“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

terça-feira, 22 de março de 2011

SEGUNDA INFÂNCIA




Quando eu era criança eu sentia e desejava um lugar que eu não conhecia. Hoje, exatamente hoje, descobri que lugar se trata... sensações de minha vida verdadeira, que estavam a minha espera.
Minha vida: a de dentro.
A “minha” vida, apenas.
Única e intransferível.

Desde ontem tive um encontro comigo. Estou exatamente feliz! As duas partes que faltavam... as minhas infâncias se encontraram. Um silêncio-desejo dentro, e uma agitação fora. Ambas se abraçaram desde as últimas horas e ontem.

A chuva de minha cidade lava onde meus pés estão agora.
Alguns pablos passam... e o pequeno anjo que eu brincava na primeira infância sorri pra mim... e eu sorrio de volta, em lágrimas incontidas.
Felicidade intensa.
Tão intensa que transborda com lágrimas-chuva

Hoje estou verdadeiramente feliz e solitariamente acompanhada de meu Amor. Compreendo agora. Felicidade é algo tão simples. Esconde-se no cotidiano ordinário das coisas. Um varrer e arrumar de casa; no fazer do almoço; ao encontrá-lo pela manhã ao acordar; ao ver seus olhos nos meus; do cheiro do detergente...

Segunda infância. Esta mais lúcida, mais adulta, mais completamente eu. Hoje iniciou minha Vida hoje estou feliz. Descobri que sou de Outono, não da Primavera, nem do Verão, nem de Inverno... hoje estou feliz como o céu cinzento e chuvoso entranhado em mim e de Tua Presença.

Hoje sou Felicidade...
[que essa Felicidade também esteja no coração de meu irmão – único ser de meu sangue].



Katiuscia de Sá
21 de março de 2011.
Salvador/BA.

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