“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Nosso céu tem mais estrelas...


Diante das mobilizações espontâneas e de caráter popular que aconteceram durante quase uma semana inteira (eu acho), de forma praticamente simultânea em várias cidades do Brasil, é impossível permanecer indiferente. Confesso que não sigo com tanta frequência as redes sociais e quando as manifestações continuavam após o estopim do aumento das passagens de ônibus em SP e RJ, eu não sabia o porquê exatamente das manifestações continuarem e se alastrarem Brasil a fora. À medida que fui compreendendo, também fui contagiada com essa onda de manifestação em beneficio da Nação. Esse civismo moderno. Sinto alegria de ver a população jovem puxando os mais velhos também para às ruas, a fim de fazer valer a voz da indignação mediante tantos descasos por parte do governo em relação à corrupção, à falta de investimento na área da Saúde, Educação, Transporte Coletivo, Moradia, medidas de combate à Violência, etc... é um belo exercício de democracia por parte dessa população jovem e da população brasileira em geral. Entretanto, é preciso também exercitar a mente. Perguntas vêm à tona: por exemplo, agora que notoriamente os governos percebem a indignação e repudio popular pela corrupção e uso indevido do dinheiro publico, o quê fazer? Como fazer, e quem vai fazer? (se vão fazer...). É preciso agir com a cabeça. O quê a população organizada [e politizada] deve apresentar como medidas reais para que os governantes (parlamentares, deputados, legisladores e governadores) deverão executar? Quais são as prioridades? Quem trabalha pra quem nessa história? Os governantes devem reger a Nação em beneficio de sua população, e esta deve SEMPRE acompanhar de perto, fiscalizar, cobrar, reivindicar o que foi apresentado como proposta politica dos partidários que se encontram atualmente como os representantes do povo. Este mesmo povo que, através de seu voto, pôs aquele ou esse politico no lugar onde ele está agora para gerenciar a Nação. De quê maneira a população vai fazer a engrenagem funcionar? Pois sair às ruas para protestar é um passo, o passo seguinte é ser prático e buscar na Constituição, e na Lei dos Estados e Municípios, clausulas que apoiem às reivindicações da população que foi às ruas nesses últimos dias em todo Brasil. Ser organizado na apresentação das pautas já anexando o peso da Lei nessas reivindicações. Ser esperto, ser conhecedor das Leis e da Constituição para saber dialogar, reivindicar e negociar medidas e AÇÕES reais para beneficio da população. Fico pensando: após a Copa das Confederações, se o Brasil não cairá num caos econômico... porque, se houve investimento do dinheiro publico para a construção de estádios, reformas de avenidas, abertura de estradas, etc... por um lado ajudou na modernização do País em uma pequena escala, porem qual foi  (qual será) o impacto disso na Economia, na Educação, na Saúde, no Transporte no futuro mais próximo? Será que nos anos seguintes o Brasil não sofrerá com reajustes em impostos na Luz, na Água, no preço de serviços públicos, etc, para cobrir esses gastos atuais? Quem garante que não? É preciso que o governo seja claro, transparente neste sentido. O evento da Copa em si não é o culpado, e sim a maneira como foi (e está sendo) gerenciado o dinheiro que possibilitará com que o evento aconteça no País. Porque os parlamentares ganham tanto assim, e ainda são agraciados com gordas comissões para isso e aquilo outro? Será que é preciso esse luxo todo para eles exercerem seu trabalho: que é fazer com que a população em geral tenha boas condições de vida e para que a Nação evolua? Acho que é necessário uma comissão de cunho popular (sem partido) para ficar fiscalizando o que acontece no Senado, nas Câmaras dos Deputados, nas Assembleias Legislativas para saber de fato, se os governantes não estão enrolando... perceber se os que estão lá não são doentes... sim, porque corrupção é doença, é um transtorno, um desvio de caráter tão sério que é visto em pequena escala comparada a uma leve ocorrência de disfunção mental perversa; gente que desvia dinheiro publico para se dar bem não se importando se crianças morrem de fome, ou se pessoas morrem à porta dos hospitais públicos por falta de atendimento, é no mínimo doente. E já é comprovado e estudado pela Psicologia que corrupção é sim doença catalogada na escala de transtornos mentais leves, porém graves, pois as ações dos corruptos prejudicam outras pessoas, a tal ponto, deles nem sentirem remorsos pelos atos praticados em beneficio próprio.
É inegável que o acesso à Internet, com as Redes Sociais sendo utilizadas para formatar passeatas de maneira mais organizada e também a dissipação da sombra do medo, trauma e repressão que ficou encrustado em pelo menos três gerações após a Ditadura Militar, passou; e  por isso mesmo que as pessoas que vão às ruas hoje têm outra visão e maneira de se manifestar resgatando seus direitos enquanto cidadãos. A grande maioria quer PAZ, quer que as coisas aconteçam de maneira pacifica, honesta, organizada. E isso só será possível mesmo, se as passeatas acompanharem o raciocínio de seus manifestantes em saber seus direitos, por quem lutam, para quê lutam, como lutam, e se apoiem na Constituição Federal e nas Leis Estaduais e Municipais para validarem sua voz, percorrendo os tramites legais na hora do cara-a-cara com os governantes. Afinal, não fomos nós que os colocamos lá para nos representar? Então é hora dessa máxima acontecer. Essas manifestações de vândalos só me faz crer, cada vez mais, que se trata de gente contratada pelo governo para sabotar a manifestação popular... só que não estamos mais na época da Ditadura onde quem saí às ruas já saí com o terror no coração. São novos tempos, são novas cabeças, novos espaços na sociedade para se gritar um basta na corrupção e abandono do País! São novas formas de diálogos.

“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores”

[Canção do Exílio – trecho; dos PRIMEIROS CANTOS (1847); Gonçalves Dias]


Katiuscia de Sá
21 de junho de 2013
02:12h
*ouvindo "Another Brick In The Wall" (LIVE), de Pink Floyd

Nenhum comentário:

Postar um comentário