As torradas queimavam-se sobre as paredes, e suas mãos continuavam a segurar firme o parafuso. Ao menor sinal, tudo se despencava. Tantas palavras ao mesmo tempo para não se dizer nada.
Mais aglutinações! Dessa vez ao carpete. Muitos móveis revoltados e algumas cortinas quebradas sobre vidros amassados. A gaiola se soltara e um pássaro chorava áquela perda.
Mais ao interior, pela feiúra vista aos corredores, sabia-se que nos aposentos ninguém se encontrava. Estavam fora todos? Ou apenas reduzidos aos papéis de parede? Um cabide vazio pensava onde estaria seu casaco há pouco ali depositado. Nem a maçaneta da porta saberia responder a indagação.
As janelas trancaram-se para as torradas queimadas não saírem. E nesse mesmo instante um vestido soltou-se do varal e os dedos em pé tilintavam e bailavam... Era a felicidade indizível que descontrolava as coisas. Felicidade que estava por vir, tão incrível que mesmo os tecidos jovens ao agüentariam de tantas lavagens.
E as geléias que procuravam pelas torradas ainda queimadas! Indo todas alimentar o sorriso comilão de Sebastian, que seria a alegria daquela casa.
Katiuscia de Sá
25 de junho de 2010
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