Ele abriu caminhos para mim.
Pisou no chão ainda em brasas.
Queimou seus dedos e seus pés
Ejaculando até os ossos.
Seus olhos ardiam ao pavor do cheiro de sua própria carne
Sustentou tantas misérias ao final dos dias,
Perdeu-se e encontrou-se nos horizontes
E no meu amanhecer,
Meus pés seguem tranqüilos nas pegadas rochosas
Sobre o gesso do sacrifício que ele me deixou.
Apenas sigo sobre a pedra aberta especialmente para mim.
Meu coração vai suspenso,
Flutua no verso de tuas mãos
Não tocas nele, ó invisível taça!
Mas bebes de meu saboroso mel e meu amor.
Minha maré incontida
Evapora para não te afogar,
Inaugurando no céu as almofadas do nosso sonhar,
Tão alva, neblina da noite.
Teus pés e pernas vencidos nas chamas do transportar,
Agora são os meus esquadrilhados
– Frio mármore imaculado.
Meus pés e pernas juntaram-se ao teu corpo de árvore
Nossos vasos floriram juntos,
E eu os rego todos os dias
Com as próprias lágrimas de meus olhos.
.
.
Katiuscia de Sá
23 de março de 2011.
Salvador/BA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário