“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sábado, 27 de abril de 2013

Canção da Vida



Desde pequenina a vida me ensinou a resolver meus problemas sozinha, o desamparo constante (material e afetivo) sempre me convidava a encontrar garra e forças para soluções objetivando superar as barreiras. Cresci desse modo e diante de qualquer obstáculo procedo da mesma forma como a vida e meus avós me educaram: se vire, corra atrás das coisas que você deseja, não espere que nada caia do céu, não espere que alguém irá se compadecer e lhe ajudar (mas se acontecer, aceite e agradeça a Deus), então não é por arrogância ou por me achar melhor do que os outros que às vezes não peço ‘ajuda’. Fui treinada a ser sempre positiva e não esmorecer frente às desgraças, treinada a construir portas para atravessar e chegar no alvo projetado; por isso sigo em frente, sempre em frente, buscando resolver os imprevistos à minha maneira, ir ao máximo das possibilidades que minha pessoa pode alcançar em termos de superação para ultrapassar os percalços da vida. Cresci com uma baita autoestima e autoconfiança, mas o preço foi altíssimo. Pena que algumas pessoas ainda me chamem e me achem ‘arrogante’, à primeira vista, sem saber minha história de vida. É fácil julgar os outros quando não se conhece a fundo. Depois que a vida me moldou como uma mulher espartana, as Artes projetam agora docemente, em meu caráter, a figura da gueixa: delicada e suave, mas que guarda dentro de si um Dragão sempre em estado de alerta. Viver pode ser uma caminhada, uma corrida, um engatinhar, um voo rasante...; o ritmo depende das circunstancias. Mas eu escolhi viver... viver, sempre viver tudo o que vier, com a intensidade que for: viver! Agradeço a Deus pela minha força interior! E a todos no mundo eu desejo o mesmo: Carpe Diem!

Katiuscia de Sá
Em: 27/04/2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Sal da Terra

"...canta! Leva tua vida em harmonia..."


O ESPELHO!!!

“agora vejo em partes, mas então veremos face a face: é só o Amor que conhece o que é Verdade...” (paráfrase de Renato Russo da carta de São Paulo aos Coríntios – música: Montecastelo)





Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: 

“13,1Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 2Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse amor, eu não seria nada. 3Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse amor, isso de nada me serviria. 4O amor é paciente, é benigno; não é invejoso, não é vaidoso, não se ensoberbece; 5não faz nada de inconveniente, não é interesseiro, não se encoleriza, não guarda rancor; 6não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. 7Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. 8O amor não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá.  9Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. 10Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito.  11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança.  12Agora nós vemos num espelho, confusamente mas, então, veremos face a face. Agora meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus. 13Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor".  (1º Coríntios 13:1-13)



terça-feira, 9 de abril de 2013

UM BEIJO DE SEGUNDA-FEIRA





Eu te amo como se fosse um segredo...
desses que o orvalho suspira em cima das plantas antes do amanhecer;
um suspiro-vontade-de-evaporar rumo aos céus para beijar os lábios do sol que vem surgindo vagarosamente no horizonte...,
vem quentinho escaldando a barriga frienta da Noite,
e reveste cores nos olhos dela, dissipando a escuridão e silencio:
como teu sorriso-lembrança a acompanhar-me durante todo meu dia.

Eu te amo como a alegria dos passarinhos do mundo,
que cortejam o retorno da noite
– esta que canta acalanto ao corpo fadigado dos homens pelas tarefas diurnas;
ou como a oração dos passarinhos que encorajam o Dia nascendo preguiçoso e manhosinho,
por não querer deixar os braços de sua amada Aurora todas as manhãs;
então se enrola debaixo das cobertas de nuvens redondinhas,
e desenha nos céus uns carneirinhos para fazer companhia à sua amada, durante a saudade amanhecida...

Eu te amo como o festejo das libélulas jovens que saem dos casulos e secam suas asas ao sol e emergem para seu primeiro voo...
um balé de luz e sorrisos de corpos tão leves que se juntam às pinturas solares que tocam a Natureza dos campos em primavera, repletos de flores e mar, enchendo o espaço com pequenos luminosos que aquecem o ar – a respiração em presença da Vida.

Eu te amo com uma sofreguidão mansa e tenra,
feito o vaivém das ancas de éguas fortes e faceiras;
ou como os cavalos selvagens correndo soltos pelas colinas e vales intactos;
cavalos de costas nuas, com suas trinas ao vento, cheias de graça e grandeza
– tua autoridade masculina a enlaçar-me a cintura,
desejando voltar-me o rosto pra ti, amor,
num sorriso iluminado e gentil
– minha boca que abraça a tua...

Eu te amo, como a minha própria Vida!!!!!
Como a força de respirar de um bebê que acaba de vir ao mundo...
como o meu desejo de tomar-lhe um beijo de segunda-feira, amor...


Katiuscia de Sá
08 de abril de 2013, às 23:59h

segunda-feira, 8 de abril de 2013

De nerd e louco, todo mundo tem um pouco




Acredito que, misteriosamente, eu tenha intolerância a portas e paredes de vidro. É tão comum eu dar com a cara nelas e pagar o maior mico! Lembro-me de três episódios insólitos. O primeiro foi num banco. Havia a famosa porta rolante [de vidro] e as paredes ao redor dela [também de vidro]. Pois não deu outra...

