“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Carta Última - O ENFORCADO!

Olhos vazados, num instante de fúria!
Os chãos arrancados do Firmamento
Palavras não bastam!
Palavras não chegam!

Explicação...

Do lume da resistência profana
O ouvido não ouvia.
Nada!
Nada!
Palavras-mudas não mais!
Lamentos últimos
Das últimas horas em Vida.
O Ódio – irmão gêmeo do Amor, interveio.
Implodiu na veia-mística
Algo intolerável:
Glóbulos Brancos
Glôbulos Brincos
Glândulas Bravas
Gânglios Brios...














Todos cortados


















Nem folhas...




















Nem galhos...


















Nem árvores...
















Nem vento...



















Nem vento...

























Deserto reinou por todo horizonte.
























“V” morrera sob a escolta do Dia.




















“V” morrera com pensamentos vermelhos...
Dia este, em que Ela retirava-se de Tudo.

Não há sorrisos na espera.
Nem beleza em quem morre.
Inicio e fim, num mesmo laço.

Os últimos guerreiros
da Antiga Linhagem,
Vencidos!
Não mais existiam!
Correnteza sem término.
Deserto enlouquecia!


















Deserto...






















Deserto...





















Apenas Deserto.









(...)












O Tempo em espera,

















Língua Sagrada dos Ventos,
Emudeceu.
Nem ouvidos para Música Celeste,
Ele sentia!

Sem os passos de Quem anda
Havia o Ódio do grito silencioso da pena sob o papel
- acúmulos de dias...













Soltou-se das amarras.
















Ele não explica,



















Nem compreende...






Ela ingênua criança,
Perdendo-se aos corredores da Vida.



















Acumulo de Noites.





















Tal Loucura sobrevive,
Enquanto me retiro para todo Tempo.


(...)


A impaciência vermelha na cabeça dele
Cega-lhe a fala e a faca de gargantilha.

Dele, olhos sem Visão
Música em silêncio
Numa dor dela não sentida.

A Loucura venceu!
E a Serpente abriu a boca
Soltando-se das entranhas suas,
Vomitando:
- humanos malditos!

Sem asas como d’antes
A Terra será prisão das Vertigens.
















De Amor,

















De Dor,














De Quem não mais partiria...









(...)










No poleiro das raças de Bronze
Uma pepita de Ouro cintila
Não é de Ninguém,
De Ninguém, nunca será.
Ninguém nunca viria...

Fecharam-se para o umbigo da Terra
Teu Vazio e teu Mistério,
Raízes cozidas nas fendas subterrâneas
- teu sorririso coração.

“V” arrancou-se a si próprio,
Morrera envenenado
Pelas coisas não-ditas.
Vazou os Olhos dela,
Criança-Azul do Firmamento

De lá, veio.
Para lá, voltou!

- humanos malditos!
Raça de pedra e latão,
De olhos brancos como caules partidos
Escorrem sozinhos junto ao pranto da Terra

Relâmpagos raivosos
- silêncio Dele
Para Ela
Que nada nunca sabia...
























Silêncio...
























Silêncio...
























Silêncio...


























Silêncio...


























Morte.




















Música não mais,




























Nem Visão...




















Chuva precipitou
Varreu do Mundo,
A última Decisão.

Nada havia
Nada haveria
Nunca houvera...













A boca se fechara.













E de uma fenda triste
A Horta-de-Sonhos, aparada!
Nascera a semente contrária do Amor...
















Ladrões de Alma!
- humanos malditos!






(...)








Gamos enfeitiçados das Florestas
Gritavam pelos prados...

Em meio à dor
Da Canção-incompreendida,
Os Imortais libertaram mais um Anjo da Terra.


















Então,





































Ela se foi
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Katiuscia de Sá
18 de agosto de 2009.

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