“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

domingo, 29 de setembro de 2013

Os Arranhões Cicatrizam


Segunda-feira ultima sofri um acidente na rua... na hora não dei muita importância ao ocorrido, mesmo porque este tinha sido um dia pra lá de escrot*... e eu já estava doida pra chegar em casa. Mesmo com uma baita dor e jorrando sangue perna abaixo, segui caminhando pra casa, como se nada tivesse acontecido. As pessoas na rua me olhavam na cara com uma expressão “coitadinha... o que será que aconteceu?”, e eu nem aí, com uns óculos escuros atachados no rosto intensificando mais ainda minha expressão cotidiana enigmática e naturalmente blaseé, segui andando como se estivesse caminhando num desfile de moda... totalmente indiferente. Eu só pensava nas coisas que eu precisava solucionar no decorrer da semana. Em casa lavei os ferimentos, passei uma pomadinha e tomei um anti-inflamatório e ficou por isso mesmo. Passados uns momentos iniciei minha meditação diária com dor e tudo.

Em geral desde pequena nunca dei muita importância aos meus machucados, que foram muitos (inclusive uma vez quase morri por consequência de um deles, aos 13 anos de idade, neste episódio cheguei quase a entrar em estado de choque pela perda de sangue devido o corte, felizmente chegamos há tempo no hospital –  e eu já escapei de morrer seis vezes até agora na minha vida em outras circunstancias...); uma criança arteira habitua-se a ferimentos de pequena e média proporção como se fossem medalhas de guerra... Sempre pensava: “vai sarar... questão de tempo”, e não ficava me lamentando. Mas o que tá pegando são as pitadas de dores de vez em quando, e o incomodo de não poder praticar meu Hatha Yoga diário na integra, pois algumas asanas eu não posso executar devido aos machucados de segunda-feira.

O legal na prática de meditação é o iogue não ignorar a dor física (que porventura estiver sentindo no momento e/ou outro incomodo qualquer, ou ainda pensamentos indisciplinados) e sim absorver essas variantes do espirito durante o exercício, e através de sua concentração, respiração correta, controle emocional e corporal ultrapassar essas variantes (no sentido da dor ou pensamento/emoção indisciplinado qualquer) não dispersar a mente impedindo o individuo de realizar suas tarefas.

O iogue supera estes fatores vivenciando-os de modo intenso e totalmente consciente (ele os encara, não foge deles). Algo como se o individuo penetrasse na dor (neste caso) e a sentisse de uma vez até o quase esgotamento ou total dela, então a mente absorve aquilo como um estado passageiro e por isso mesmo a esquece (a dor), e no ‘esquecimento’ o corpo não lhe dá muita importância. Esta variante deixa de ser um obstáculo para seguir com as tarefas corriqueiras. Em geral eu (sempre) estou numa sintonia meditativa para permanecer em equilíbrio. Numa sociedade agitada e cheia de estímulos que nos convidam a todo o momento perder as estribeiras... o controle emocional é muito importante. Sinto-me confortada, pois graças a muito esforço e uma prática de Hatha Yoga diário há quase oito anos, eu consegui atingir essa disciplina. É como diz aquele idílico ditado oriental muito meiguinho, muito fofo...: sejamos como os bambus que se curvam aos vendavais, entretanto, não se partem no decorrer das ventanias. E uma coisa eu aprendi curto e grosso: o equilíbrio é dinâmico, ou seja, adapte-se às circunstancias... ou foda-se, neguinho!

