“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Rabichos




Minha nau,
Deixe-me subir...
Palcos dela
Deixe-me trepar
Seus mastros
Encarnar meus sobrados
num carrilhão de luzes foscas
Atravessar suas vísceras de misérias solares
Conduzindo seu seio diretamente ao firmamento meu
- Minha mulher,
- Minha pura Luz domada
Tão amada...
Amada fruta doce e agre
Desfalece em meu mastro
Bandeira trêmula do prazer
Imposto encosto
Parede perfurada,
Dentes afiados
Fincados
Doces caramelos arrebitados
Caminho estreito de bocadas apertadas
Êxtase
Branca
Carne vermelha-branca
Boca-língua minguada-grande

Eu,
- Homem
Minha
- Mulher assada em brasas
Cheiro amoroso no espaço profundo
Petrificado ardor
Peito aberto chocolate-dor
Solar esplendido
Aprisionado precioso
Petrificado calor
Purificado Amor

Eu,
- Homem teu
Música-tambor
Tu,
- Mulher minha
Botão em flor.
.
.
.
Katiuscia de Sá
29 de março de 2011
Salvador/BA

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