“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sábado, 7 de julho de 2012

A CASA DOS DOCES (ficção)



Hoje à tardinha eu cochilei e tive um sonho engraçado...
Sonhei que eu estava numa espécie de terreno onde havia umas casas de um mesmo clã familiar, e eu estava passando por ai, e estava com um pouco de fome, então eu vi pela vidraça de uma dessas residências e constatei que se tratava de uma doceria; então eu fui lá comprar algo e as mulheres dessa família estavam cozinhando os doces, bolos e tortas... disseram que não estavam à venda.

“Mas então porque anunciavam com uma placa ‘vende-se doces’?”.

Disseram que era a fachada de uma antiga doceria, mas que no momento não vendiam doces. E aquele cheirinho maravilhoso invadia todo o quarteirão, porem ninguém podia comprar ou ter aqueles doces, sem o consentimento da pessoa para qual se destinavam todas aquelas guloseimas.

“Quem é essa pessoa? Posso pedir um doce a ele.”, argumentava.

Era o rei, elas disseram. Porém não se via esse rei em nenhum lugar. Disseram-me que eu podia procura-lo, caso o visse e pedisse, elas poderiam dar-me um pedaço de bolo de chocolate.

Fiquei um pouco animada, então fui procura-lo no jardim; no saguão das casas; em volta do chafariz defronte uma das casas; andei até o final do quarteirão tentando identificar alguém com vestes ou pose de rei, pra eu pedir um pedacinho de bolo de chocolate. Em vão.

Retornei à frente da casa das doceiras. A porta da frente estava entreaberta, então entrei. Elas não estavam mais lá. E os doces estavam espalhados pelas mesas e prateleiras. Senti aquele cheirinho maravilhoso, mas nada ali era de verdade...

“Doces de mentira?”, fiquei surpresa. “Mas então de onde vem o cheiro?” E as senhoras com aqueles rostos animados retornavam naquele exato momento varando um corredorzinho ao lado da sala onde eu estava.

Elas não me viram a li! Não me viram e eu percebi que o cheiro maravilhoso de doce era delas e não das guloseimas que elas cozinhavam. O rei também veio com elas... fiquei estupefata... o rei era..., o rei era um aroma. E este aroma tocou minha pele, ficando em mim também. E como encanto, as cozinheiras sentiram minha presença, e vieram em minha direção cada uma com um pedaço de doce ou torta para me entregarem.

O mais confortante não foi exatamente os doces, e sim o gesto delas me enxergarem e me acolherem. Agora eu fazia parte daquilo tudo. Então eu segui para o Jardim...


Katiuscia de Sá
03/07/2012
04:23 p.m.

Nenhum comentário:

Postar um comentário