“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Paz do Tempo


Inconstância.
A sorte.

Um dia a ave veio e pousou.
Abriu as asas e beijou-te.
Particípio acontecimento.
Amarrotou
Desejo de morte.

Andarilho das lacunas escuras
Veado a vagar
Nos prados
Coelho abatido...

Havia uma fêmea
Fêmea de canfora e algodão
Prateada de Luz
Mãos de canfora que transporta mortos
Ladainhas e velas!

Houve uma planta que veio
Um dia, brotou folha
Deu sombra,
E partiu...
Abandonou-se de ti.

Olharei bastante teu rosto
Memória dos Astros.

Sonhei tua voz
Escorreu pelos dedos
Chovia muito
Um sol magoado.

Foi bom contemplar o horizonte
Agora não mais.
Não há mais luz do dia.

Haverá outra vez?
A derradeira?
Uma terceira vez?
Ainda estarei?

Não sei como estarei.
Não sei como estarás.
Não sei se estaremos.

Ao meio-dia
Não pergunto
Recolho em segredo
Caminho mostrado pelo Tempo
Azul, como teus olhos...
Com língua de sotaque.

Já vi o mar,
Já posso morrer outra vez.
Fui dormindo...

O Adeus definitivo...
Encontrei a Paz do Tempo.



Katiuscia de Sá
27 de abril de 2011
Salvador/BA

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