“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cotidiano

(para M.)






Fui logo pra casa.
A noite estava fria...
Lua crescente.
Vi sua penumbra sair da sala...
O brilho da tela,
Uma camisa clara.
Reconheço sua imagem mesmo no escuro,
Minha doce silhueta.
Mas você não me viu chegar.
Senti sua pequena tristeza...
Por um momento desconfiou que eu estivesse lá.
E estava.
Senti quando você foi embora.
“O filme era longo,
Eu precisava estudar...”
Haveria outras sessões.
Não fiquei triste porque você não pôde ver meu vestido.
Enfeitei-me justamente para você hoje...
Mas estava cansada.
Essa semana chegarei sempre atrasada ao Cinema...
Não que eu quisesse...
A vida segue,
E eu sigo junto.
Mas você está nela...
Você é minha vida.
Os anjos moram nas Bibliotecas.
Finalmente alcancei sua paciência e sapiência.
Você me ensinou isto.
Meus passos seguem serenamente.
Os carros passam...
O frio.
A noite está fria hoje, não quis me alongar.
Fui direto pra casa,
Cabeça cheia de palavras,
Coração pensando (como sempre).
Um poema se erguia diante de mim.
Fragmentos tranquilos.
Kowalski estava lento,
E eu com pressa...
Queria logo escrever.
A rua estava muito fria.
Eu sentia...
Você esteve comigo o dia inteiro,
Aqui no meu coração.
Por isso fiquei calma todas as Horas.
Porque eu sou morada do meu amado...
E ele sabe disso,
Os anjos moram nas Bibliotecas.


Katiuscia de Sá
06/11/2013, às 21:13h.



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