“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Eternidade

*Para M.




A casa está vazia.
A janela da frente passou a madrugada inteira aberta.
Todos os móveis da sala estavam frios e solitários
A ventania da madrugada invadiu,
Correu pelos corredores,
Acariciou as cortinas atadas nos mastros.
As flores de plásticos sentiram o orvalho a se formar.
Uma artificialidade sugerida.
Ainda escuro, atravessava cômodo adentro,
O vento.
Um canto de passarinhos.
Era a manhã chegando...
Porque a noite invadiu aquela casa
Que havia esquecido a janela da frente aberta
Mas não havia ninguém,
E a liberdade se instalou.
Seguramente se instalou.
E pela manhã, ergui meus ouvidos,
Um sussurro me disse:
“sinto saudades”
E pediu-me desculpas pelo coração imaturo de menino
Naquele corpo já cansado.
Em resposta, eu nem disse:
“agora também sabes como me sinto”
E fui dormir com a janela de frente da casa aberta
E aquele frio da noite corroeu tudo.
Os móveis imóveis
Deitados na sala.
As cortinas balançando felizes pela noite aberta.
E o corredor secreto.
Mas o sol amanheceu (como sempre faz)
E uma prece se ergueu diante de nós (amor)
“é a reza do Tempo quem nos faz seguir”
Não dormi... nunca dormi.
Com os ouvidos e olhos atentos,
(sempre)
Vigio todas as Horas dos dias.
É por isso que a Poesia me abraça,
E me faz companhia.
Tu...
Tu, ó amado...
Vagueia por onde meu coração não chega.
Não sinto nada,
Nada mais.
Aquele vento da madrugada
Conservou minha ingenuidade
A criança brinca,
Esquece os tormentos,
Carrega a esperança nos braços.
Porque toda noite termina
E o sol sempre nasce por dentro.
Não espero o Tempo passar,
O Tempo é imaginário...
Está sempre...
É
Foi...
Sempre será.
Há vários amores,
Uns já foram,
Outros virão...
Como os raios do sol
Passageiros e despercebidos,
Apenas para me mostrar o caminho,
Não sei.
Mas só um tem seu nome...
Que é o nome que me abriga
(amor)

Na eternidade.


Katiuscia de Sá
27/11/2013, às 06:10h.



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