“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vôo




Não quero esta herança...
Ainda estou digerindo o alimento desses dias.




Escolhi ervilhas.
Não gosto de beterrabas.
Engulo azeite
E rejeito salivas.





Não desejo ninguém fora a mim,
Carne de minha carne.




Invisíveis ditados
Escritos na porta da minha boca
Pairam sobre a fumaça
Desbotam os dias e urgem as horas.





Carrego sobre mim
O relógio das ações
Falo, mas não digo...
Olho, não quero ver





Impulso falso de vida uterina
Outrem
Os mesmos...
Os mesmos...




Ele existe?







Ele existe?





Existe?




Fogo
Do meu Fogo?







Foi seguindo.
Foi surgindo....




O primeiro impulso de uma borboleta
Ao encontro da Luz
É se debater contra a Luz...




Assim foi
Seguindo...
Debatendo-se
Debruçando-se
Debulhando-se.



Ao encontro da Luz.
Até queimar-se ao encosto dela!




Katiuscia de Sá
21 de abril de 2011
Salvador/BA

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