Hoje acordei e levantei-me cedo. Iria dar minha caminhada
habitual. Levantei-me da cama e arrumei a mesma, como faço todos os dias após
levantar. Fui à cozinha, dei comida à Lucy (gata de estimação); tomei banho e
aprontei-me. Entretanto, sentia-me meio preguiçosa... não tinha dormido o
suficiente à noite anterior e por isso
mesmo estava com o corpo meio cansado.
Fui à janela frontal da casa, abri só um pouquinho a fresta;
o horizonte com o rosto bastante cinza. O dia estava tão desesperado para não levantar.
Às vezes o dia também quer amanhecer dormindo, e hoje foi assim. Carregava consigo
a “chuva do Marajó” – como meu avô explicou-me uma vez, que é aquela chuva que
vem das Ilhas e rodeia toda a cidade, para em seguida cair encurralando todos
os bairros, e fica assim respingando por várias horas um resfriadinho de água –
a “chuva de moça”, expressão do interior, como minha tia fala.
Fechei a janela e sentei-me ao sofá; fiquei pensando... na
esperança de a chuvinha desabar pra eu poder caminhar assim que o dia parasse
de chorar lá fora. Caíram as primeiras lágrimas do céu. Eram ainda tímidas... após
uns dez minutos, cessaram. O intervalo foi apenas para tomar folego. Lá fora,
os céus expressavam-se aos prantos. Logo veio o toró característico do clima
nortista. O tempo fechara-se. E eu na preguiça e derrota pela Natureza, retirei
a roupa de caminhada, substituindo-a pelo pijama quentinho. Retornei às
cobertas...
Fui sonhar com um dia ensolarado para poder caminhar por
entre as nuvens. Lembrei-me de quando eu era criança... fiquei quietinha ouvindo
a música que o pranto do céu cantava nos telhados da vizinhança. Dormi serenamente,
e certa de que hoje pela manhã não era para eu sair de casa. Acho que mais
tarde substituirei as horas destinadas à minha caminhada, pela aventura de
assar um bolo!
Katiuscia de Sá
30 de março de 2013, às 07:39h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário