Outro dia estava eu a conversar com um amigo. E foi
realmente uma palestra bastante dinâmica e muito produtiva, e dela teci umas opiniões
acerca de uma fatia especifica sobre relacionamento interpessoal; acrescidas a
estes pensamentos, agreguei minhas observações do comportamento humano – o trivial
que absorvo das pessoas que transitam meu cotidiano. Às vezes nem quero mesmo
absorver nada dos indivíduos, entretanto, já é algo tão natural e completamente
espontâneo, como respirar... acho que na barriga de minha mãe biológica eu
já observava até o liquido amniótico...
Acredito muito que se pode aprender a viver a vida de forma
mais inteligente e equilibrada, sem ter que necessariamente ‘quebrar a cara’ e
sofrer para se aprender algo... a observação e prudência ainda podem ser as
melhores ferramentas de aprendizagem quando o assunto envolve sentimentos e
tomadas de decisão.
Relacionamento interpessoal é algo que estamos expostos
desde que nascemos. O Homem é um ser social justamente pela necessidade de sobrevivência
e desenvolvimento. Atualmente as necessidades emocionais básicas estão sob
alcunhas mais sofisticadas e modernizadas, contudo, ainda são os mesmos
instintos de nossos ancestrais da Idade da Pedra Lascada que nos movem; instintos
atualmente camuflados de presentinhos embalados em papeis laminados e bombons de
chocolate.
Há muito tempo mesmo eu enumerei uma serie de comportamentos
padrões nos homens, quando o assunto é conquista/namoro. Por delicadeza da
ética não os comentarei neste texto, mas é algo que me incomoda quando se
inicia um flerte em minha direção. Confesso que eu nem me empolgo ou me interesso.
Nessas situações ficam cada vez mais transparentes as intensões masculinas para
mim, então fecho os olhos para tais investidas e concentro meu foco de atenção noutra coisa mais produtiva para meu desenvolvimento
intelectual, atitude sabiamente adotada também para evitar me aborrecer.
A maioria dos homens tem medo de expor seus sentimentos e intensões
claramente num relacionamento Homem x Mulher, (claro que a sociedade ocidental secular
contribuiu para esta fossificação emocional masculina, que a contra ponto também
contamina o sexo oposto; pois isto obrigou as fêmeas aprender a se comunicar
com esses códigos desgastados, impondo-as também entrarem no ‘jogo’). E é
justamente esse ‘joguinho’ da conquista e sedução que eu realmente acho carta
fora do baralho... é um desinteresse estratosférico de minha parte. Já elimino
qualquer tipo de aproximação quando percebo que será perda de tempo. Pois cada
vez mais percebo que a verdade das pessoas se revela nos detalhes de
comportamentos quase imperceptíveis, ou seja, nos momentos de extrema
naturalidade, onde a espontaneidade mostra tanto sobre o caráter, quanto as intensões
das pessoas diante da vida; e por isso eu aguardo muito e absorvo o máximo possível
dessas percepções sutis, até resolver estabelecer um contato mais profundo.
Há um pensamento oriental que resume esse meu excesso de
zelo enquanto assunto relacionado à abertura e exposição de meu coração. Tentarei
com minhas próprias palavras: a Prudência é comparável a um animalzinho muito
raro e pequenino na Natureza Humana (que nem um Uirapuru na floresta –
acrescentando um toque amazônico na estória), e por isso mesmo capaz de
esconder-se em qualquer lugar para espreitar em volta, ele é o guardião das
atitudes; pois dentro de cada sujeito há algo valiosíssimo e que a qualquer
arranhão ou queda, pode perder sua divindade e inocência. Esse Bem deve ser
guardado com o máximo cuidado, para ser oferecido em momento certo em sua
completude, àquele que dele merecer.
Estava eu a comentar com esse mesmo amigo outro dia, eu
percebo que a maioria dos homens têm pavor, mas pavor mesmo de mulher inteligente. E isso
vem dos tempos remotos, algo do instinto mesmo.
Da época em que, devido à seleção natural de sobrevivência na selva, os
machos dos clãs eram os responsáveis por abastecer o grupo, enquanto as
mulheres mantinham o papel de cuidar da prole e da manutenção social mais
imediata. E assim caminhou a humanidade, maquiando esses instintos
sofisticando-os até os dias atuais. Mas quando chega a hora do ‘flerte’... lá
vêm, lá vêm os homens das cavernas... autoritários, machistas, manipuladores, imediatistas,
egoístas. O ruim nem é isso, o ruim é que eles vão piorando com o passar do
tempo. E a massa de mulheres não tem muita alternativa senão, também
dissimular. Vive-se uma simulação de vontades veladas, e isso mina os
relacionamentos que compõem a sociedade moderna. Simulam-se vontades, simulam-se
palavras, simulam-se sentimentos... e por aí vai. A gravidade maior é essa
enorme construção humana apoiada em mentiras sociais. Isso é bem grave.
Homens, em sua grande maioria, a partir dos cinquenta anos em diante, dificilmente se transformam, contribuindo para permanecer estacionado
a evolução emocional da raça. Quando procuram outra parceira comumente
estabelecem comparações com a parceira anterior, fazendo com que realmente não se
estabeleça abertura para se conhecer o diferente. Esses homens mostram-se ainda
mais autoritários, impondo à mulher pretendida, seus gostos e fases de humor,
como se ela tivesse obrigação de se moldar a isso, tornando-se cópia da
companheira anterior do cara. A escuta sutil nesse sentido, fica altamente
prejudicada.
Quando se conhece alguém que despertou interesse, o
importante mesmo é absorvê-la; cultivar boa vontade para conhecê-la de fato:
seus gostos, sua maneira de ser e de se expressar, etc... e não impor logo nossas
referencias de mundo e/ou de pessoas que foram nossos ex-parceiros; pois
trata-se de alguém diferente contendo outro universo que pode-nos acrescentar e
ajudar em nossa caminhada. É preciso desprendimento e vontade para querer conhecer alguém de fato, sem fazer
julgamentos; ‘escutar’, ‘absorver’ para evitar enganos futuros, evitar mágoas desnecessárias
na trajetória evolutiva individual. Pois é verdade mesmo a mensagem poética
contida na frase de Kahlil Gibran: “Cada pessoa que passa em nossa vida, passa
sozinha, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que
passa em nossa vida, passa sozinha, mas quando parte, nunca vai só nem nos
deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam
muito, mas há os que não levam nada”.
Ainda há mais para discorrer sobre esse assunto, entretanto
confesso mesmo que me sinto deveras desestimulada a comentar, pelo desencanto
já estabelecido... E quando aprendemos a domar o ímpeto da Natureza Interna e
Externa – os corcéis: o Branco e o Negro, podemos sim escolher o que nos será
acrescido na Alma. Podemos sim planejar o que carregar em nossa bagagem para
nos deixar a viagem mais leve e agradável. É questão de saber escolher. Eu
desejo o que é Belo, Puro e Verdadeiro, seja qual for sua aparência. Como diria
esse meu amigo da conversa de outro dia: “nem tudo que encanta os olhos, encanta
as estrelas e o Universo”.
Katiuscia de Sá
04 de julho de 2013
Às: 13:08h
Nenhum comentário:
Postar um comentário