Uma
vez, aos 26 anos de idade, eu alcancei um Samadhi. Confesso que foi a maior experiência em toda minha
vida (até agora). Aconteceu de maneira totalmente espontânea. Foi uma sensação
de clareza total e maravilhosa de consciência pura e plena. Uma
sensação de liberdade eterna e absoluta. Anos antes eu havia experimentado algo
semelhante, porém em menor proporção, através de duas sessões de hipnose. E há
muitos anos, também já havia sofrido inúmeras vezes (na infância e juventude)
estados avançados de experiência fora do corpo físico, (à época, isso me
assustava um pouco, mas com o tempo acabei acostumando e até mesmo domesticando
o espirito para esses 'passeios' involuntários). Todas essas experiências
também me foram, de certa forma, agradável sentir, mas o Samadhi é
de natureza puramente espiritual e de caráter de evolução individual, e por
isso mesmo a sensação e experiência são mais profundas e absolutas, revelando
ao individuo varias camadas de percepção da realidade, e todas interligadas de
uma forma mágica, repleta de uma coerência nunca antes imaginada. E por
isso mesmo, espantoso. É como abrir uma caixinha cheia de combinações infinitas
de dobraduras. Quanto mais você descobre combinações, mais possibilidades se
descortinam diante de você. Impressionante!
Acredito que essa trajetória me foi permitida ‘despertar’, devido a
leituras de uns livros que meu avô mantinha secretamente em seu quarto. A uma
altura da vida dele, vôzinho se tornou maçon. E recebia seus estudos pelos
correios, com pacotes de livros e algumas idas à sede da maçonaria que ele
frequentava. E nos altos de meus dez e onze anos eu tinha uma baita curiosidade
de saber o que aqueles livros de capas com desenhos estranhos continham em seu
interior. Mas meu avô sempre dizia que não eram leituras para mim; ele me
explicava que eram proibidos devido minha idade e porque também às mulheres não
era permitido saber (eram as regras da maçonaria). Algumas leituras
introdutórias ele disponibilizava ao meu irmão, mas a mim não. Então eu
pensava: "proibido, uma ova!!!!" Eu realmente ficava indignada! E
como curiosidade de criança não se contraria com um simples não... lembro-me
que comecei um esquema minucioso de observação e investigação para descobrir
onde meu avô guardava esses livros que ele lia sempre à mesma hora pelas
manhãs. Acho que minhas acareações duraram uma semana... e após
encontrar o esconderijo do tesouro, o esquema agora seria como contrabandear os
livros para poder lê-los, sem que vôzinho desse por falta deles.
A aventura da descoberta do esconderijo não era maior do que a
adrenalina de ler escondido os livros ‘proibidos’ de meu avô. A partir daquele
momento eu percebi que conhecimento (seja de qualquer espécie) é o maior dos
tesouros. Acho que cheguei a ler uns 20% do acervo que meu avô mantinha, até
ele mudar de lugar o paradeiro dos livros; mas daí eu já estava satisfeita em
burlar as regras; pois na minha cabeça de criança àquela época, eu já
acreditava que conhecimento não é uma coisa que se deva excluir das pessoas. Eu
já achava que conhecimento deve ser ofertado de igual maneira a todos, e que
cabe a cada um escolher ou não se deseja saber e progredir; é uma
transição individual sem dúvida.
Algumas vezes lembro-me desses momentos de minha infância. Sendo a
maioria relacionada ao meu avô, e outras peripécias à minha avó. Fui muito
feliz em alguns momentos de minha infância problemática, as alegrias por eu
poder dar vasão aos impulsos sadios de curiosidade e desenvolvimento cognitivo
– próprios desse período de infância, foram todos meio que proporcionados de
forma direta e indireta pelos meus queridos avós. Sinto felicidade que eles
costuraram essas histórias que hoje iluminam meu interior. De todas as saudades
que carrego, a que sinto deles dois, é algo incomensurável!
Katiuscia de Sá
19 de junho de 2013
14:19h
maravilhoso! foi exatamente assim que me senti entrando em estado de "samadhi", não teria melhor explicação do que esse texto. Explica e relata com perfeita propriedade:
ResponderExcluirhttp://espiritualidadeconsciencia.blogspot.com.br/2010/01/o-que-e-samadhi.html