, entrei no quarto de meu amigo H. e a vi dando sopa, peguei para devorar. Gostei muito do conteúdo, e um fato que me instiga, é a questão de a genialidade está quase sempre de mãos dadas com a loucura... poxa! O que nos faz compreender o termo “genialidade” e “loucura” de forma isolada?

Então, durante toda minha infância e parte de minha mocidade estive sempre muito próxima de um tio considerado “louco”; tomava remédios controlados e ia internado vez por outra. Eu era criança, mas percebia sua limitação lingüística e também no ato da conversação. No momento de tecer idéias, meu tio Phídias, (meu avô era ardoroso fã e admirador da cultura grega antiga) fitava-nos com um olhar vazio, infinito para dentro de si, o lume opaco e arregalado; e por conta disso a família o isolava frequentemente... eu não! Gostava de conversar com ele, de observá-lo. Ele sempre foi muito doce e atencioso comigo, em seus acessos de loucura nunca tive medo dele, nem o discriminei. O tempo que pude, desfrutei de sua adorável e imaginativa companhia. Mas sabia que tio Phídias era portador de sérios problemas mentais.

Ainda está bastante fresco em minha memória, o olhar de meu tio louco, (quando preciso, acesso isso para utilizar no palco...), acredito que ele não tinha meios físicos ou cerebrais adequados para expor seu mundo interior, daí sua loucura se manifestar pela angustia dessa inaptidão, além dele nascer e viver num lugar desprovido de condições favoráveis para seu desenvolvimento... eu mesma fico pensando como eu pude dar um salto quantitativo, atravessando tantas dificuldades de todo gênero. Estou certa de que não utilizo ainda nem 50% de meu potencial criativo intelectual, mas acredito que até o presente onde mergulhei, é o que deve ser; tudo acontece no tempo certo.

Sei que, às vezes, muitas pessoas me acham um pouco “estranha” em meus modos, mas acredito tratar-se apenas de uma questão comportamental. Na maioria das vezes eu prefiro meu universo interior ao exterior... mas aprendi (a duras penas) a dialogar com as pessoas ao meu redor.

Mas o que chamamos de “loucura”? desvio de atitudes, de conduta moral; algo que fere as normativas sociais; que agride o balé comportamental do cotidiano coletivo; algo que quebra as regras de maneira negativa. E a “genialidade”? faz tudo isso, entretanto, através de uma intervenção positiva e necessária para quebras de paradigmas. Os produtos oriundos de uma mente genial são importantes hiatos para a reformulação da ordem social; servem também para revisar o que a história da humanidade tem feito e interferido na vida da coletividade.

Ao assistir, por esses dias, ao documentário “ESTAMIRA”, deparo-me com uma suposta “louca”, transgressora do comportamento social. A “louca” nos comove e nos convence dialogando com a câmera utilizando um português ruim, cheio de erros e neologismos para ela verbalizar suas idéias, e nos toca ao revistarmos certas verdades universais que há muito foi engolida pelo status quo.

Fiquei estarrecida, e chorei em várias partes do filme. Como uma sociedade dita “desenvolvida”, relega alguém com tamanha sensibilidade e entendimento das coisas para o local onde a protagonista do documentário foi parar? Tudo porque ela manifestava idéias contrárias à organização social e comportamental da sociedade? (...) Quem são os loucos? quem está preso e quem vive em liberdade? Uma questão a ser observada...

Acredito que a loucura e a genialidade estão relacionadas com a capacidade que o individuo tem de organizar e expor suas idéias. Se a mente estiver privada de algum dispositivo necessário de compreensão das coisas, ocorre um lapso entre o que a sociedade determinou como status quo, daí existirem indivíduos psicopatas, criminosos, vândalos, etc... A noção de moralidade ou de amor ao próximo é prejudicada pela inexistência de mecanismos para frear instintos destrutivos nos indivíduos.

Eu iria mais longe... classifico como loucos transgressores perigosos todas as pessoas em situação de cargos administrativos que desviam volumosas somas em dinheiro, prejudicando parcelas da população, privando-os de melhores condições de saúde, moradia, educação, etc. para mim, a característica denominada “corrupção” entra no bojo classificatório de sujeito inapto ao convívio social, pois sua conduta é de ordem do defeito, da vergonha, do escândalo, que interfere negativamente na existência harmônica do coletivo.

Compreendo que inúmeras questões de ordem político, social e histórica influenciam na formação mental dos indivíduos, porém nada justifica a perversidade permanente nos atos de pessoas com determinado poder nas mãos, que seriam - a priori - motores para benefício da coletividade. Corrupção... isso para mim é doença, loucura das brabas... acredito que a existência de condições miseráveis na vida de pessoas desprovidas de melhores condições monetárias, influenciam na formação do caráter e também das escolhas, mas aquele que nasceu em “berço esplendido”, quando comete um ato inescrupuloso, tem haver com sua vontade e disciplina de administrar sua vontade em relação às coisas.