É impressionante. Há iogues que conseguem mesmo superar o estado de fome, dores físicas intensas apenas pelo poder da mente. Mas são anos de prática... não me atrevo a chegar neste estágio (se chegar, será apenas consequência natural), medito apenas para manter minha mente disciplinada e meu corpo físico saudável e em harmonia (na medida do possível), com meu espirito. Compartilho da ideia dos gregos clássicos que buscam manter mente e corpo sãos. Desde que conheci e comecei a praticar Hatha Yoga, foi um verdadeiro milagre na minha vida. Os benefícios são fantásticos. Outro divisor de águas também foi o conhecimento, compreensão e aplicação da Educação Somática no meu cotidiano. Um novo horizonte se abre todo momento mediante novos estados conscientes. Realmente acho que eu nasci no hemisfério errado do planeta... meu pensamento, buscas, agir, posturas morais, etc, são irmãos das filosofias orientais e não do pensamento ocidental. Talvez por isso na infância e mocidade eu tivesse muitos conflitos com meu entorno, até me equilibrar. É fácil encontrar o caminho do meio, basta seguir um ditadinho tão simples: “Conhece-te a ti mesmo”.


Katiuscia de Sá
29 de setembro de 2013, 05:01h.
*ouvindo o fantástico balanço de “Wanna Be Startin Somethin” (Michael Jackson)



domingo, 22 de setembro de 2013

É por isto que estamos aqui...

O(a) Namorado(a) de cada Signo do Zoodíaco

O ministério da Astrologia adverte: o texto a seguir não tem objetivo técnico e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Na dúvida, procure um Astrólogo!

Áries - Como o ariano é impulsivo, é bem provável que ele tenha te conhecido, se apaixonado loucamente e te pedido em namoro num período de apenas duas horas. Ariano é assim, direto, objetivo e intenso. Para namorar um ariano, você precisa entender que ele gosta de desafio e conquistas constantes e, se você se jogar aos pés dele melosamente, o fogo acaba na hora. O lance “bate que eu gosto” é a cara dele – não porque é submisso, mas porque tem tesão no conflito. Se você quer uma paixão de tirar o fôlego, procure um ariano. Se quer uma “rapidinha”, procure-os também! Todo mundo sabe que ariano é apressadinho…






Touro Namorado “cama, mesa e banho”, o taurino é hedonista: gosta de massagem, lençol macio e comida boa. Se você namora um taurino, é provável que já tenha ganhado uns quilinhos desde que o conheceu, afinal, ele é defensor da filosofia da preguiça. Para que ir à padaria andando se você pode ir de carro, com ar condicionado ligado e musiquinha, não é mesmo? Ele te leva aos melhores restaurantes, aprecia as coisas belas e como é mestre na arte de explorar as sensações do corpo, o sexo pode ser bem interessante – mesmo que depois ele vire para lado e durma. Se até agora tudo pareceu perfeito, não se esqueça de um detalhe: taurino é mulinha empacada e nunca vai tomar iniciativas sem que você tenha que empurrar a bundinha dele.



Gêmeos –  Para ele, demonstrar amor é trocar ideia. Quando um geminiano fala sobre aquela série que adora, sobre política, sobre a vizinha que pegou o marido com uma amante e sobre a teoria da relatividade, na verdade está dizendo: amorzinho, eu te amo e por isso compartilho meus pensamentos.  Aliás, a questão de compartilhar os pensamentos é tão importante para o geminiano, que na hora do sexo ele encarna o Galvão Bueno e narra cada ato detalhadamente sem que isso afete seu desempenho, afinal, ele é muito versátil. Se você quiser contar algo importante e ele estiver assistindo futebol, não hesitará em gritar GOOOL no meio da sua história. Ele fala que é uma beleza, mas não tem muita paciência para ouvir, a não ser que você tenha uma história MUITO mais interessante do que as outras 150 mil coisas que ele estiver fazendo.




Câncer- O namorado canceriano é o sonho de muita gente. Ele é doce, sensível, extremamente companheiro e valoriza a instituição da família. Quando um canceriano elege uma namorada, a protege de tudo e cuida com toda a dedicação. Ele leva você ao cinema, à faculdade, ao trabalho, à academia e mesmo que você não queira, te acompanha na depilação. O negócio dele é ficar juntinho – espero que você goste de chiclete – e se você disser que precisa de um tempo para respirar, prepare-se para o beicinho e para a chantagem emocional.  “Mas a minha mãe fazia isso pra mim…” é a frase que ele mais diz e… sabe aquela briga mais séria que vocês tiveram em 2001? Em 2013, se vocês brigarem novamente, ele ainda se lembrará dela e não hesitará em fazer você lembrar também.



