“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O VERBO (fragmento)

Eis o que “Benício” escreveu para “Marieta”:


Aquele foi o primeiro instante...
Dos lábios tortuosos – o sagrado
Meus ouvidos badalavam e repetiam em sinos:
“Amor”...
“Amor”...
“Amor”...
Uns olhos discretos e leitosos
Riem palidamente para os teus
A esconder penumbras de um futuro a nossa frente.
Apaguei meus dias passados pela única lembrança
Que abraço desde então:
- Tua face com aqueles negros olhos...

Anjinhos sussurram teu nome ao vento
Uma cortina de seda beija meus versos soltos
Rasgando toda solidão aquém de mim.
Tua presença inunda meus dias de Luz
- Um sol que abriu no meu peito!

Na vazante das marés
Meu coração – lodo impregnado,
Chora nos dias ímpares.
Não vejo o rosto teu!
Oval pérola de pomba branca no ninho...

Das ribanceiras das casas
Imagino tua formosura em fim de tardes
a queimar os últimos raios solares.
Ó brisa do céu,
O crepúsculo apodera-se de meu coração!
Aos domingos,
Sobram esperanças de segundas-feiras...

Enquanto crianças de asas
Depositam aos teus pés
Minhas lágrimas de suplicas
Ó desejo em vozes inauditas
Minha flor puríssima
Rainha Vitória e Régia
Ouça minha voz dizendo-te:
- Eu te amo...

Ao despertar, aurora de meus versos
Hoje,
O lindo dia de minha anunciação:
Brado aos pássaros e ao relógio das Horas,
Que na delirante manhã de nossas vidas,
Finalmente hei de dizer-lhe
Ó minha doce virgem,
Aos sons dos sinos
Aos sons dos cânticos...
- Eu te amo.



Katiuscia de Sá
21 de novembro de 2011

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