“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A ARTE DE AMAR


A arte de amar requer simplicidade, aceitação e harmonia entre os parceiros, configurando o ato sexual em algo sagrado sem se desfazer ou envergonhar-se de conseguir o total prazer físico e psíquico. O êxtase absoluto pode ser visto como uma sublimação divina, fazendo com que a troca de energias entre o casal se aproxime ao Infinito.

O Tantra é uma filosofia comportamental cujas escrituras são fundamentadas na tradição oral do povo drávida, que habitou a região onde hoje é a Índia, há cerca de cinco mil anos. A prática tântrica no amor objetiva explorar ao máximo os sentidos e não os reprimr. Essa filosofia comportamental tem como base três princípios: o matriarcado, o sensorialismo e a desrepressão.
Para que ocorra o êxtase geral, primeiramente a emoção suave e delicada do amor deve invadir o coração do casal enamorado; isso é de suma importância na experiência tântrica. Esse aspecto já produz psiquicamente o êxtase alquímico que pode ou não ser seguido pelo êxtase físico.

O êxtase alquímico pode ocorrer com o simples pensamento no parceiro independentemente de se encontrarem ao lado um do outro. Essa afinidade amorosa em si já é uma benção para qualquer ser humano e é a chave principal para a prática do “maithuna” (dança) dentro da filosofia tântrica. O exercício do “maithuna” traz mais potencialidade sexual, equilibrando as energias que antes seriam gastas com o orgasmo, deixando os parceiros livres com mais disposição e criatividade.
Para os hindus essa energia sexual é uma ferramenta para o desenvolvimento humano. A arte do amor tântrico proporciona ao homem e à mulher o retorno à inocência original, eliminando tabus, repressões e medos, contribuindo para florescer o mais puro dos sentimentos: o Amor em seu êxtase de sublimação espiritual.
A mulher é sagrada na filosofia tântrica. Figurativamente ela se transforma na deusa “Shakti” - o coração do Tantra (ela é identificada como a Grande Mãe ou Mãe Divina criadora de todas as formas de vida: mental, amorosa e biológica do planeta); e o homem, no deus Shiva.

No ato sexual a energia dos consortes deve misturar-se à energia do universo. Com a prática tântrica a potência proveniente do coito desprende-se dos órgãos sexuais percorrendo todo o corpo, inundando cada célula de ambos participantes, contribuindo para despertar a serpente Kundalini.

A energia Kundalini, segundo os hindus, dorme sobre a base da coluna vertebral. Trata-se da energia criativa concentrada no alicerce de nossa consciência. Quando a Kundalini invade nosso ser estamos vivendo plenamente nosso potencial. Por isso o sexo tântrico é sagrado, uma meditação a dois, galgada no Amor Puro e absoluto entre o casal, que os leva atingir a plenitude através de experiências sensoriais sem limites...



Katiuscia DeSá
20 de agosto de 2005
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*foto: albano soares



*Referências e mais informações:






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