Leão- Namorar um leonino é divertido, porque ele se sente o Brad Pitt e faz com que você se sinta a Angelina Jolie ao lado dele.  Ele anda por aí com peito estufado, esperando que os fãs abram caminho pra ele passar. É inegável, ele sabe chamar a atenção, sabe vender sua imagem e sabe ser querido. Para conquistá-lo – além de dizer várias vezes por dia que ele é o maioral e que brilha como o Sol  -você tem que saber o seu valor e ser uma pessoa segura de si, assim como ele é. Se você souber lidar com o ego do leãozinho, terá um namorado generoso, leal e no mínimo figurante da Globo – se mestre Júpiter ajudar.




Virgem- Ele é inteligente, focado, servil, discreto e multi-uso. Se você ficar doente, por exemplo, ele te dará sopinha e remédio – esqueça a parte em que ele isola o quarto e te coloca em uma bolha, é mero detalhe. Se o corretor automático do seu Word não estiver atualizado de acordo com as novas regras ortográficas e você tiver um trabalho para entregar amanhã, não há razão para pânico, o super Virgo te ajuda! É assim que o virginiano demonstra amor, através de gestos concretos. Parece lindo e útil até aqui, mas ele não faz isso para alguém que seja menos que perfeito, portanto, corra e compre sua primeira obra de Dostoiévski, matricule-se na academia e não esqueça de caprichar no banho, viu?!



Libra- Namorar um libriano é legal porque você não precisa dizer a ele pra não sair de Crocs, por exemplo. Ele tem senso estético e ainda que não seja bonito, estará sempre arrumadinho. Ele é gentil, mestre na arte de compartilhar e certamente te levará a festas elegantes e refinadas. Se você é o tipo de pessoa que gosta de assumir as rédeas da relação, o libriano é o namorado ideal, porque quando você pedir a ele que escolha algo, ele dirá: “escolhe você, amor”.  Quanto ao fato de ter senso estético, pode ser bom, mas também significa que ele não aceitará que você saia com aquelas calças que fazem você parecer um bebê de fraldas, sacou? Vai ter que andar nos trinques, tá meu bem…





Escorpião- O namorado de Escorpião é tudo de bom! Ele ama e deseja de maneira muito intensa e você jamais poderá se queixar de superficialidade ou falta de sexo. O problema é que quando você diz que vai ao cinema com a Cláudia, ele entende que você vai encontrar o Ricardão. Quando você vai à farmácia comprar remédios…rapidinha com o Ricardão! Dentista? RICARDÃO! A experiência de amar é tão profunda e descontrolada que ele teme ser enganado e fica o tempo todo em estado de alerta. Se você gosta de histórias de livros, ele é o cara certo para você: suas habilidades te proporcionarão experiências que reproduzem de 50 tons de cinza (ui!) a Sherlock Holmes (sim, pode ser que ele contrate um detetive para te investigar).




Sagitário - Ele é muito divertido e leva a vida em “ritmo… ritmo de festa…” (ler com a voz do Silvio Santos). O namorado sagitariano vai te fazer rir, é expansivo e está sempre disposto a viver aventuras. Se você quiser ir pro Nepal, ele vai. Paquistão também! Ele só não vai pro altar. Assumir compromisso não é a praia dele, afinal, cidadãos do mundo gostam de ser livres pra explorar a vida e o que ela tem pra oferecer. Para conquistar um sagitariano, tenha boa vontade e ria de todas as suas piadas, mas somente das piadas, ok? Se você começar a rir quando ele iniciar o seu café filosófico , o bicho pega!






