“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Superando barreiras!

DISLEXIA
DÉFICIT DE ATENÇÃO
HIPERATIVIDADE

Quando criança, eu era um "diabrete". Não parava... tudo eu queria saber; fui uma criança muito viva, e corria, subia, falava, gesticulava, era arteira mesmo! Mas eu tinha muitas dificuldades na escola, no aprendizado sobretudo na leitura. Desenhava alguns números ao contrário, como se estivessem refletidos num espelho. Outras vezes até escrevia frases inteiras indo da esquerda para a direita, igualmente como se fosse um reflexo no espelho. Não compreendia Matemática. Entretanto, sempre conseguia passar de ano, graças a muito esforço... Tirei inúmeros zeros no Ensino Fundamental e Médio... Meu pai sempre bastante severo e autoritário cobrando-me a ser 'a melhor', a estudar como se eu não o quisesse... e com isso me deixando mais triste e deprimida, e o pior: deixando-me com horror de ir para a escola! Na verdade eu até queria, mas não entendia o porquê de nada me interessar na escola, nem as outras crianças me agradavam. Gostava apenas das matérias que envolviam Artes: música (principalmente), Desenho/Pintura, Teatro, a Dança (nem tanto assim); mas eram os recursos lúdicos e didáticos que me ajudavam na assimilação. Interessante que o tempo passou, e só pude descobrir o que acontecia comigo aos 26 anos de idade.

Contudo, quando a vida e minhas próprias necessidades me obrigaram a utilizar recursos que eu percebia que me auxiliavam em minha aprendizagem e desenvolvimento acadêmico, o inusitado aconteceu. A cada novo progresso e descoberta de possibilidades e maneiras outras de se ensinar e aprender, decidi tornar-me Arte Educadora, dentre inúmeras outras possibilidades profissionais que eu pudesse seguir. O porque disso acredito estar na minha vontade de ajudar tantas outras crianças e jovens brilhantes a perceberem que são seres fantásticos, interessantes e inteligentes, e que assim como todo mundo, podem também correr atrás de seus sonhos e realiza-los a seu tempo!

Nunca tive a compreensão de meus pais acerca de minhas dificuldades acadêmicas. Sempre fui trilhando o desconhecido, mais pela força de vontade em querer acertar e aprender o que eu queria aprender; essa era minha motivação: saber as coisas. Endosso também que no meu trajeto existiram pessoas maravilhosas como meus avós que me incentivaram muito, e professoras queridas como 'tia' Graça Barroso (minha primeira professora, ainda no pré-escolar) que me ajudou muito. Até hoje lembro-me dela, tão meiga e paciente, linda como um anjo; parecia uma princesa de contos de fadas com seus cabelos enormes e lisos, e seu sorriso sempre para mim acolhendo-me sem nenhuma restrição. Tia Graça era como o sol banhando de luz meus dias sombrios na escola onde eu cursei meus primeiros anos. Outra professora que me entregou o ouro para compreender a absurda Língua Portuguesa foi professora Oscarina Prado (que a essa altura, certamente leciona no outro lado da vida...), criatura sensacional! Uma vez, em sala de aula, ela me disse que eu daria uma excelente escritora, uma romancista. Entretanto eu pensava como isso poderia ser, pois a Língua Portuguesa era para mim um enorme enigma sem solução.

Profª Oscarina teve a delicadeza de me indicar uma Gramática que me abriu os horizontes, pois esta não vomitava nos alunos somente as regras gramaticais como se fosse uma maquinaria de peças auto-motivas..., era diferente: a Gramática também explicava o porquê das regras serem assim ou assado fazendo com que o aluno compreendesse de fato porque regras aparentemente sem noção existem nesta nossa Língua Portuguesa. Só compreendi de fato o idioma que eu falava aos 18 anos de idade. Guardo comigo até hoje essa Gramática, toda desenhada e rabiscada, mas a tenho como um troféu.

Na faculdade e principalmente nos meus estudos no campo artístico, outros (outras) professores(as) também tiveram uma sensibilidade extremamente refinada em me ajudar, como os queridos: Edson Fernando, Bene Martins, Saulo Silveira, Walter Bandeira, Wlad Lima, Ana Flávia Mendes e Janko Navarro, principalmente,  (as dicas e conselhos de profª Eleonora Leal). Mas TODOS meus professores de Artes contribuíram com igual valor para o que me tornei. Agradeço-lhes imensamente.

Mesmo dispensando um esforço mental e de atenção bem maior que a grande maioria, hoje em dia, e ao meu tempo de assimilação, consigo acompanhar leituras, explicações, escrever longos textos sem perder o raciocínio, ler em voz alta, não escrevo mais espelhado; mas desenho ao mesmo tempo com as duas mãos e sou ambidestra. Entretanto a Matemática, acho que já um problema endêmico... dou-me bem com a Matemática o suficiente para ter concluído minha graduação em Jornalismo. Acho que já está de bom tamanho. Meus desafios atualmente são outros.

Eu gostaria de contribuir a disseminar a compreensão dessas disfunções neurológicas que são observadas em cerca de 14% da população mundial; trazer à tona que existem alternativas para que o sujeito leve uma vida normal, tanto nos estudos quanto na sua vida profissional. Durante um período da minha vida lutei contra uma sombra que não conhecia o rosto, agora que a conheço, acho que o mínimo que posso fazer àqueles que ainda caminham no escuro é trazer um pouquinho de luz e incentivá-las de alguma forma, a acreditarem em si mesmas e realizarem seus sonhos; pois problemas todo mundo tem, agora ter gana e coragem para enfrentá-los, isso é de iniciativa de cada um.

DISLEXIA:


*Uma excelente abordagem didática que educadores e pais de alunos(as) podem ver para compreenderem melhor esse transtorno na aprendizagem, é o filme indiano ESTRELAS NA TERRA -TODA CRIANÇA É ESPECIAL.
Aqui é o trecho do filme onde o protagonista descobre que sua "diferença" não é ruim, é apenas uma questão de ter o estimulo certo para seu desenvolvimento intelectual, pois é provado cientificamente que indivíduos disléxicos (como também autistas) não são burros ou idiotas como são taxadas pela maioria das pessoas que desconhecem esses transtornos; pelo contrário, são sujeitos que possuem inteligencia acima da média. É uma questão apenas de modos de se ensinar e acionar o interesse do individuo, assim como acontece com DDA e Hiperatividade.



*abaixo o filme "Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial" na íntegra. O filme é um pouco longo, porém muito lúdico e sensível. Vale à pena conferir. Muito emocionante mesmo!




DÉFICIT DE ATENÇÃO






HIPERATIVIDADE





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