
Finalmente meu corpo mental terminou de se desenvolver, eu descerei novamente. Engraçado seria para os humanos compreenderem que uma única descida nossa é como se representasse apenas alguns minutos da vida terrena deles... por isso nessa passagem deste diário escrevo acontecimentos referentes a um “momento” de meu aprendizado no mundo terreno: etapas, de um mesma informação, ou seja, os acontecimentos aqui descritos completaram-se em muitas “vidas” que tive representadas em várias descidas, sendo estas significando para mim, apenas um momento único.
Essa é uma das partes legais de quando recobramos nossa consciência. A noção de imortalidade! Então eu já sabia disso, e nesse conhecimento eu tinha meu total controle das emoções. Controle sim, passar por todas elas, ainda não... nossa memória é extremamente seletiva. Ficam registradas apenas coisas que nos tocaram profundamente. E para algo nos tocar fundo e permanecer, deve ser Verdadeiro.
O mundo humano é aparente, esse seria o desafio para muitos de nós que aportarmos aqui para experimentarmos “emoções”. Se tudo era aparente, onde estaria a Verdade? Nosso primeiro passo nesse novo estágio: assimilar a essência das coisas e dos seres vivos.
Então eu desci primeiro desta vez. Abri caminho para outros que chegariam após uma década de meu 50º nascimento. Foi difícil, muito difícil mesmo viver numa atmosfera de mentiras e violências, engodo social. Uma profunda crosta... O mundo era cheio de cinza e a aura das coisas era bastante pesada. As pessoas eram pesadas, não sabiam se comunicar como “nós”. Eu sofri muito em uma casa onde eu não era amada por meus pais terrenos. Essa condição era para aprimorar meus sentidos de auto-sobrevivência e autocontrole, além de nutrir sentimentos como: perdão; compreensão do ódio e o que o motiva nos corações humanos; compreender a saudade; entender a importância e complexidade da solidão; compreender doenças que corrompem os humanos, tais como a inveja e a corrupção... ter a noção definitiva do que é felicidade e o que realmente vale a pena... mesmo em meio a tanta dor virtual, minha compreensão maior e riqueza de todas até hoje experimentada: a noção de Liberdade da Alma... compreendo que estou quase no ponte de ascender. O primeiro passo é consentir que sempre temos algo ainda para aprender, não importa como, não importa através de quem. Um aprendizado sutil e compreensível apenas pelos “Filhos das Estrelas”. Não estamos nessa Nave para interferir nas vidas humanas.
Tenho a perfeita consciência de todos sentimentos e sensações, sejam eles bons ou maus... tudo já está dentro de mim, eu escolho o que ter em primeiro plano. Para compreender um, deve-se ter a compreensão do outro. A escuridão e a luz moram lado a lado. Mas: quem governa quem? – é um dos exercícios...
Tudo foi difícil depois de certos nascimentos e mortes que tive, mas o ultimo nesse planeta já bastou para eu decidir o que devo fazer quando estiver em outro estágio. Minhas aptidões artísticas sempre estiveram presentes desde o momento em que eu fui criado, devo concentrar-me nisso, enfim.
Quando “acordei” numa de minhas descidas, foi um instante incrível! Não havia ninguém para explicar-me o que havia de errado comigo... mesmo assim, eu compreendia o que eu deveria fazer: silenciar meus pensamentos e apenas ouvir o que o mundo me dizia. E as palavras vinham de qualquer lugar... o difícil no inicio era eu estar aberto para elas, para compreende-las. Aos poucos todas as células iam encontrando seus destinos e todos os íons e prótons também. A conexão já estava completada. Eu decidi ser fêmea, na minha ultima descida na Terra. Meu lado masculino já está plenamente desenvolvido, com toda sua força a graça... isso aconteceu numa vida em que fui soldado numa guerra terrível... nevava bastante, havia muita gente destroçada pelo caminho, sangue sobre a neve densa; alguns ladrões e estupradores pelas estradas... mas estes eram mortos facilmente. Minha cabeça foi decepada numa emboscada. Foi a primeira vez que eu morri desse jeito. Minha garganta sofre até hoje quando estou num corpo humano...
Em completa consciência, havia algo para ser aprendido nesse planeta em minha ultima estadia. É tão maravilho e indescritível, compreender que todas as dores e sofrimento físico e mental foram necessários para saber que estou viva, não nesse planeta, nem neste corpo terreno... conhecer todos a minha volta, conhecer uma árvore, um animal, uma planta, o vento, a chuva... tudo somos nós. Uma música tão silenciosa e densa que vive dentro de nós, esse canal nos comunica com aqueles que estão em outras Naves. Podemos estar em várias Naves ao mesmo tempo, se assim o desejarmos. É maravilhosa essa Liberdade.
Depois de inúmeras experiências pensei não haver alguém compatível com minha comunicação, pensei que meus dias seriam brancos, pensei estar sozinha novamente com era de costume em inúmeras descidas, pensei tanta coisa... e de repente, encontrei outros de mim aqui e agora.
Após tanta angústia e sofrimento nesta Nave, o sol voltou a brilhar como no inicio das Eras. Meu ultimo aprendizado aqui aconteceu de forma frenética; para um mortal, quase à velocidade da luz. Meu corpo modificou-se num piscar de olhos. Mal acabava de nascer e já era adulta. As sensações, lições e acontecimentos eram sendo despejados sobre mim e assimilados de forma avassaladora e interminável. Muitas vezes não tinha tempo de “PENSAR”, apenas tinha tempo de decidir algo guiada pela emoção... nesta Nave chamam isso de “emoção”, na verdade conhecemos o significado dessa palavra terrena como uma espécie de “corrente elétrica” que move nossas vontades sem interferência exterior alguma. Um estágio sofisticado e perigoso nesse mundo ainda denso. Mas temos que desenvolvê-lo. Por isso a importância de detectarmos e assimilarmos realmente a Verdade das coisas... uma comunicação tão sofisticada e perigosa para nossa própria evolução... seu desenvolvimento sem a devida cautela pode deixar seqüelas àqueles de nós que ainda não conhecem TODAS as emoções provenientes do mundo humano. Para tal conhecimento nossas células cerebrais devem estar deveras desenvolvidas para lidar com um numero exagerado de tensões elétricas... alguns enlouquecem, e retornam para suas Naves de origem com distúrbios a serem curados por muito tempo antes de descerem novamente. É um período critico de nosso desenvolvimento, mas como sempre, inevitável. Todos temos que passar por isso. Passar e ultrapassar.
Como num “videogame”, temos várias chances, mas enquanto não decifrarmos os enigmas referentes a cada estágio, não passamos para as fases seguintes. Quando entendi isso, encarei meus nascimentos aqui como uma brincadeira séria, uma distração consciente.
Passada a fase negra de meu último nascimento, meu derradeiro aprendizado: colocar em prática toda Magia aprendida até o dia em que nasci nesta Nave pela última vez...
(continua...)
Katiuscia de Sá
Belém/PA, Dezembro de 2010.
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O DIÁRIO DE MAGAHLLI - parte 01:
http://hellenkatiuscia.blogspot.com/2010/11/o-diario-de-magahlli-01.html
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