Fui caminhando calmamente em direção ao interior do banco, tentando achar dentro de minha bolsa as contas que eu deveria pagar, e vez por outra eu olhava para frente, e simplesmente NÃO dei conta de que não era uma passagem ao interior do banco, e sim uma parede [de vidro].

O barulho do choque de meus óculos com a parede foi tão alto que todos na fila e nos guichês eletrônicos no hall voltaram-se para mim com um sorrisinho... E eu, sem noção, ainda olhei incrédula para a parede [de vidro] bem na minha frente.

Quando passei pela porta rolante, o segurança coitado, ainda tentava me animar: “tudo bem, moça... essas coisas sempre acontecem.” Fui caminhando vagarosamente pela porta, retribuindo-lhe a gentileza com um sorriso meia boca: “Acontece com gente lesa, é claro...”, concluía eu a frase do guarda, em pensamento.

Noutra vez foi durante as filmagens de meu curta-metragem “O Forasteiro”. A locação era o Palacete Bolonha. Na entrada do prédio, debaixo das escadas de acesso ao primeiro andar, há uma mínima saleta, e dentro dela na época, havia uns móveis guardados, e eu fui me aproximando com tamanha felicidade para olhá-los e... dei de cara com uma parede de vidro! Fiquei passada... eu juro que realmente NÃO percebi que havia uma parede de vidro. Eu, ainda incrédula, olhei-a bem de perto. E realmente lá estava a parede de vidro! Meu Assistente de Direção e Cinegrafista estava na escada e presenciou a cena pastelão de meu estabacamento... pela cara dele, provavelmente pensava: “meu Deus, como essa menina é lesa...”

E nesta semana que passou, eu estava saindo de outro banco, e havia muitas pessoas na minha frente, então fui andando com lentidão rumo à porta de saída. Fiquei quase na vontade de ir na direção de um ponto superior da parede [que eu via a olhos vistos que era de vidro], pois a parte de cima parecia que estava sem... o vidro! Fui me aproximando com tremenda vontade de constatar a mão para, in loco, saber se havia ou não um vidro. Porém, me controlei. Entretanto, fui andando e reparando se havia um reflexo... e, havia! A-ha!!! Tinha o vidro! o/

Realmente não sei o que me dá. Às vezes tenho uns momentos de leseira... sei lá. Mas já estou acostumada com isso, e o melhor é que meus amigos que já me conhecem, também já estão acostumados com esse meu jeito “nerd-Katiuscia-de-ser”.
Então fica tudo bem.
=)

Katiuscia de Sá
07 de abril de 2013.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

INVERNO SOLAR



Seria um longo inverno, o mais longo de todos os períodos daquelas terras. Era estranho imaginar um inverno seco, sem chuvas, sem neve, sem frio... apenas o chão seco e rachado, sem água, sem vida em qualquer canto. Mas seria desse modo. O pouco verde que teimava em agarrar-se naquelas terras magentas, desbotava suas cores à violência da luz solar. Os poucos animais rasteiros alternavam partes de seus corpos uniformes no solo para não morrerem queimados em suas peles. Haveria tristeza e desespero tão silenciosos naquela estação de inverno seco profundo... nem as vozes dos pássaros alegrariam os ventos parados naquela região sonegada de chuvas. A dor nas costas da terra indicava este sofrer.

Conta uma lenda que há muitos séculos, onde hoje não chove nem neva nem faz frio,  havia vida, mas esta se fora por uma briga que houve nos céus entre as nuvens e o sol... como o egoísmo do mais forte foi maior do que o bom senso do amor coletivo, quem antes amava fora vencido pela impaciência do Tempo... pois disseram que o Tempo não sabia esperar, que ele corria implacável destruindo e (re)construindo as coisas. Então aquele lugar virou um maciço de lembranças fossificadas, talvez nem com chuva aquele chão voltasse a umedecer para brotar amor novamente nas ancas da terra.

Havia uma florzinha, que diziam suportar aquela solidão toda de vida, e que brotava escondida diante do vazio instaurado pela seca do lugar... mas era tão escondida e disfarçada que talvez até o olhar peregrino mais atento e sedento de beleza e companhia, jamais pudesse percebê-la. A pequenina erva se agarrava a todo custo ao que chamavam esperança. Suas raízes eram tão profundas e fortes, atravessavam todo aquele deserto de almas, à procura de água para sobreviver do lado de fora da terra.  E sendo uma das poucas sobreviventes àquela aridez toda, ainda assim ninguém era capaz de saber que ela estava ali, à espera de uns olhos para contemplá-la...

Seria o mais cruel e devastador inverno: sem chuvas, sem neves, sem frio... sem vida. Uma tristeza maciça que de tão maciça se confundia com a ausência de qualquer lembrança... e sem lembrança de nada, a impressão que se dá é que nada nunca existisse. Esse era o pior dos abandonos: o esquecimento por nunca ter tentado ver o que às vistas estava-se revelando. Seria sim, o pior dos invernos... contudo, a Natureza é forte e segue adiante. Prevalece sempre a sabedoria que transborda a vontade de permanecer.


Hellen Katiuscia de Sá
03 de abril de 2013, às 20:34H.
*ouvindo 'Shadow', de Ernst Reijseger.