Katiuscia de Sá
14 de março de 2011
Salvador/BA





Olhos de Fogo Ametista



A distância imaterial do ser,
assola as almas dissociadas de afeto...
Mas tenho afeto por ti,
ó doce lince,
olhos de fogo ametista


Cuido de ti
Com orações silenciosas
Em noites de solidão vazia
O vento é meu companheiro


Meu peito:
Retidão de saudades.


Sempre seus olhos verdes
Seus olhos verdes...
olhos de fogo ametista


(Katiuscia de Sá: 14/03/2011 - Salvador/BA)

sábado, 12 de março de 2011

Amor!




Aprendendo a caminhar... com tropeços... dificuldades, a evolução se faz por intermédio do interior... o Amor... move até mesmo a inaptidão para o Divino em nós.


Então, de uma fagulha nasce a mais bela de todas as luzes: o Amor.

Katiuscia de Sá
12 de março de 2011
Salvador/BA

sexta-feira, 11 de março de 2011

Seus Verdes Olhos - III


Sentir...

Pensar...

Sentir...

Assimilar...

Pensamento de ti,

Verso mais lindo

Verdes Olhos

Floresta invadindo meu corpo

Alma

Pensamento

Celestial

Meu

Doce

Homem-menino-mar

Verdes Olhos

detrás de lentes

Angulares...

Close-up...

Travelling...

Subjetivos

Os Meus

Os nossos

360°

Beijo aguardado

Guardado

Romance

Na fenda

Tela de cinema


Imaginação

Lugares

Verdes Olhos

Pelos ruivos

Coral de plantas

Cinema



Katiuscia de Sá

11 de março de 2011

Salvador/BA

quinta-feira, 3 de março de 2011

NÓS

Era uma vez...
Um abraço especial;
bastante celestial.

Um abraço reto que dava curvas...
Quente e frio...

O abraço do Sol e da Lua.
.
.
Katiuscia de Sá
01 de março de 2011
Salvador/BA


.

...na Bahia é carnaval, pois!


*fotos: Google




Então, para quem nunca foi muito chegada a pular o carnaval... dessa vez não há jeito. Morando em pleno Campo Grande, praticamente dentro do corredor da folia... é impossível não cair na esbornia^^

"vai sacudir,
vai abalar,
quando meu Amor passar!
Explode coração
É muita emoção no ar..."


Katiuscia de Sá
03 de março de 2011
Salvador/BA

quarta-feira, 2 de março de 2011

Requiem para um sonho




(música tema do filme)

título original:
(Requiem for a Dream)

lançamento: 2000 (EUA)

direção:Darren Aronofsky

atores:Ellen Burstyn, Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon Wayans.

duração: 102 min

gênero: Drama


Assisti ontem... nossa! Sensacional! Brutal! Na real!!! Pancadão! Darren Aronofsky teve a sofisticação de angular a câmera de acordo com possíveis alucinações dos personagens, ainda mais a delicadeza de mostrar todo o frenesi do estado de drogas no organismo da pessoa, atraves de recursos simbolicos normalmente observados no desenho animado e também das histórias em quadrinhos. Recomendo...


Katiuscia de Sá

02/03/2011

Salvador/BA



terça-feira, 1 de março de 2011

Apenas mais uma de Alice...



Neste domingo (28/02/2011) eu e meus amigos assistimos na deliciosa madrugada de Salvador, um filme que realmente me transportou para meu estado de infância. Refiro-me a versão da conhecida trama infantil(?) "Alice no País das Maravilhas", obra mais conhecida do professor de matemática inglês Charles Lutwidge Dodgson, que assina sob o pseudonimo de Lewis Carroll.

"Alice" (1988), fantástica versão de Jan Svankmajer, traz um misto de atores contracenando com criaturas-bonecos (nada convencionais), especulando a tecnica do stop motion. A criatividade do diretor checo segue o surrealismo bem como o fantástico inebriado das coisas, que sob o olhar de sua câmera, faz dialogar os recortes de realidade, harmonicamente com os tratados de fantasia.

Svankmajer consegue alcançar seu estado de infância, atraves de sua câmera e releitura da história de Alice. O maravilho aqui, fica por conta do inesperado recurso, criatividades, pssibilidades e objetos que o diretor dispõe para narrar a história.

Em minha opinião, "Alice" de Jan Svankmajer é o filme mais fiel à atmosfera do conto de Lewis Carroll. Quem ainda não contemplou essa preciosidade cinematográfica, eu recomendo esse reencontro com a infância das coisas.
Sensacional!


Katiuscia de Sá
01 de março de 2011
Salvador/BA