Capricórnio- Capricorniano já nasce com complexo de presidente da república; ele quer poder de comando e status. Se ele é ambicioso, focado, trabalhador e dedicado, você terá que ser também, porque como futuro presidente da república (ou de qualquer outra presidência que ele conseguir), ele não aceita menos que uma primeira dama. Namorar um capricorniano é garantia de estabilidade e compromisso sério. Pode ser que ele acorde azedo pela manhã, que no lanche da tarde reclame por meia hora do mau tempo e que à noite, quando forem para a cama, ele esteja com a cara do grumpy cat, mas… ele será “grande”, não se esqueça.





Aquário - A primeira coisa que você deve saber sobre um aquariano, é que ao namorar com ele você leva de brinde todos os seus 200 mil amigos esquisitinhos. Você não pode ir de roupa íntima à cozinha para tomar um copo d’água sem encontrar um manifestante rebelde e mascarado dormindo no sofá, por exemplo. Aliás, você pode ficar muito sensual de roupa íntima, ele vai achar legal, mas para conquistá-lo de verdade você tem que ter mente pensante, opinião e autenticidade. Tem que ter muita paciência também, porque quando o namoradinho aquariano decide assumir o “do contra” que mora em sua alma, ele não desiste jamais. Se você disser que prefere a camisa preta, ele usa a laranja. Se disser que quer comida “thai”, ele te leva no japa…e assim ele segue, até você enlouquecer. Vai encarar?!




Peixes - O pisciano é romântico, sonhador e extremamente sensível. Ele criará um mundo lindo e totalmente novo para vocês, onde o amor é lei e você tem uma coroa. No entanto, para namorá-lo você precisará do poder mágico de “viagini in maionesinum” – do latim “viajar na maionese”. Ele vive em um mundo paralelo e se você não entrar na dança, pode sentir que está em uma relação platônica com um gnomo, duende, fada – piscianos são tão delicados… – ou qualquer outro ser mágico de sua preferência. Conselho para você que namora um pisciano: compre uma buzina e utilize sempre que precisar dele no mundo real para resolver algum aspecto prático. Simples, barato e muitíssimo eficaz!



*Particularmente eu prefiro fazer par com outro Gêmeos, outro Gêmeos, outro Gêmeos (...), senão Libra e/ou Sagitário.



