“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

domingo, 7 de julho de 2013

Poema do Grito



Silencio
Casa
Sangue
Chão
Cadeira
Telhado
Sombra

Tempestade...
Tempestade...
Tempestade...

Ventania
Ventania
Corpo

Raios...
Cama
Luz
Sala
Medo

Dor...
Faca
Sangue...

Tempestade...
Tempestade...

Gritos...
Gritos...
Gritos...
Gritos...

Abismo.
Tapete
Escuro...
Solidão
Espirito
Chuva
Paz...

Paz.
Paz...
Paz.
P...


Katiuscia de Sá
07 de julho de 2013
Às: 03:39h
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ANNABEL LEE * (de Edgar Allan Poe)
*Tradução de Fernando Pessoa (respeitando a métrica original do poema)

"Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
quela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor
- O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu
Vieram a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que,
Há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão
(como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar".

(Fernando Pessoa)

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