“o poeta é com efeito coisa leve, santa e alada; só é capaz de criar quando se transforma num indivíduo que a divindade habita e que, perdendo a cabeça, fica inteiramente fora de si mesmo. Sem que essa possessão se produza, nenhum ser humano será capaz de criar ou vaticinar.” [Platão]

domingo, 15 de dezembro de 2013

UM SOL DESGOVERNADO



Quem foi tolo o suficiente para deixar-se carregar pelo vento?
Foi aquele, que por tortura do Tempo,
Ergueu os olhos para o Além
E de seu corpo fez transporte de poesias:
Escreveu em sua própria pele
Estava nela toda sua existência.
Passados mil anos e não mais que isso...
Decidiu ler todas as paginas.
Arrancou pele sobre pele, para ler o final da estória
Queria ele conhecer o segredo da vida.
Quando na última página chegou,
Estava mais do que nu,
Brilhava feito um sol desgovernado
Resplandecente e selvagem como no inicio do dia
Escondida, lá uma pergunta havia:
Quem foi tolo o suficiente para deixar-se carregar pelo vento?
Aquele página rasgada deixava escapar umas letras
– Feridas abertas que não cicatrizavam
E delas saiam suas raízes a se alastrarem pelo mundo
E estas, felizes, subiam em direção aos céus.
Não sabiam ser pessoas, lembranças, ou desejos
Sabiam sim, ser o que eram.
Queriam elas conhecer o segredo da vida.
Então de seu corpo fez transporte para as coisas:
E numa bela noite solitária
Encontrou outra estória entrelaçada
Escrita sobre a pele de alguém,
Alguém que também sabia quem era,
Que tinha suas páginas rasgadas
Pois escrevera em sua própria pele
Passados mil anos e não mais que isso,
Fez de seu corpo transporte de poesias.
Queria conhecer o segredo da vida.
E quando na última página chegou,
Estava mais do que nua,
Brilhava feito um sol desgovernado
Resplandecente e selvagem como no inicio do dia.


Katiuscia de Sá
12 de Dezembro de 2013, às 10:59h.




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