terça-feira, 17 de setembro de 2013

A CONSTRUÇÃO


Sempre fui muito sensível a sons, melodias... Lembro-me que eu tinha em torno de seis ou cinco anos quando ouvi “Construção” de Chico Buarque. Meu pai juntava dinheiro e acredito que de quatro em quatro meses ele sempre comprava um LP novo, e eram sempre MPB dos bons! Quando não os clássicos do Rock e Word Music. Cresci ouvindo a nata. Disso eu não posso reclamar. Mas eu lembro que eu tinha um baita medo dessa musica (e também de outra música do mesmo LP do Chico Buarque – “Deus lhe pague”), tinha igualmente angustia de “O Que Será?”, e eu naquela idade não sabia muito do lance da Ditadura no Brasil e da repressão e tal, porém os acordes e a maneira sombria como a estorinha das musicas evoluíam, me deixavam com um aperto no peito, eu sentia como se houvesse um perigo iminente. Sentia uma angustia inexplicável. Eu não gostava de ouvir essas musicas. Todas as vezes que meu pai colocava pra tocar principalmente “Construção”, quando eu podia eu saia de perto, pois na minha imaginação de criança eu estabelecia as imagens mentais da trama, e sempre eram a noite, umas imagens de gente triste e perseguida, gente com rosto de sofrimento, de angustia, imersos numa penumbra e uma cidade com as ruas muito cleans, mas que assustava por não ter ninguém caminhando ou que só havia carros passando feito um trilho de formigas umas atrás das outras, ignorando por completo a imagem de uma pessoa jogada no meio fio; sempre tudo numa penumbra, eu que já tinha medo (e ainda tenho pavor...) do escuro, não suportava sentir aquela sofreguidão que a melodia me causava. Falo dos arranjos originais, pois “Construção” já foi regravada algumas vezes pelo cantor Chico Buarque, e os novos arranjos nem de perto chegam aos pés do pavor erguido pelo arranjo original feito em 1971 pelo maestro Rogério Duprat. O estranho que ao mesmo tempo eu sentia repulsa pela musica, a melodia era algo fantástico, prendia meus sentidos deixando-me quase paralisada. E as estrofes com aquela rima agonizante e repetitiva... meu Deus! Era perturbador, (em contraponto de “Construção”, eu amava ouvir “Águas de Março” de Jobim na voz de Elis). Há medida que fui crescendo, “Construção”, ganhou minha admiração completa, e também igual admiração pelo poeta Chico Buarque – que figura aguçadíssima! A genialidade de suas letras me deixa sem palavras, (além de orgulhar-me dele ser também de Gêmeos, tal Paul MacCartney e eu!). Acredito que outro grande compositor de mesmo quilate, porém de estilo e abordagens diferentes, é Renato Russo, embora este tivesse sido profundo admirador do outro, ambos dividem espaço no meu gosto pessoal em relação às letras e melodias. Claro que Chico é mais clássico e seus arranjos são mais eruditos e de outra natureza dialogando com seu estilo musical. Gosto muito também das letras do exagerado Cazuza. Mas Chico e também outro grande poeta em minha opinião (Vinícius de Moraes), Caetano Veloso e Mutantes agradam-me mais que os citados. Também quando criança eu adorava ouvir aquelas letras debochadas do samba-de-breque do 'malandro' Moreira da Silva! Nossa!!! Que genialidade as estorinhas narradas com uma desenvoltura teatral pelo cantor. Eram verdadeiras crônicas! Igualmente eu construía as imagens mentais das letras na minha cabeça quando meu pai colocava os discos dele pra tocar. Era de uma riqueza a simplicidade das letras, como retratavam a vida das pessoas nos morros cariocas e o cotidiano do “malandro” brasileiro, aquele sujeito relegado às classes mais baixas da sociedade que se virava para sobreviver. As narrativas sempre com muito bom humor e também com pitadas de criticas sociais de modo cômico, mas não menos importantes e imponentes. Também curtia muito as musicas de Elizeth Cardoso, embora fossem as letras muito passionais às vezes, mas a voz da cantora era belíssima. E aquele tom de musica de auditório de Rádio anos 40... me agradavam, incitavam minhas imagens mentais sobre o enredo das letras. Gostava muito também do misticismo contido nas letras, melodias e voz da cantora Clara Nunes. Mas, eu me lembro perfeitamente da sensação nada agradável de quando ouvi pela primeira vez “Construção”, de Chico Buarque. Como eu já estava habituada às estórias de meu avô, e dos livros que ele lia pra mim e para meu irmão, eu achei a forma narrativa da “Construção” algo incrível! Diferente... magnético. Como se meus ouvidos estivessem escutando um segredo em forma de uma musica macabra... algo proibido, degenerado, maléfico... um lamento mudo que somente uma musica seria capaz de se fazer sentir; realmente amanheceu um enorme terror dentro de mim ao ouvir essa musica pela primeira vez. Atualmente compreendo melhor é claro, e é inegável a riqueza melódica e de composição gramatical e poética do poema. Igualmente impressiona. Chico e seu arranjador conseguiram impregnar de vida a melodia, apresentando essa sensação de coisa maquinal, descartada e/ou uma vida sem valor do trabalhador da construção civil (que pode tranquilamente sintetizar todas as classes trabalhadoras da época...), e acredito que tenha sido isso que me apavorou inconscientemente quando criança, essa coisa de o cidadão ser algo desprezível pelo Capitalismo, pela sociedade entorpecida, consumista, oprimida (isso dentro do contexto da musica). Acho que eu fiquei com pavor de “Construção” até meus doze anos de idade. Com o passar dos anos esse desconforto diminui e cresceu minha admiração pelo compositor e pela melodia épica e letra crescente desta musica (e também muitas outras letras de Chico Buarque). Lembro-me que também aprendi a amar The Beatles por conta da coleção em LP de meu pai (que depois de anos - lamentavelmente - ele vendeu tudo a preço de banana para uns sebos de Belém, acredito que a essa altura os discos devem estar na estante de alguns colecionadores, tipo o Edgar Augusto... se assim for, pelo menos os LP’s estão em boas mãos). Havia uma musica que eu adorava ouvir até furar um dos discos, era “Cry For A Shadow” tocada ao vivo com os gritinhos ao fundo de John Lennon, de um LP dos Beatles onde o baterista ainda era Pete Best. Simplesmente AMO essa musica!!!). Mas até hoje nenhuma outra musica me causou tanto impacto imagético e emocional quanto a “Construção”, de Chico Buarque de Holanda, que em 2009, foi eleita a melhor canção brasileira de todos os tempos em votação promovida pela versão nacional da revista Rolling Stones. Há outra musica que chegou a me causar alguma vertigem até agora, é “The End” dos The Doors, porém a ‘viagem’ melódica aconteceu apenas de forma sensorial e não chega nem próximo ao tremendo impacto emocional que a musica de Chico Buarque me fez sentir quando criança.


