“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

domingo, 29 de janeiro de 2012

MONASTÉRIO - II


Incompletude, saudade, solidão, evaporação, transformação, destilação, vontade de chorar...os pedaços do mosaico todos espalhados por aí. Saudade cativa de algo inexplicável! O todo que sempre se evita reunir, porque é impossível separar-se da Vida Mambembe... isso é demais pra meu coração tão seco. Meu coração tão seco e pequenino, os afetos espalhados em cada canto do mundo... é preciso dopar-se para viver num mundo de encontros e desencontros... Isso é demais pra meu coração tão seco. Meu raio de ação não chega de tanta saudade. Eu não sinto, eu vivo. Eu não amo, esqueço!

Será que um dia isso tudo passará ou aumentará até o ponto de eu explodir e desaparecer? Meu coração é tão seco e pequenino...que Ofício é esse que nos desespera de tanta alegria e de tanta saudade e memória? Não sei se serei forte assim para carregar tamanha responsabilidade. Meu Deus, me ajude a ser fiel a esse dom maravilhoso que me deste: Teatro.

Ebulição constante... a matéria não cessa dessa transformação monstruosa que rasga tudo por dentro e nem se sabe ao certo do que tratar-se... meu Deus, me ajude a ser fiel a esse dom maravilhoso que me deste: Teatro.

Sinto-me um mar onde ondas vão, onde ondas vêm. Enlouqueço de tamanhos sentimentos que não sei onde estão. Acalmo e tranquilizo-me como se não estivesse em mim... meu Deus, me ajude a ser fiel a esse dom maravilhoso que me deste: Teatro.


Katiuscia de Sá
29 de fevereiro de 2012.

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