Katiuscia de Sá
17 de setembro de 2013, 00:33h.





segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Atividades Teatrais




Este é meu novo BLOG. Nele eu reunirei, aos poucos, todos meus diários de atividades acerca da linguagem teatral, bem como resultados e pesquisas transversais relacionadas ao tema, que venho estudando ao longo de meus oito anos de ofício teatral. Quem se interessar pode dar um pulinho lá.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

MEU PRIMEIRO SONETO

*para Marco.



De ontem para hoje lembro-me... era tua face cândida.
Trazia beleza e respeito pela presença minha.
Teus olhos tímidos, e minha esperança languida.
As horas na tela e a música... disso a paz nos tinha.

Hoje em meio a carros e buzinas, o transito insistia.
Na manhã de sol e gentes, era tu meus pensamentos.
Teu coração e o meu juntos! Então, nada mais me abatia.
Mesmo no corre-corre diário eu era um só contentamento.

Pois de meu afeto por ti, amor, fez-se a ternura.
Da métrica desprendida, meus versos voaram.
E meu semblante sorri à tua doce candura.

Amar-te-ei por toda minha vida, eu lhe prometo.
E dos meus versos, digo-lhe: uma verdade é única!
Por amar-te tanto, nasceu este primeiro Soneto!


Katiuscia de Sá
11 de setembro de 2013, 14:25h.

[eu achei que em minha vida eu jamais seria capaz de escrever um SONETO, devido a complexidade de sua estrutura. Esse tipo de escrita requer do poeta uma mente virgem ao que se refere à parte lógica e mecânica do ofício de escritor, como também pede equilíbrio entre o afã criativo com sua total liberdade para que a inspiração aconteça revelando o lirismo da obra. Por esses motivos escrever um Soneto só pode ser possível quando o indivíduo é tomado por um sentimento divinamente sublime - o Amor, 'que conhece o que é verdade', que tudo ensina, que tudo transforma...].









segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Canção do Menino-Peixe

*com saudades, para Heyder, meu amigo-irmão.


Menino-Peixe-Tritão-do-Mar
Dorme e acorda, dorme e acorda.
Segura nas mãos as areias do Tempo.
Ouve das águas canções e marolas.
Disse que disse o mar lhe falar.
Disse que disse o vento soprar...
Menino-Peixe-Tritão-do-Mar
Que tem saudades das árvores verdes
Que tem saudades das chuvas no ar
Daquela cidade das mangas que caem
Que o povo corre a ajuntar.
Daquela cidade que lhe espera
Que novamente irá lhe abraçar...
Menino-Peixe-Tritão-do-Mar.


Katiuscia de Sá
09 de Setembro de 2013, 8:04h